+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Mais uma derrota para a Indústria Carbonífera do Rio Grande do Sul

O descaso com o qual a Câmara de Vereadores de Eldorado do Sul alterou o Plano Diretor da cidade, sem nenhum estudo ou consulta prévia – facilitando a instalação de um polo carboquímico e de uma mina de carvão no município -, foi reconhecido.

Na última semana, o desembargador Tasso Caubi Soares Delabary, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, concedeu liminar determinando a suspensão da Lei Municipal n. 4.968, que modificava o Plano Diretor do município.

O projeto de lei foi aprovado na Câmara Municipal de Eldorado do Sul em apenas quatro dias. Foi apresentado em 9 de agosto de 2019, aprovado em 13 de agosto e passou a vigorar como lei a partir do dia 28 daquele mês.

Não houve participação popular nem os necessários pareceres técnicos provando a necessidade e a viabilidade do novo Plano Diretor, muito mais receptivo a indústrias com alto poder de impacto ambiental. O projeto também não passou por uma audiência pública sequer.

Em sua decisão, o desembargador reconheceu que “a aprovação de plano diretor, ou de suas alterações, sem o prévio envolvimento da comunidade em sua discussão implica vício formal de inconstitucionalidade, pois viola direito assegurado às entidades”.

A liminar ainda reforça a ausência de estudos que viabilizem e justifiquem a alteração do Plano Diretor. “Não foi realizado qualquer estudo prévio (envolvendo o meio físico, biótico e socioeconômico), na alteração do Plano Diretor da cidade, sendo que há referência no sentido de que houve supressão de áreas de nascentes e de trechos de curso de água, que invariavelmente integrava o patrimônio do povo local, o que pode caracterizar retrocesso ambiental”.

A Procuradoria-Geral do RS entrou, no mês passado, com a ação direta de inconstitucionalidade contra a lei alterou o Plano Diretor do município, localizado a cerca de 20 quilômetros de Porto Alegre.

O objetivo principal da alteração é explorar tanto uma mina de carvão a céu aberto (a Mina Guaíba) quanto as indústrias químicas que se instalassem na região para explorar e transformar o minério.

Responsável pela ação, o Procurador-Geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Fabiano Dallazen, argumentou justamente que a aprovação da lei não envolveu a comunidade de Eldorado do Sul, o que produziu um défict de democracia no processo.

Desde 2014, a Copelmi Mineração tenta obter uma licença ambiental da Fepam, a agência ambiental gaúcha, para instalar uma mina a céu aberto de carvão em Charqueadas e Eldorado do Sul, na região metropolitana, próxima ao delta do Rio Jacuí.

Especialistas e ambientalistas avaliam que o empreendimento, se instalado, poderá gerar desvios em cursos d’água e outros impactos na fauna, na flora e na qualidade do ar.

O Instituto Internacional Arayara contesta na justiça federal a instalação do projeto. Conforme o Engenheiro Juliano Bueno de Araújo, Diretor Técnico do Observatório do Carvão (OCM) e do Instituto ARAYARA, novas ações administrativas, judiciais e criminais estão previstas para as próximas semanas.

Ele afirma que “o Instituto Internacional ARAYARA – ARAYARA.ORG, em conjunto com o Observatório do Carvão Mineral, vem sistematicamente questionando a instalação da maior mina de carvão a céu aberto da América Latina – Mina Guaíba, e já entrou com três Ações Civis Públicas. A mobilização é, hoje, realizada por milhares de voluntários e outras ONGS, Coletivos, Ligas, Coalizões, Fóruns dos Atingidos pelo Carvão, Institutos, Sindicatos Rurais e de Trabalhadores, Associações de Bairro, Assentamentos, Aldeias Indígenas e comunidades tradicionais.

#CarvãoAquiNão #MinaGuaibaNão #RenováveisJá #Arayara #ObsCarvão #ObsPetróleo #ObsClima #NãoFrackingBrasil #COESUS

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Mesmo sem operar, Candiota 3 recebeu subsídio em janeiro

A Usina Termelétrica Candiota 3 recebeu cerca de R$ 12,7 milhões em subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em janeiro deste ano, mesmo sem operar, para a compra de combustível fóssil, informa o Instituto Arayara. O recurso é utilizado para a compra de carvão da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Na sexta-feira (21), a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura,

Leia Mais »

Lei do Mar: uma oportunidade para proteger os oceanos e fortalecer a Economia Azul

Os oceanos desempenham um papel essencial na regulação do clima, na manutenção da biodiversidade e no desenvolvimento econômico global. No Brasil, com mais de 8 mil quilômetros de costa, a proteção e o uso sustentável dos recursos marinhos são fundamentais para garantir a resiliência dos ecossistemas e a segurança das populações costeiras. No entanto, ainda não temos uma política nacional

Leia Mais »

O futuro da CRM: Contrato emergencial com a Âmbar Energia para fornecimento de carvão mineral à UTE Candiota III foi renovado por mais 2 meses

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul informou, na sexta-feira (21/2), que o 16º Termo de Aditamento ao Contrato CGTEE/UPME/98-02026 firmado entre a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), estatal do Governo do RS, e a Usina de Candiota III – pertencente ao grupo J&F, controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista (Âmbar Energia) – ,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Governo diz que menor intensidade de carbono da produção nacional justifica avanço na exploração

Petroleiras e a área energética do governo defendem que o Brasil deve abrir novas fronteiras exploratórias de petróleo porque tem uma produção de baixo carbono. Se o país parar de produzir, defendem, o mundo consumirá combustíveis mais poluentes de outras regiões. Especialistas e indicadores internacionais consideram o petróleo brasileiro de média intensidade em carbono, ficando atrás apenas de alguns grandes

Leia Mais »