+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

CRM estende contrato de carvão para Candiota 3 até 28 de fevereiro

Ato em defesa da continuidade da usina foi realizado nesta segunda-feira (6)

 

Por Jefferson Klein – Jornal do Comércio 

Mesmo com a termelétrica Candiota 3 tendo sido desligada em 1º de janeiro, depois do término do seu acordo de comercialização de energia, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) formalizou a prorrogação do contrato de fornecimento de carvão para a usina por mais 60 dias, com validade de 31 de dezembro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025. Em média, a térmica gaúcha consome aproximadamente 1,5 milhão de toneladas ao ano do mineral.

Essa medida possibilita que se ganhe mais tempo para observar qual será o encaminhamento que será dado para Candiota 3. Em nota, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), pasta à qual a CRM é vinculada, ressalta que, “atualmente, o futuro das usinas termelétricas a carvão, incluindo a Candiota 3, está condicionado à sanção do Projeto de Lei (PL) aprovado em meados de dezembro de 2024, que regulamenta a exploração de energia eólica offshore (em alto-mar). Este PL prevê a extensão dos contratos das termelétricas a carvão até 2050, e a sanção está prevista para ocorrer até 10 de janeiro de 2025, pelo presidente Lula”.

O projeto em questão trata-se do PL 576 e a situação das térmicas foi inserida no texto – o chamado ‘jabuti’, quando um assunto é colocado em uma matéria que inicialmente não tinha relação com aquele tema. Existe a probabilidade do artigo 22, que interessa às térmicas a carvão, ser vetado por Lula, o que faria a discussão retornar ao Senado. Para demonstrar apoio à sanção sem vetos, centenas de pessoas fizeram uma manifestação nesta segunda-feira (6) na cidade de Candiota.

O diretor de Comunicação do Sindicato dos Mineiros do município, Hermelindo Ferreira, considerou como positiva a ação. “Tivemos a participação dos trabalhadores e da comunidade também, que entenderam o problema que estamos passando”, enfatiza o dirigente. Ele acrescenta que a continuidade de Candiota 3 também é tema de reunião, em Porto Alegre, no Palácio Piratini, na tarde desta segunda-feira com o governador em exercício, Gabriel Souza. O objetivo é solicitar que Souza entre em contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir que o PL 576 seja sancionado sem vetos.

Já o engenheiro ambiental do Instituto Internacional Arayara, John Fernando de Farias Wurdig, considera que manifestações como as feitas em Candiota vêm em um momento tardio para o contexto do panorama atual. “O que realmente precisava ter era uma articulação para uma transição ambiental, não tem condição de continuar operando. Segundo ele, se for sancionado o PL, com o apoio às termelétricas a carvão, o Brasil vai passar uma péssima imagem para o cenário internacional, em um ano que recebe a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP – que será realizada em novembro, na cidade de Belém, no Pará).

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Belém em Alerta: Painel na COP30 Expõe Racismo Ambiental e o Legado de Violações em Grandes Eventos

A crise climática não é apenas ambiental, é uma crise de direitos humanos, e o seu impacto recai de forma desproporcional sobre populações negras, periféricas e de baixa renda. Essa foi a tese central do debate “Racismo Ambiental e os Impactos Locais de Grandes Eventos: O Caso de Belém e a Justiça Climática Territorial”, promovido pela Anistia Internacional Brasil no

Leia Mais »

Falsa Transição: Debate no Amazon Climate Hub Denuncia Lobby do Gás e a Criação de “Zonas de Sacrifício”

A expansão do gás natural liquefeito (GNL) e as manobras políticas para consolidar a indústria fóssil foram o foco do debate “Zonas de Sacrifício e Falsa Transição: impactos da Infraestrutura de GNL e dos jabutis do gás” no ARAYARA Amazon Climate Hub. O evento, promovido pela Coalizão Energia Limpa, IEMA e Equal Routes, reuniu especialistas para desmascarar a narrativa de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Ibama arquiva último projeto de usina a carvão mineral no país

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou, nesta segunda-feira (10/11) o arquivamento em definitivo do processo de licenciamento para a construção da Usina Termelétrica (UTE) Ouro Negro, em Pedras Altas, no Rio Grande do Sul. Este era, até então, o último projeto para um empreendimento fóssil de carvão mineral no país em análise pelo

Leia Mais »

COP30: CNDH recomenda suspensão do licenciamento da UTE Brasília por riscos socioambientais e violação de direitos humanos

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) emitiu a Recomendação nº 14/2025, acolhendo pedido do Instituto Internacional ARAYARA para suspender o licenciamento ambiental da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, em Samambaia (DF). A deliberação, aprovada por unanimidade na 93ª reunião do colegiado, ocorreu após sustentação oral de John Wurdig, gerente de Transição Energética da ARAYARA, que representou a entidade durante a

Leia Mais »