+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Coronavírus: como o Sars-Cov-2 ataca os pulmões e como o corpo humano derrota o vírus

O coronavírus Sars-Cov-2 pode provocar grandes danos ao sistema respiratório e aos pulmões de pacientes infectados. Em casos mais graves da Covid-19, a síndrome respiratória pode levar a morte. Não há ainda um tratamento para a doença, mas o corpo humano tem mecanismos próprios para lutar contra a infecção.

Nesta reportagem do Bem Estar sobre a reação do corpo humano ao vírus, você verá:

  1. Como o coronavírus entra no corpo?
  2. O coronavírus pode dar dor de garganta?
  3. Como o coronavírus ataca as células?
  4. Como o coronavírus age nos pulmões?
  5. O coronavírus pode se espalhar pelo corpo todo?
  6. Como o corpo combate o coronavírus?
  7. Todos reagem da mesma forma ao vírus?
  8. O coronavírus pode causar danos permanentes?

Especialistas explicam que o caminho percorrido pelo vírus faz com que muitas vezes ele se acumule nos pulmões, causando uma pneumonia que pode evoluir para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave. Além disso, contam como o corpo reage ao vírus e quais mecanismos são acionados para enfrentar a doença.

1. Como o coronavírus entra no corpo?

O vírus Sars-Cov-2 entra no corpo humano através do contato com fluidos corporais de outras pessoas. A forma mais comum dessa transmissão é a partir de pequenas gotículas de saliva que vão de um paciente infectado para outro sadio.

De acordo com pneumologista do HCor Fernando Didier, o coronavírus entra no corpo humano normalmente pelas vias aéreas. As gotículas carregando o vírus entram pelo nariz ou boca e se multiplicam até “estacionar” nos pulmões.

“As células do epitélio respiratório (mucosas) estão sempre muito expostas, afinal, a gente respira e assim o ar vai para dentro com gotículas”, explicou Didier ao G1. “Elas entram em contato com estas células que são muito vascularizadas e esse processo inteiro pode levar à disseminação do vírus pelo corpo.”

2. O coronavírus pode dar dor de garganta?

O especialista em pneumologia explicou que um dos sintomas da infecção pelo coronavírus é a dor de garganta. Isso porque o vírus geralmente entra em contato com as mucosas da boca e do nariz e ataca as células dessa região antes de poder avançar para outras partes do corpo, como os pulmões.

Em casos mais graves há uma intensa inflamação pulmonar – isso porque o vírus pode agredir e provocar lesões nos alvéolos, pequenas partes dos pulmões responsáveis pelas trocas gasosas e pela oxigenação do sangue.

3. Como o coronavírus ataca as células?

O coronavírus tem um formato que facilita sua ação nas células humanas. Seu corpo é envolvido com uma camada de proteínas que se parece com uma “coroa de espinhos”, é daí que vem o nome “corona”. É essa estrutura pontuda que tem a capacidade de se conectar às células humanas.

Os “espinhos” do coronavírus são chamados de proteína S, de spike, que em inglês quer dizer ponta. A proteína S se conecta à parede celular e, a partir daí, o vírus consegue introduzir seu material genético dentro da célula, e “sequestra” as funções celulares.

“Uma vez dentro das células, o material genético do vírus (RNA) comanda toda atividade interna da célula para se comportar como uma linha de produção de novos vírus”, disse ao G1 o pneumologista do hospital Oswaldo Cruz, Gustavo Prado.

Com a produção de bilhões de cópias do vírus feita pelas células atacadas, Prado explicou que um paciente infectado passa a liberar ainda mais vírus durante a respiração.

4. Como o coronavírus age nos pulmões?

Após a inflamação nas mucosas, a respiração pode fazer com que o vírus avance para os pulmões e ele vai se conectar às células deste órgão da mesma forma, com a ajuda das proteínas S.

Fernando Didier reforçou que as vias aéreas são muito expostas e é por isso que o vírus tende a agir no nariz, garganta e pulmões. Entretanto, o especialista alertou que, sim, existe a possibilidade de ele atingir outras partes do corpo (leia mais abaixo).

“Ele entra pela respiração e inflama bastante a mucosa do nariz e da garganta, daí os sintomas iniciais, mas nos casos graves pode haver uma intensa inflamação pulmonar”, disse Didier.

5. O coronavírus pode se espalhar pelo corpo todo?

Didier explicou que o processo inteiro pode levar à disseminação do vírus pelo corpo todo, apesar de seus efeitos estarem mais concentrados no sistema respiratório. Segundo ele, isso acontece porque esses órgãos funcionam como uma “porta de entrada” do ambiente externo para dentro do corpo humano, e por isso são mais vulneráveis às ações dos vírus.

O especialista alerta, no entanto, que o vírus se espalha pela corrente sanguínea e pode resultar em dores musculares, fadiga intensa, e provocar lesões no coração ou fígado. A evolução da doença vai depender, explicou, de como o corpo consegue reagir ao vírus e de que forma o coronavírus passa a atacar o paciente.

