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Mundo pós-apocalípse: e se todas as previsões sobre mudanças climáticas se concretizassem?

Já faz tempo que a comunidade científica alerta sobre a questão do aquecimento global. De acordo com a OMM (Organização Meteorológica Mundial), em 2019 a temperatura média da Terra estava 1,1˚C mais quente do que na Era Pré-industrial, mas esse número ainda pode aumentar em 2˚C, 5˚C ou até 6˚C até 2100. O problema é que, de acordo com as previsões científicas, esse aumento é o responsável por eventos climáticos extremos ocorrendo de forma cada vez mais frequente.

Em entrevista cedida ao Correio Braziliense, Sarah Green, professora de Química na Universidade Tecnológica de Michigan, afirma que, enquanto 97% dos artigos publicados e revisados por cientistas sobre o clima concordam que humanos são a causa, uma porcentagem muito menor do público entende isso.

“Há os interesses financeiros óbvios em continuar a nossa dependência em combustíveis fósseis, os esforços deles para confundir o público nesse assunto foram documentados… O interesse desses grupos é convencer o público de que “a ciência não está estabelecida”.

Gregers Andersen, especialista em literatura da Universidade de Copenhague, desenvolveu a tese de que a ficção seria mais eficiente para ensinar sobre os perigos do aquecimento global do que os encontros, estudos e debates promovidos por pesquisadores. Afinal, muito antes do tema Aquecimento Global cair na boca do povo, o mundo já parava para discutir o filme “O dia depois de amanhã” ainda em 2004.

Além disso, a ficção científica é famosa por prever muitas das coisas que temos hoje, como os submarinos e as viagens espaciais de Júlio Verne, bombas atômicas de H.G. Wells, hackers e crimes cibernéticos por William Gibson ainda nos anos 80. Assim, não é difícil imaginar que a ficção também possa se aproximar do mundo após uma crise climática como a que estamos vivenciando.

Tanto é que, em meados dos anos 2000, o jornalista Dan Bloom popularizou o termo Cli-Fi (Climate Fiction), e fez tanto sucesso que acabou se tornando um subgênero de ficção. Cli-fis são trabalhos ficcionais que abordam os efeitos da crise climática hoje ou em um futuro não muito distante, e não são poucos.

Um bom exemplo de Cli-Fi é Uma Guerra Americana de Omar El-Akkad (2017). A história se passa nos Estados Unidos que estão vivendo uma segunda guerra civil que acontece pela falta de recursos causados pelas mudanças climáticas. Nesse cenário, grandes áreas da Califórnia e do México estão submersos em água e a Florida desapareceu completamente.

Um exemplo brasileiro parecido é Cristo Radioativo de Ana Luísa Abreu que chegou a ser finalista do concurso Rio de Literatura em 2015. A história se passa algum tempo depois da Terceira Guerra Mundial, causada pela falta de comida gerada pelos efeitos das mudanças climáticas no mundo. Sem comida, os países entraram em uma grande guerra nuclear que acabou com mundo como conhecemos hoje. Os habitantes do Rio de Janeiro chamam a era pré-nuclear de Era da Bonança e precisam viver em cidades cercadas para se protegerem dos mutantes e dos rebeldes. A única coisa que mantém as cidades é a Nestelar, a única empresa sobrevivente ao caos. As pessoas comuns comem apenas ração, comida é algo raro e muito caro e um simples resfriado pode matar centenas de pessoas. Parece familiar? Até demais, não?

“É assustador pensar nas coisas que podem acontecer conosco em pouco tempo, com nossos filhos. Acredito que, apesar de comercial, meu livro tenha sido finalista por abordar um tema que pode muito bem se tornar realidade. Eu concordo que a ficção ajuda a alertar a massa sobre o perigo porque a massa não lê artigos científicos, mas todo mundo assiste filmes, séries e lê livros de entretenimento”, diz a autora.

Além destes, ainda existem muitos outros trabalhos no gênero que imaginam o nosso mundo caso nada seja feito agora, mas vamos torcer para que nada disso se torne realidade. Para isso precisamos ter consciência da urgência e importância do tema. Se a ficção for realmente o melhor caminho para conscientizar a mídia com comunicação em massa, mãos à obra.

Fonte: Terra

A mudança climática e crise da água afetam os mais pobres da África

Nesta quinta-feira, a maior reunião da África sobre água e setor de saúde em Uganda terminou com um apelo aos governos para investirem em sistemas de água e irrigação resistentes ao clima, para reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Simeon Kenfack, diretor de programa da Associação Africana da Água (AfWA), disse que, à medida que os governos implementam planos e estratégias nacionais ambiciosos de ação climática, devem mostrar ao mundo que a África pode trabalhar em conjunto para enfrentar os riscos dos impactos Clima usando conhecimento e soluções existentes.

“Já existe uma base de conhecimento crescente, embora fragmentada na África. 

Os jovens na África são bem educados sobre questões climáticas, estão comprometidos e procuram gerar desenvolvimento no continente ”, expressou Kenfack.

