+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

UTE Brasília: comunidade reage à falta de transparência sobre termelétrica em seminários no DF

O Instituto Internacional ARAYARA intensificou, nos últimos dias, sua mobilização contra a instalação da Usina Termelétrica Brasília (UTE Brasília), participando de uma série de eventos e encontros comunitários no Distrito Federal que evidenciaram o desconhecimento da população sobre o empreendimento e seus potenciais impactos socioambientais.

No dia 31 de maio, durante o seminário “Debatendo as Cidades”, promovido pelo gabinete do deputado distrital Max Maciel, no Sol Nascente, a mobilizadora da ARAYARA, Larissa Cordeiro, alertou para a falta de informação da comunidade sobre o projeto da termelétrica. Segundo ela, a ausência de comunicação eficiente sobre o empreendimento revela a fragilidade dos mecanismos de transparência e participação pública.

Larissa Cordeiro, mobilizadora da ARAYARA, fala sobre os impactos da UTE Brasília para a comunidade do Sol Nascente.

Durante o evento, foi reforçada a importância da presença da população na audiência pública marcada para 17 de junho, às 19h, no Complexo Cultural de Samambaia. Também foi destacada uma contradição evidente: enquanto a ADASA havia concedido outorga hídrica para a UTE Brasília, a Floresta da Nazaré, referência em agroecologia urbana há mais de 15 anos, enfrenta dificuldades para obter autorização de uso da água para irrigação por cisterna — comprometendo a produção de hortaliças que alimentam famílias em situação de insegurança alimentar.

Xô Termelétrica

Já no dia 5 de junho, Larissa participou do seminário Justiça Climática e Saúde nas Periferias, promovido pelo Ministério da Saúde, Fiocruz e Secretaria-Geral da Presidência. Em ato silencioso, ela exibiu a bandeira com os dizeres “Tem cheiro de gás”, chamando atenção para os riscos à saúde que a usina traria à população do DF.

Apesar de abordar temas como racismo ambiental e vulnerabilidade climática, o seminário não mencionou a instalação da usina, o que motivou a intervenção da ARAYARA. “Como um evento dessa magnitude não discute uma termelétrica que pode afetar diretamente a saúde de milhares na capital do país?”, questionou a mobilizadora.

Impactos ambientais e na saúde 

De acordo com estudos da ARAYARA, o Relatório de Impacto Ambiental da usina termelétrica em Brasília, elaborado pela empresa Ambientare, identificou 26 impactos, sendo 22 negativos e apenas 4 positivos. Entre os principais danos estão alterações na qualidade do ar, ruídos, poluição da água e riscos à fauna e à saúde da população. O engenheiro John Wurdig, do Instituto Internacional ARAYARA, alerta que o DF já sofre com doenças respiratórias durante a seca, e a termelétrica agravaria o quadro. O relatório também aponta interferências diretas em áreas como Ceilândia e Sol Nascente.

No último domingo (8), a ARAYARA se reuniu com o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD), em uma roda de conversa sobre os impactos da UTE Brasília. A discussão ocorreu na horta comunitária da QR 127 de Samambaia Norte, localizada próxima ao aterro sanitário de Brasília e uma das áreas que será diretamente impactada caso a usina seja instalada.

O MTD, que promove segurança alimentar por meio da agricultura urbana, relatou preocupação com o agravamento das condições ambientais e sociais na região, que já carece de infraestrutura básica, como unidades de saúde, escolas e espaços de lazer. Com a chegada da termelétrica, teme-se o aumento de doenças respiratórias — já intensificadas no período seco do DF — sem o devido suporte da rede pública de saúde, que enfrenta déficit de cobertura e colapso nos serviços essenciais.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Por que gás natural não é alternativa sustentável

Petrobras celebra importação de gás natural da Argentina como de menor impacto ambiental. Porém, combustível fóssil polui mais do que dióxido de carbono e uso do fracking para extração causa danos socioambientais.A Petrobras comemorou no início de outubro a primeira importação de gás natural da Argentina como um compromisso com o “desenvolvimento sustentável”. No entanto, o uso deste tipo de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: E o carvão? Brasil quer liderar na COP30, mas não avança em planos de transição e segue subsidiando térmicas

País gasta mais de R$ 1 bi por ano com térmicas no Sul, e planos de transição energética justa para os trabalhadores ainda engatinham, indicando que pagamento de incentivo pode se estender. A energia do carvão é a mais poluente. Com uma matriz elétrica bem mais limpa do que a média mundial e um sistema interligado, que permite transferir energia

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Por que gás natural não é alternativa sustentável

Petrobras celebra importação de gás natural da Argentina como de menor impacto ambiental. Porém, combustível fóssil polui mais do que dióxido de carbono e uso do fracking para extração causa danos socioambientais.A Petrobras comemorou no início de outubro a primeira importação de gás natural da Argentina como um compromisso com o “desenvolvimento sustentável”. No entanto, o uso deste tipo de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brazil – Petition filed to suspend or cancel the offering of several oil and gas exploration blocks, alleging violations of Indigenous consultation rights

Brazil: Petition filed to suspend or cancel the offering of several oil and gas exploration blocks, alleging violations of Indigenous consultation rights In May 2025, the Arayara International Institute of Education and Culture filed a Public Civil Action (ACP) against the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) due to the inclusion of Blocks PRC-T-54, PRC-T-100, PRC-T-101, PRC-T-117,

Leia Mais »