“Mesmo pessoas com boa imunidade podem ter uma resposta extremamente agressiva, até mesmo os jovens, sem doenças crônicas”, disse Didier.

6. Como o corpo combate o coronavírus?

Gustavo Prado explicou que o corpo passa a atacar as células infectadas pelo vírus para tentar se defender. Essa ação liderada pelos linfócitos T (células de defesa) produz um líquido repleto de interleucinas, proteínas de ativação do sistema imune que alertam o corpo humano que há a presença de um vírus e atuam para a reparação do tecido atacado.

O pneumologista explicou que o acúmulo desse líquido no pulmão dificulta na oxigenação do sangue, além de deixar o órgão mais “pesado”, dando a sensação de falta de ar. Ainda alertou que, nos casos mais graves, pode acontecer o fechamento dos alvéolos.

Prado explicou que nosso sistema imunológico reage à presença do Sars-Cov-2 e tenta combatê-lo, segundo ele, de duas formas. Ele disse que o corpo pode tanto passar a produzir proteínas antivirais, como ativar suas células citotóxicas (que matam células infectadas).

É depois disso, informou, que o corpo consegue fabricar seus próprios anticorpos e desenvolver uma resposta “mais efetiva e persistente.”

7. Todos reagem da mesma forma ao vírus?

Não, cada paciente pode reagir de maneiras diferentes à infecção pelo Sars-Cov-2. Os relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde apontam que alguns grupos e faixas da população são mais suscetíveis ou vulneráveis à Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Por conta do sistema imunológico comprometido, diabéticos, por exemplo, não conseguem dar os sinais de alarmes claros da doença. Já em idosos, o sistema imunológico costuma ser deficiente por causa da idade.

Muitos dos casos graves da síndrome respiratória provocada pela Covid-19 estão relacionados a pacientes destes grupos vulneráveis, entretanto, estudos recentes apontam para o alto índice de hospitalizações de pacientes com menos de 40 anos e há registros de mortes em pacientes sem comorbidades.

8. O coronavírus pode causar danos permanentes?

Ainda não há dados conclusivos sobre os danos permanentes após a cura da Covid-19. No final de fevereiro, a revista científica “Lancet” publicou um estudo prévio que apontava para a possibilidade de que pacientes curados carregassem uma síndrome respiratória crônica.

A equipe médica do hospital Princesa Margaret, de Hong Kong, relatou casos de pacientes que receberam alta e apresentaram dificuldades de respiração e falta de ar, mesmo sem a presença do vírus.

Pesquisadores do Reino Unido divulgaram em 15 de março que em alguns casos, danos nos pulmões de pacientes mais graves da Covid-19 podem levar mais de uma década para serem reparados, mesmo curados da doença.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

1 Comentário

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

9ª Reunião  do Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas discute políticas energéticas e ambientais para reconstrução do Rio Grande do Sul

O Instituto Internacional Arayara esteve presente na 9ª Reunião do Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas (FGMC), realizada ontem (17), no auditório da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), em Porto Alegre. Representada pelo advogado Luiz Renato Santa Ritta e o engenheiro ambiental John Würdig, a ARAYARA participou ativamente das discussões sobre as políticas climáticas do

Leia Mais »

ARAYARA NA MÍDIA | Projeto de exploração de petróleo na Amazônia brasileira expõe disputas de interesses

Aumenta a pressão do mercado para que a Petrobras seja autorizada a fazer estudos de exploração na foz do rio Amazonas. Por outro lado, a sociedade civil se organiza e tenta impedir que a região seja alvo da atividade petroleira.   Matéria de Alice Martins Morais para o climatetrackerlatam.org publicada em 18/10/2024. Enquanto mantém um discurso de liderança na diplomacia

Leia Mais »
Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) realiza audiência pública preparatória para 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), de 2024. Mesa: representante do Ministério dos Povos Indígenas, Ceiça Pitanguary; secretária de Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni; presidente eventual da CMMC, deputado Nilto Tatto (PT-SP); diretora do Departamento do Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Liliam Beatris - em pronunciamento.

Preparativos para a COP29: GT Clima da Frente Parlamentar Ambientalista promove audiência com especialistas e sociedade civil

Na última terça-feira (15), o GT Clima da Frente Parlamentar Ambientalista realizou, no Senado, uma audiência pública voltada à preparação da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas para a COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024. O evento reuniu especialistas, representantes do governo e da sociedade civil para discutir temas cruciais, como financiamento climático e transição

Leia Mais »

ARAYARA NA MÍDIA | Sequestrado pelo carvão e gás, debate sobre energia eólica offshore no Brasil omite elementos-chave

Apesar do papel crucial na transição energética do país, um projeto de lei brasileiro que regulamenta a energia eólica offshore está paralisado por emendas relacionadas a usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis, atrasando investimentos e negligenciando impactos socioambientais.   Originalmente publicado em gasoutlook.com por Amanda Magnani 14.10.2024 Um dos países com a matriz elétrica mais descarbonizada do mundo, o Brasil

Leia Mais »