O diretor salientou que o AfriAlliance, um projeto climático da África e da Europa para apoiar os acionistas africanos, está criando as parcerias necessárias para acelerar o acesso universal aos sistemas de água e saúde no continente.

O ministro da Água de Uganda, Ronald Kibuule, salientou que, com a urbanização acelerada na África, há um alto consumo per capita e a demanda continua a aumentar, acrescentando que o risco de falta de água persiste porque a crise da água é parcialmente induzida pelo clima.

Fonte: TRT

ONU: mudança climática tem impacto sistemático para a civilização

A crise climática é um “impacto sistemático para a civilização”, e não uma questão social, ambiental ou econômica específica, disse Sukhrob Khojimatov, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Turquia.

“É um grande desafio para o nosso planeta e para os moradores”, disse Khojimatov, representante residente adjunto do PNUD na Turquia, em um evento na capital turca, Ancara.

Em um discurso durante a cerimônia de abertura do projeto intitulado Melhorando a Ação de Adaptação na Turquia, Khojimatov afirmou que, como o problema é sistemático, também se espera que a solução seja sistemática, o que “deve aumentar a resiliência dos sistemas naturais e humanos, reduzindo a desigualdade em todas as dimensões”

“A mudança climática teve um impacto significativo na Turquia na última década […] os padrões de mudança climática e os desastres relacionados ao clima estão aumentando na Turquia”, disse o representante citando números do departamento de meteorologia do país.

Ele também observou que houve um aumento de longo prazo no número de dias de verão e dias tropicais na Turquia, o que demonstra os efeitos das mudanças climáticas sobre o país.

“Graças à sociedade frutífera, trabalhamos na eficiência de energia, recursos, energia renovável e uma redução integrada do risco de desastre do ecossistema”.

Khojimatov disse que o PUND na Turquia, juntamente com o Ministério do Meio Ambiente e Urbanização, contribuiu para o projeto da União Europeia, que busca construir sociedades resilientes contra as mudanças climáticas.

“O objetivo específico deste projeto é estabelecer um ambiente propício para a adaptação às mudanças climáticas na Turquia, através do desenvolvimento de linhas de base políticas, técnicas e operacionais, que incluem melhores ferramentas de tomada de decisão para as mudanças climáticas nas políticas de adaptação.”

As mudanças climáticas não têm fronteiras

“A mudança climática é, claro, um problema global, e temos que pensar em soluções globais, mas a primeira coisa é que precisamos agir em nível local”, sugeriu Angel Gutierrez Hidalgo, consultor sênior da delegação da União Europeia para Turquia.

Ele argumentou que soluções locais, como o projeto a ser implementado na Turquia, também fornecerão soluções específicas para lidar com as mudanças climáticas.

“Está claro que qualquer ação implementada na Turquia hoje terá um impacto além de nossas fronteiras. E é por isso que também é importante para a UE”, afirmou Hidalgo, enfatizando que as mudanças climáticas não conhecem fronteiras.

Os países da UE são responsáveis ​​por menos de 10% das emissões globais, lembrou o conselheiro, e instou todos os países a agirem juntos.

Durante o evento, Sebahattin Dokmeci, diretor geral adjunto de gestão ambiental do Ministério do Meio Ambiente da Turquia, disse que o aumento na quantidade e intensidade de desastres causados ​​pelas mudanças climáticas representa uma grande ameaça para todos os seres vivos.

Mencionando que a Turquia está localizada no Mediterrâneo oriental, que é vista como uma das regiões mais vulneráveis ​​aos efeitos das mudanças climáticas, Dokmeci observou que a frequência e a gravidade dos desastres no país relacionados às mudanças climáticas aumentaram forma significativa nos últimos anos.

“Especialmente desastres como inundações, deslizamentos de terra e ciclones nas regiões do Mar Negro e do Mediterrâneo geraram uma grande perda de vidas e propriedades”, disse o vice-diretor.

Fonte: TRT

Mudanças climáticas estão dificultando a decolagem de aviões; entenda

O avião é um dos meios de transporte mais poluentes do mundo, já que emite grandes quantidades de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. E isso não faz mal apenas para o meio ambiente — as próprias aeronaves podem sofrer com um clima mais quente. Uma nova pesquisa realizada por cientistas de universidades na Grécia e na Grã-Bretanha indica que temperaturas mais altas e ventos mais fracos estão dificultando a decolagem de aviões.

Segundo os autores explicam em artigo no The Conversation, o clima local em aeroportos do mundo inteiro mudou nas últimas décadas, assm como as condições em que os pilotos se baseavam para fazer o avião voar. A longo prazo, isso significa que as companhias aéreas vão transportar menos passageiros e carga, usando a mesma quantidade de combustível.

As distâncias de decolagem ficarão mais longas à medida que o clima esquentar, aponta o artigo. Isso porque temperaturas mais altas reduzem a densidade do ar, o que dificulta a ação das asas e dos motores das aeronaves. Com ventos reduzidos, os aviões precisam gerar mais velocidade no solo. E uma vez lá em cima, as aeronaves estão sujeitas a mais turbulências, que, segundo os cientistas, estão piorando devido às mudanças climáticas.

