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Procissão em Urussanga lembra explosão criminosa que matou 31 mineiros

Procissão em Urussanga lembra explosão criminosa que matou 31 mineiros

Crime tem mais de 37 anos e legado na região é de contaminação contínua do meio ambiente e da população local

Uma procissão em homenagem às vítimas da mineração do carvão em Urussanga (SC) foi realizada no sábado (20), durante os atos de devoção à Nossa Senhora da Saúde e de memória aos 31 mineiros que morreram na mina Santana em 1984, após criminosa explosão derivada do descaso com a saúde e a segurança dos trabalhadores.

Representando as viúvas, mulheres da comunidade usaram véu, seguraram uma vela e uma rosa branca. Foi um momento de grande emoção para a comunidade, que vive até hoje com as consequências deixadas não apenas por essa mina que explodiu em 1984 (e que até hoje contamina a água da região), mas também de várias bocas de minas abandonadas e grandes áreas de rejeitos a céu aberto que causam uma contaminação generalizada do meio ambiente.

O Instituto Internacional Arayara avalia que aconteceu um avanço na mobilização comunitária para a Marcha das Vítimas do Carvão, das Viúvas e, especialmente, no Programa Fé, Paz  que a ARAYARA e CNBB fazem juntas há 9 anos na COESUS Coalizão Não FRACKING Brasil.

Este trabalho agora avançamos para 41 paróquias e três dioceses em Santa Catarina e 18 paróquias e duas dioceses no Rio Grad e do Sul.  Como ambiente de diálogo e mobilizações sociais para a Transição Justa.

O crime da explosão que matou 31 mineiros há 37 anos

Segundo o site Jonalsmo e História, “em 10 de setembro de 1984, uma tragédia impactou os trabalhadores da mineração catarinense. A explosão na mina Plano 2, localizada no distrito de Santana, em Urussanga (Santa Catarina), causou a morte de 31 mineiros”.

Foto do jornal O Estado, publicada em 11 de setembro de 1984, e republicada no livro A explosão da Mina Santana: uma tragédia anunciada 

Baixe o relatório O LEGADO TÓXICO DA ENGIE DIAMANTE FRAM CAPITAL NO BRASIL em coalwatch.org

#Arayara #EmDefesadaVida #obsdocarvão #coalwatch @acricassociacao @radiomarconi #fépazeclima #transiçãojusta #carvãoaquinão #ToxicEngie

25 de julho, Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra

25 de julho, Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra

A data marca um importante momento de ascensão do movimento de mulheres negras no Brasil

“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados, aponta o Geledes, uma das mais importantes organizações do movimento de mulheres negras no Brasil. O Geledes recorda que “egundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou doença”.

A liderança de Tereza de Benguela se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros.

“Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo”
(Anal de Vila Bela do ano de 1770)
Após ser capturada em 1770, o documento afirma: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem”. Alguns quilombolas conseguiram fugir ao ataque e o reconstruíram – mesmo assim, em 1777 foi novamente atacado pelo exército, sendo finalmente extinto em 1795.

O Dia Nacional de Tereza de Benguela serve de motivação para debater e atuar na defesa de políticas públicas que promova, recuperem e defendam as mulheres negras no Brasil infelizmente marcado por um ilegítimo governo misógino, racista e facista. A seguir, a enfermeira Juliana Mittelbach, coordenadora da Rede de Mulheres do Paraná, faz uma importante reflexão sobre este momento histórico.


A entrevista na íntegra está aqui.

Carta aberta para o estabelecimento de um novo Relator Especial da ONU sobre Direitos Humanos e Mudanças Climáticas

Carta aberta para o estabelecimento de um novo Relator Especial da ONU sobre Direitos Humanos e Mudanças Climáticas

Foto: Reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU |

Uma carta publicada pela Federação Internacional de Direitos Humanos – assinada pela Fundação Arayara Brasil e Fundação Arayara Uruguai, junto à Coalizão Não Fracking Brasil e Fé, Paz e Clima, além de centenas de organizações pelo mundo – demanda urgência ao tratar das mudanças climáticas e seus impactos cada vez mais graves para a sociedade e o planeta.

A carta pede, ainda, que seja definido um novo Relator Especial sobre Direitos Humanos e Mudanças Climáticas na ONU.

