+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Denúncia: Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos demora a agir após crime no Rio de Janeiro

O pescador e defensor climático Alexandre Anderson enfrentou uma situação de alto risco na última semana. Seu irmão, Anísio Souza foi executado a menos de mil metros de sua casa na quinta-feira, 12, em Magé, na baixada Fluminense. Ao saber do crime, Alexandre procurou imediatamente contato com o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDH). Esperou mais de 9 horas para obter o primeiro retorno.

“Estamos chocados. Ficamos sem escolta. Expostos. Passaram duas viaturas em frente às nossas casas, mas sequer pararam. Estamos permanentemente em risco”, relatou Alexandre Anderson, atual presidente da AHOMAR (Associação Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara), organização comunitária que trabalha pela garantia dos interesses dos pescadores, incluindo os direitos a pescar nas áreas permitidas por lei sem sofrer intimidações e de seguir denunciando a poluição causada por empresas dos setor fóssil.

Alexandre Anderson enfrenta uma constante luta contra os incorporadores de terras, os interesses corporativos e as autoridades governamentais. Em função de seu ativismo, foi vítima de dois atentados. Outros membros da AHOMAR já foram assassinados.

Em fevereiro de 2020, ele participou de um encontro de Defensores Climáticos que aconteceu em Curitiba. Ao lado de Alexandre, estiveram presentes na capital paraense defensores climáticos de mais de 20 países de todos os continentes.

Diante desse passado recente a demora no atendimento PPDH soa ainda mais preocupante.

O crime

No início da noite de quinta-feira, 12, às 20h, na praia de Mauá, em Magé, o ex-pescador artesanal Anísio Souza foi executado. Abordado no portão em frente à sua casa, ao chegar do trabalho, com seu filho Cristian, de seis anos de idade, Souza foi alvejado com diversos tiros que atingiram sua cabeça. Segundo testemunhas, os tiros foram disparados por homens encapuzados que estavam em um Onix prata. Aos 47 anos, Anísio Souza deixa esposa e três filhos.

A violência e brutalidade do assassinato chocaram a comunidade pesqueira local. Os relatos dos moradores são de medo, insegurança e ausência do Estado.

Lado a lado os irmãos fizeram, por anos, o necessário enfrentamento pela defesa do meio ambiente e pela manutenção dos territórios pesqueiros.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Midia: Projeto de Termelétrica em Brasília e PL da Devastação colocam o Cerrado em risco

Enquanto o Brasil reforça compromissos internacionais de combate à crise climática, o Distrito Federal se torna cenário de contradições ambientais e violações de direitos. De um lado, a tentativa de instalação da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, em Samambaia, enfrenta resistência popular e judicial devido aos impactos no Cerrado e nas comunidades locais.   De outro, avança no Congresso Nacional o

Leia Mais »

Comunidade escolar reage à instalação de usina termoelétrica no Distrito Federal 

Diretora da Escola Classe Guariroba envia carta ao Ibama e denuncia risco de remoção da única escola rural da região A possível instalação da Usina Termoelétrica (UTE) Brasília, prevista para a região de Samambaia e Recanto das Emas, no Distrito Federal, segue gerando forte reação da comunidade local — especialmente da Escola Classe Guariroba, única instituição de ensino da zona

Leia Mais »

Contradições e colapso: o que a Guiana ensina para o Brasil?

A InfoAmazonia, em parceria com o Instituto Internacional ARAYARA, realizou uma importante expedição à Guiana em dezembro de 2024. Durante a viagem, diversas contradições foram testemunhadas de perto pelo engenheiro climático e de geociências Joubert Marques, que compartilha sua experiência e reflete sobre como a Guiana pode servir de exemplo do que não fazer na condução das políticas ambientais e

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão tem 19 blocos arrematados

O leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última semana terminou com 34 blocos de exploração de petróleo arrematados nas bacias do Parecis, Foz do Amazonas, Santos e Pelotas: uma área de 28.359,55 quilômetros quadrados. No total, 172 áreas de exploração foram colocadas em leilão. Nove empresas vencedoras — duas nacionais e sete estrangeiras —

Leia Mais »