+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Mundo pós-apocalípse: e se todas as previsões sobre mudanças climáticas se concretizassem?

Já faz tempo que a comunidade científica alerta sobre a questão do aquecimento global. De acordo com a OMM (Organização Meteorológica Mundial), em 2019 a temperatura média da Terra estava 1,1˚C mais quente do que na Era Pré-industrial, mas esse número ainda pode aumentar em 2˚C, 5˚C ou até 6˚C até 2100. O problema é que, de acordo com as previsões científicas, esse aumento é o responsável por eventos climáticos extremos ocorrendo de forma cada vez mais frequente.

Em entrevista cedida ao Correio Braziliense, Sarah Green, professora de Química na Universidade Tecnológica de Michigan, afirma que, enquanto 97% dos artigos publicados e revisados por cientistas sobre o clima concordam que humanos são a causa, uma porcentagem muito menor do público entende isso.

“Há os interesses financeiros óbvios em continuar a nossa dependência em combustíveis fósseis, os esforços deles para confundir o público nesse assunto foram documentados… O interesse desses grupos é convencer o público de que “a ciência não está estabelecida”.

Gregers Andersen, especialista em literatura da Universidade de Copenhague, desenvolveu a tese de que a ficção seria mais eficiente para ensinar sobre os perigos do aquecimento global do que os encontros, estudos e debates promovidos por pesquisadores. Afinal, muito antes do tema Aquecimento Global cair na boca do povo, o mundo já parava para discutir o filme “O dia depois de amanhã” ainda em 2004.

Além disso, a ficção científica é famosa por prever muitas das coisas que temos hoje, como os submarinos e as viagens espaciais de Júlio Verne, bombas atômicas de H.G. Wells, hackers e crimes cibernéticos por William Gibson ainda nos anos 80. Assim, não é difícil imaginar que a ficção também possa se aproximar do mundo após uma crise climática como a que estamos vivenciando.

Tanto é que, em meados dos anos 2000, o jornalista Dan Bloom popularizou o termo Cli-Fi (Climate Fiction), e fez tanto sucesso que acabou se tornando um subgênero de ficção. Cli-fis são trabalhos ficcionais que abordam os efeitos da crise climática hoje ou em um futuro não muito distante, e não são poucos.

Um bom exemplo de Cli-Fi é Uma Guerra Americana de Omar El-Akkad (2017). A história se passa nos Estados Unidos que estão vivendo uma segunda guerra civil que acontece pela falta de recursos causados pelas mudanças climáticas. Nesse cenário, grandes áreas da Califórnia e do México estão submersos em água e a Florida desapareceu completamente.

Um exemplo brasileiro parecido é Cristo Radioativo de Ana Luísa Abreu que chegou a ser finalista do concurso Rio de Literatura em 2015. A história se passa algum tempo depois da Terceira Guerra Mundial, causada pela falta de comida gerada pelos efeitos das mudanças climáticas no mundo. Sem comida, os países entraram em uma grande guerra nuclear que acabou com mundo como conhecemos hoje. Os habitantes do Rio de Janeiro chamam a era pré-nuclear de Era da Bonança e precisam viver em cidades cercadas para se protegerem dos mutantes e dos rebeldes. A única coisa que mantém as cidades é a Nestelar, a única empresa sobrevivente ao caos. As pessoas comuns comem apenas ração, comida é algo raro e muito caro e um simples resfriado pode matar centenas de pessoas. Parece familiar? Até demais, não?

“É assustador pensar nas coisas que podem acontecer conosco em pouco tempo, com nossos filhos. Acredito que, apesar de comercial, meu livro tenha sido finalista por abordar um tema que pode muito bem se tornar realidade. Eu concordo que a ficção ajuda a alertar a massa sobre o perigo porque a massa não lê artigos científicos, mas todo mundo assiste filmes, séries e lê livros de entretenimento”, diz a autora.

Além destes, ainda existem muitos outros trabalhos no gênero que imaginam o nosso mundo caso nada seja feito agora, mas vamos torcer para que nada disso se torne realidade. Para isso precisamos ter consciência da urgência e importância do tema. Se a ficção for realmente o melhor caminho para conscientizar a mídia com comunicação em massa, mãos à obra.

Fonte: Terra

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Statement of Rejection of the Contract Between the Ministry of Mines and Energy (MME) and the Jorge Lacerda Thermal Power Complex

The International Institute ARAYARA and the National Front of Energy Consumers (FNCE) publicly express their strongest rejection of the approval of the draft Reserve Energy Contract for the Jorge Lacerda Thermal Power Complex (CER-CTJL), under the Just Energy Transition Program (TEJ), established by Law No. 14,299 of January 5, 2022. The contract, to be signed between Diamante Geração de Energia

Leia Mais »

Oficina em São Paulo discute transição energética e o futuro da Petrobras

Representantes do Observatório do Clima, do Grupo de Trabalho em Energia — entre eles o Instituto Internacional ARAYARA — participaram na última terça-feira (7/7) de uma oficina em São Paulo (SP) para avançar no estudo “Petrobras que Precisamos”. O encontro, realizado na sede da Ação Educativa, discutiu os caminhos para que a estatal assuma um papel de protagonismo na transição

Leia Mais »

Nota de Repúdio ao contrato entre o MME e o Complexo Termelétrico JORGE LACERDA

O Instituto Internacional ARAYARA e a Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) vêm a público manifestar seu mais veemente repúdio à aprovação da minuta do Contrato de Energia de Reserva do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CER-CTJL), no âmbito do Programa de Transição Energética Justa (TEJ), previsto na Lei nº 14.299, de 5 de janeiro de 2022. O contrato, a

Leia Mais »

Nova versão do Monitor Amazônia Livre de Petróleo e gás revela dados inéditos e funcionalidades ampliadas

O Instituto Internacional ARAYARA anunciou uma nova atualização do Monitor Amazônia Livre de Petróleo, plataforma digital que reúne dados sobre a expansão da exploração de petróleo e gás em uma das regiões mais biodiversas e sensíveis do planeta: a Amazônia. A ferramenta, que já era referência em transparência ambiental, ganhou agora novas funcionalidades que ampliam sua capacidade de análise sobre

Leia Mais »