Leia, abaixo, a tradução:

Como a 47ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (CDH) está ocorrendo de 21 de junho a 15 de julho de 2021, a sociedade civil abaixo assinada e as organizações de Povos Indígenas apelam aos Estados membros da ONU, através do CDH, para estabelecer nesta sessão um novo Relator Especial sobre Direitos Humanos e Mudanças Climáticas na ONU.

As mudanças climáticas são uma ameaça existencial para a humanidade, colocando em risco a realização de todos os direitos humanos para as gerações presentes e futuras. À medida que os impactos da crise climática se agravam e agravam as formas de discriminação contra diversos povos, indivíduos e grupos em nossas sociedades, a ação não pode mais ser adiada no CDH e medidas urgentes de proteção às pessoas e ao planeta devem ser adotadas. A questão das mudanças climáticas não pode ser deixada apenas para diálogos interativos interessantes ou para os diferentes procedimentos especiais existentes para abordá-la quando possível, mesmo que suas várias contribuições tenham sido notáveis.

A criação de um mandato dedicado de Relator Especial com foco nos desafios da mudança climática é uma solicitação de longa data de um número crescente de organizações da sociedade civil e de Povos Indígenas, visto que um mandato dedicado permitiria ao CDH elevar seu trabalho sobre as mudanças climáticas de forma sistemática e sustentável, proteger as pessoas das mudanças climáticas descontroladas e seus impactos inevitáveis ​​e promover o respeito pelos direitos humanos nas respostas climáticas. Simplificando, as mudanças climáticas devem ser uma prioridade mais alta no CDH.

Em 2019, as Ilhas Marshall, em nome do Fórum Vulnerável ao Clima (CVF), solicitaram a criação de um Relator Especial do CDH dedicado aos direitos humanos e mudanças climáticas na 25ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Nos últimos dois anos, essa proposta ganhou força entre os Estados. Durante a 46ª sessão do HRC em março de 2021, em um movimento sem precedentes, um grupo interregional de 56 Estados juntou-se a Bangladesh em uma declaração que conclamava os membros do Conselho a considerarem a criação deste novo mandato.

Agora é hora de agir com base nessas declarações. Nós, abaixo assinados, reiteramos assim nosso apelo instando os Estados a estabelecer um novo Relator Especial sobre direitos humanos e mudança climática na 47ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.

A carta original, em inglês, pode ser lida abaixo e aqui.

UN: Open letter for the Establishment of a new UN Special Rapporteur on Human Rights and Climate Change

As the 47th session of the UN Human Rights Council (HRC) is taking place from 21 June to 15 July, 2021, the undersigned civil society and Indigenous Peoples organizations call on the UN member States through the HRC to establish at this session a new UN Special Rapporteur on human rights and climate change.

Climate change is an existential threat for humanity, jeopardizing the realization of all human rights for present and future generations. As the impacts of the climate crisis worsen and aggravate intersecting forms of discrimination against various peoples, individuals and groups in our societies, action can no longer be postponed at the HRC and urgent measures to protect people and the planet must be adopted. The issue of climate change cannot only be left any more to interesting interactive dialogues or to the existing different Special Procedures to address it when they can, even if their various contributions have been remarkable.

The creation of such a dedicated Special Rapporteur mandate focusing on the challenges of climate change is a longstanding request by a growing number of civil society organizations and of Indigenous Peoples, given that a dedicated mandate would enable the HRC to elevate its work on climate change in a systematic and sustainable way, protect people from runaway climate change and its unavoidable impacts, and promote respect for human rights in climate responses. Simply put, climate change must be a higher priority at the HRC.

In 2019, the Marshall Islands, on behalf of the Climate Vulnerable Forum (CVF), called for the creation of a dedicated HRC Special Rapporteur on human rights and climate change at the 25th Conference of the Parties to the UN Framework Convention on Climate Change. In the past two years, this proposal has gained momentum amongst States. During the 46th session of the HRC in March 2021, in an unprecedented move, a cross-regional group of 56 States joined Bangladesh in a statement that called upon Council members to consider creating this new mandate.

It is now time to act on these statements. We, the undersigned, thus reiterate our call urging States to establish a new Special Rapporteur on human rights and climate change at the 47th session of the Human Rights Council.