A ANP autorizou a Perenco Óleo e Gás a retomar a operação do Polo Pargo, localizado na Bacia de Campos. Segundo a ANP, a permissão foi dada depois de análise que constatou o atendimento de condicionantes de segurança operacional. O Polo Pargo compreende os campos de Pargo Carapeba e Vermelho, adquiridos pela Perenco em 2019.
Segundo a Marinha do Brasil, as plataformas Vermelho 1 (PVM-1) e Vermelho 2 (PVM-2) foram retiradas de operação em novembro do ano passado. Mas nem a ANP, nem a Perenco informaram as razões da desativação temporária das atividades. A falta de informações claras sobre o corrido desperta medo em função riscos que a exploração do petróleo e gás geram.
O portal PetróleoHoje apurou que a suspensão aconteceu após a operações de fiscalização terem constatado não-conformidades nos equipamentos.
Segundo o portal, ainda, uma fonte de um órgão de governo revelou que, inicialmente, o plano era estabelecer um cronograma da transição dos ativos, com metas a serem atingidas. “A interdição foi desnecessária. Se for assim, as transições de operações do plano de desinvestimentos da Petrobras serão desastrosas”, alertou.
Mar Sem Petróleo
Em agosto de 2019, o Instituto Arayara e a 350.org iniciaram uma forte campanha (#MarSemPetróleo) após o maior vazamento de óleo da costa brasileira iniciar.
Arayara e 350.org defendem o fim da exploração dos combustíveis fósseis (carvão mineral, o petróleo e o gás natural) e o início imediato da transição energética. Eles tem apontado para a sociedade, em todos os leilões realizados pela ANP, os riscos da exploração do petróleo e pedem o fim dos leilões.
Os combustíveis fósseis estão entre os principais responsáveis pelas mudanças climáticas em função da emissão de dióxido de carbono.
O diretor do Instituto Arayara, Juliano Bueno, questiona: “Quem garante a segurança desta operação? Quais são os reais riscos de vazamento? Existe algum plano de contingência para eventual acidente? A Perenco possui recursos para um eventual acidente ambiental? Quem é responsável pelas vidas humanas e não-humanas que são impactadas pela ação da empresa?”. Segundo Bueno, os recorrentes acidentes envolvendo combustíveis fósseis no Brasil expõem a incapacidade governamental e das empresas envolvidas em ações de contigenciamento. “No vazamento que iniciou em agosto de 2019 vimos o caos. Estamos em 2020 e sequer sabemos a origem do vazamento. Milhares de pessoas seguem sem poder se sustentar porque seu ganha pão foi comprometido pela ação exploratória do petróleo. O homem sabe dos riscos e ainda assim insiste em explorar óleo. Quem paga essa conta?”, questiona.
Foto: Marcelo Sayão/EFE/VEJA