+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Justiça concede liminar e mantém Arayara no Conselho de Meio Ambiente de Macaé

Organização entende que há tentativa de impedir o trabalho de ambientalistas, que defendem melhorias nas políticas públicas de proteção ao meio ambiente e o cumprimento da legislação estadual para o licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente poluidores

O Juízo da 3.ª Vara Cível de Macaé reconheceu a legitimidade do processo que elegeu um representante do Instituto Arayara para o Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Commads) e concedeu liminar em favor da organização em uma ação judicial proposta contra o município. A decisão foi publicada na última semana e, na prática, suspende os atos do Commads desde o dia 15 de agosto, quando houve a reunião em que foi deliberada, pelo presidente do conselho, a anulação da eleição dos membros para o biênio 2022-2024, realizada em 25 de abril deste ano.

“[…] conforme demonstrado, em reunião pretérita, ocorrida em 25/04/2022, a autora foi  regularmente eleita, obedecendo aos ditames do Edital, sendo certo que o parecer emanado da Procuradoria Geral do Município apenas sugeriu nova deliberação sob a égide do Decreto Municipal nº 121/2022, sem, contudo, aparentemente, demonstrar prejuízo aos envolvidos”, relatou o juiz titular da 3ª Vara Cível de Macaé, Sandro de Araújo Lontra, no despacho em que deferiu parcialmente a liminar.

Por ampla maioria de votos, o representante da Arayara, biólogo Thiers Wilberger, foi eleito não apenas para integrar o Commads, mas também para ocupar a vice-presidência do conselho. “Foram oito votos favoráveis, inclusive de conselheiros que representam o município, por meio das secretarias de meio ambiente, saúde e turismo. Isso demonstra que as pessoas confiam no meu trabalho como técnico”, destacou o ambientalista, que é natural de Macaé e tem uma atuação consolidada em causas socioambientais no município.

O advogado da Arayara, Luiz Ormay Júnior, explicou que, com a liminar, as atividades do conselho ficam temporariamente suspensas até nova deliberação do Juízo. “A única forma que o município tem para resolver isso é honrar o que foi decidido pelo próprio conselho, quando elegeu o representante da Arayara, e oficializar essa nomeação por meio de decreto do prefeito”, acrescentou.

Ormay Jr. lembra que a tentativa de anular a eleição, que se deu de forma legal e democrática, partiu da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Macaé. A entidade solicitou a anulação da eleição e dos atos do Commads posteriores, alegando irregularidades no ato administrativo de nomeação.

Em defesa do meio ambiente e das pessoas

A Arayara, como membro do Commads, vem defendendo iniciativas que dizem respeito à proteção do rio Macaé e de áreas de preservação permanente, como as restingas, que já são impactadas pela indústria, e terão sua condição de degradação agravada, caso se confirme a expansão de usinas termelétricas e do novo polo industrial.

“Em outra frente, a organização vem trabalhando na capacitação e sensibilização da sociedade civil e atuando no sentido de exigir a realização de uma avaliação ambiental estratégica, conforme prevê a legislação estadual, para licenciar a instalação de mais de um empreendimento de significativo impacto ambiental em uma mesma bacia hidrográfica, como é o caso das 11 termelétricas previstas para o município”, enfatizou o coordenador de Advocacy da Arayara, Ivens do Amaral Drumond, que também tem suas raízes em Macaé e presidiu a primeira ONG de defesa ambiental da região, a Associação Macaense de Defesa Ambiental – AMDA.

Segundo Drumond, a Arayara quer assegurar que novos licenciamentos só sejam concedidos após a atualização do Plano de Bacias Hidrográficas e do estudo de disponibilidade hídrica do município, além da avaliação sinérgica do impacto da poluição atmosférica, que já está no limite de saturação, segundo o próprio órgão ambiental estadual. 

“Temos um observado um movimento, pautado em interesses puramente econômicos, para tentar barrar o trabalho de ambientalistas que, embasados em critérios técnico-científicos,  apontam caminhos para que o desenvolvimento de Macaé se dê de forma sustentável e com total respeito à população”, destacou Nicole de Oliveira, diretora executiva da Arayara. “Vamos continuar trabalhando para defender  o patrimônio natural de Macaé e esperamos ter o apoio de toda a comunidade macaense nessa jornada”, conclui.

Foto: Ana Chaffin/Prefeitura de Macaé

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

1 Comentário

  1. Otávio Alexandre O.P.Sardinha

    Temos q ter sempre o olhar para preservaçao dos rios,toda visão contraria a não preservaçao das águas,restingas ,meio ambiente nos leva na direçao contrária daquilo.q realmente precisamos ,que são a preservaçao e qualidade dos recursos.naturais,para termos uma melhor qualidade de vida.Queremos nossas águas ,restingas preservadas.Fora Termoelétricas.

    Responder

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

REDESCA avalia os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul

O Instituto Internacional Arayara participou de forma ativa das reuniões com Javier Palummo, Relator Especial da Relatoria sobre Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (REDESCA) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), e sua delegação. Realizados entre os dias 2 e 6 de dezembro, os encontros tiveram como objetivo avaliar a situação dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais (DESCA)

Leia Mais »

PEC das Praias: sociedade civil e organizações socioambientais relatam “repressão”

Grupo formado por manifestantes, representantes de organizações em defesa do meio ambiente e de pescadores diz que foi proibido de estar na CCJ e de expor cartazes nos corredores do Senado Sociedade civil e representantes de organizações socioambientais foram nesta quarta-feira (4/12) ao Congresso Nacional para manifestação contra a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 3 de 2022, conhecida

Leia Mais »

PL das Eólicas Offshore com ‘jabutis’ para subsidiar carvão tem votação adiada no Senado

A votação do Projeto de Lei 576/2021, que estabelece o marco regulatório da geração de energia eólica offshore, foi adiada novamente na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado Federal. O texto, relatado pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), enfrenta forte resistência de senadores da base do governo, especialmente por conta dos artigos que fornecem subsídios aos geradores fósseis de

Leia Mais »

Litigância climática no Brasil é tema de webinário do JUMA e BIICL

O Instituto Internacional ARAYARA teve uma participação de destaque no webinário “Perspectivas para a Litigância Climática Corporativa no Brasil”, realizado no dia 29 de novembro. O evento, promovido pelo Grupo de Pesquisa Direito, Ambiente e Justiça no Antropoceno (JUMA), em parceria com o British Institute of International and Comparative Law (BIICL), discutiu o papel crucial da litigância climática no enfrentamento

Leia Mais »