+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Revogação de outorgas de térmicas flutuantes no Rio de Janeiro aumenta expectativa de ONGs quanto ao encerramento definitivo da operação

Empreendimento é alvo de ações judiciais e administrativas com participação do Instituto Internacional ARAYARA e do Observatório do Petróleo e Gás (OPG), por conta dos impactos socioambientais na Baía de Sepetiba, não apresentação de EIA-RIMA e descumprimento das regras do edital de licitação

 

A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de restabelecer a revogação das outorgas de autorização para a implantação e operação do complexo de usinas térmicas flutuantes da Karpowership Brasil Energia, na Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro, renovou as expectativas de organizações da sociedade civil quanto a possibilidade do empreendimento se tornar inviável e encerrar definitivamente sua operação, classificada como de alto impacto.

Desde o lançamento do edital para contratação emergencial dessas térmicas, em outubro de 2021, o Instituto Internacional ARAYARA, membro da Coalizão Energia Limpa e do Observatório do Clima, bem como a CONFREM, Instituto Boto Cinza e diversos doutores da comunidade científica, vinham apontando inconsistências no processo de contratação e licenciamento do complexo que envolve, além de quatro usinas (Karkey 13, Karkey 19, Porsud I e Porsud II), uma unidade de armazenamento e regaseificação de GNL (gás natural liquefeito) e 14 km de linhas de transmissão, com 36 torres, instaladas no mar, em manguezais e em área de mata atlântica no continente.

Na decisão publicada na última quinta-feira (16/2), o diretor-geral da Aneel, Sandoval de Araújo Feitosa Neto, argumentou que a KPS tem exigido da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) o recebimento da receita de venda dos Contratos de Comercialização de Energia (CERs), mas tem se esquivado do cumprimento das obrigações editalícias e contratuais, por meio de ações administrativas e judiciais.

Segundo a Aneel, as multas calculadas pela CCEE por atraso na entrega de energia somam R$ 843 milhões. As usinas deveriam iniciar a operação em 1º de maio de 2022. A KPS já havia recebido R$ 394 milhões, em janeiro deste ano, e o pagamento de mais R$ 259 milhões de receita estavam programados para esta sexta-feira (17/2). Com a decisão, o pagamento fica suspenso.

“As decisões judiciais acabaram causando situação desfavorável aos consumidores, ao impedir que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE aplique as multas contratuais relativas ao atraso na entrada em operação comercial das usinas até que haja o julgamento administrativo dos excludentes de responsabilidade. Dessa forma, a usina recebe a receita contratual, mas deixa de pagar as multas que deve”, relatou Sandoval Feitosa, em seu despacho.

Para a diretora executiva da ARAYARA.ORG, Dra. Nicole Oliveira, a decisão da Aneel valida os esforços da sociedade civil na defesa da transição energética justa e para evitar a expansão da participação dos combustíveis fósseis na matriz elétrica brasileira. “Esperamos que o próximo passo da Aneel, com brevidade, seja o julgamento definitivo do pedido de excludente de responsabilidade feito pela KPS, já negado em um primeiro momento, para que a empresa seja efetivamente responsabilizada e penalizada pelo descumprimento dos contratos”, afirmou Nicole.

“Decisão importante da diretoria da Aneel que preza pelo consumidor de energia ao garantir que o contrato seja cumprido. As térmicas foram contratadas com preços altíssimos e não foram entregues a tempo. Os contratos e os prováveis danos ambientais e climáticos são outros pontos importantes a serem revistos pela atual política energética brasileira”, acrescentou o diretor técnico do Observatório do Petróleo e Gás (OPG) e ARAYARA, Dr. Eng. Juliano Bueno de Araújo.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Arayara move ação civil pedindo suspensão da UTE Candiota

Usina à carvão no Rio Grande do Sul retomou operações em abril e é questionada por ambientalistas, que alegam infrações ambientais e emissões de gases fora dos padrões BRASÍLIA — O Instituto Arayara entrou com uma ação civil pública (ACP) contra a Âmbar Sul Energia alegando irregularidades na UTE Candiota III e pedindo a suspensão imediata das atividades. Na ação, o instituto alega histórico

Leia Mais »

Protesto alerta para a expansão de projetos fósseis facilitados pelo “PL da Devastação”

Nesta terça-feira (17h), em frente ao Congresso Nacional, ativistas realizaram um protesto contra o oportunismo fóssil. Segundo os ambientalistas, o “PL da Devastação” (PL 2.159/2021) abre caminho inédito para a expansão desenfreada de grandes empreendimentos fósseis no país. A demonstração faz parte da campanha contra o PL 2.159/2021, que atualmente pressiona o presidente Lula pelo veto integral ao projeto através

Leia Mais »

‘Sem mangue, sem beat’: organizações se mobilizam para proteger último manguezal não urbano de Pernambuco

Movimento cobra a criação de reserva extrativista para garantir biodiversidade e o modo de vida de pescadores e marisqueiras   Como seria a vida no litoral sem os manguezais? Essa é a pergunta que tem mobilizado mais de 30 instituições da sociedade civil — entre elas o Instituto Internacional ARAYARA —, além de pescadores artesanais, comunidades tradicionais do sul de

Leia Mais »

Contradições na política energética expõem dilemas do Brasil às vésperas da COP30

A recente aprovação, pelo Ministério de Minas e Energia (MME), da minuta de contrato de energia de reserva para o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, expôs de forma contundente o desalinhamento entre a política energética brasileira e os compromissos climáticos assumidos pelo país no Acordo de Paris — justamente às vésperas da COP30, que o Brasil sediará em

Leia Mais »