Para a pesquisa, os cientistas analisaram registros de temperatura desde 1955 em dez aeroportos gregos. A cada ano, os experts analisaram temperaturas médias do vento de dia e de noite e as transofraram em gráficos. As mudanças de temperatura variaram muito entre os aeroportos estudados, com um aumento de 2°C a 5°C ao longo de 62 anos. Em um aeroporto, a velocidade média do vento que passa pela pista em direção ao avião em decolagem (conhecida como ventos contrários) aumentou cerca de 25%. Já outro aeroporto viu ventos médios na pista do aeroporto caírem 90% em 43 anos.

Os pesquisadores explicam que, graças a essas mudanças, aeronaves que decolam em aeroportos com pistas mais curtas precisam reduzir o peso transportado (carga, número de passageiros e combustível). Em média, os aviões estão decolando com um passageiro a menos ou com menos combustível. “Esse é outro lembrete do quão rápido as ações humanas estão transformando o mundo, e quão mal preparados estamos para lidar com as consequências”, finalizam os estudiosos.

Fonte: Revista Galileu

Mudanças climáticas impactarão produção de peixes e podem afetar economias

Com o aquecimento dos oceanos, os cardumes migram para águas mais frias, com objetivo de manter o ambiente térmico adequado e, em consequência disso, muitas nações que dependem de espécies comerciais de peixes na economia podem sofrer. É o que alerta um estudo publicado na revista Nature Sustainability, por pesquisadores das universidades de Delaware; da Califórnia, em Santa Bárbara, e Hokkaido. De acordo com o artigo, países localizados nos trópicos — especialmente os do noroeste da África — são especialmente vulneráveis a essa perda potencial de espécimes devido às mudanças climáticas. O estudo constatou que, atualmente, não existem intervenções políticas adequadas para ajudar a mitigar as possíveis perdas dos países afetados.

Kimberly Oremus, professora-assistente da Escola de Ciências e Políticas Marinhas da Faculdade de Terra, Oceano e Meio Ambiente da Universidade de Delaware, explica que, quando os pesquisadores analisaram acordos internacionais, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, não encontraram texto específico sobre o que acontece quando os peixes migram da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) de um país, estabelecida para dar jurisdição nacional sobre um recurso pesqueiro. Isso significa que as nações podem estar vulneráveis a perdas econômicas.

Os pesquisadores usaram mudanças projetadas anteriormente na faixa de distribuição de 779 espécies comerciais de peixes para estimar o número das que saem da jurisdição nacional em cenários de emissões contrastantes até 2100. As nações tropicais, em particular, perdem a maior  quantidade, porque há poucos ou nenhum estoque para substituir as que partem. Em um cenário de emissões moderadas, a pesquisa mostrou que, até 2100, países dos trópicos poderão perder, em média, 7% das espécies que existiam em 2012.Continua depois da publicidade

“Prevê-se que os trópicos percam mais espécies do que outras regiões, porque os peixes geralmente têm uma faixa de temperatura na qual se sentem confortáveis. Se ficar muito quente, e não houver mais para onde ir, vão migrar para outros lugares”, diz Oremus. As ZEE do noroeste da África podem perder a maior percentagem de espécies, com uma redução de 6% a 25% prevista para 2050 e uma redução de 30% a 58% estimada para 2100 nos cenários moderado e mais grave, respectivamente.

Impacto

Embora a migração de cardumes seja inevitável, a cooperação internacional poderia aliviar o impacto em cada nação afetada, sustentam os pesquisadores. Além de examinar a perda de espécies, eles examinaram 127 acordos internacionais de pesca, analisando os grandes tratados regionais e também os bilaterais. Os cientistas descobriram que nenhum deles prepara os países para saídas de estoque, mudanças climáticas ou de faixa. “Descobrimos que não há um acordo de pesca explicitamente focado nessa questão”, afirma o coautor James Salzman, professor de direito ambiental da Escola Bren de Ciências e Gestão Ambiental da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. “Existe uma lacuna no direito internacional.”

A gestão tradicional da pesca pressupõe que os peixes são um recurso natural renovável e que, enquanto a sua área geográfica for estática, eles permanecerão abundantes na ausência de sobrepesca. Mas a migração a longo prazo de uma espécie para fora de um país devido à mudança climática significa que os estoques nem sempre serão renovados  no nível de uma determinada jurisdição, mesmo que permaneçam abundantes em escala internacional. Para o país que perde o estoque, isso cria um incentivo para adotarem medidas que garantam um estoque, antes de as espécies migrarem.

Oremus diz que os formuladores de políticas precisam pensar em como esses países poderiam ser compensados pela perda de estoques de peixes devido às mudanças climáticas, o que ajudará a impedir que as nações pratiquem a sobrepesca antes de os estoques saírem de suas ZEE. Os acordos internacionais sobre aquecimento global têm mecanismos para considerar a compensação por perdas, e essa via política pode funcionar melhor do que os tratados pontuais de pesca que a equipe de Oremus constatou não mencionarem a questão.

Fonte: Correio Braziliense