+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Sanção a usinas a carvão aprofunda conflito entre discurso climático e prática energética brasileira

Pouco mais de 48 horas após o fim da Conferência das Partes, em Belém, na qual o Brasil se comprometeu a esboçar um roteiro de saída do uso de combustíveis fósseis durante sua presidência da COP — que vai até novembro do ano que vem —, o governo sancionou uma lei que mantém estímulos a usinas termelétricas a carvão, a mais poluente das fontes de energia, até 2040. Publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta terça-feira, a Lei 15.269 (resultado da MP 1.304), sancionada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin no exercício da presidência, não seguiu a recomendação de veto feita pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Em manifestação enviado à Casa Civil em 11 de novembro, o MMA destacou que a prorrogação da compra de energia de usinas termelétricas movidas a carvão mineral “contraria a Política Nacional de Mudança do Clima, a Política Nacional de Qualidade do Ar e compromete as metas brasileiras de neutralidade climática até 2050, assumidas em acordos internacionais e estabelecidas no Plano Clima”.

Suely Araújo, coordenadora do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, ressalta que a sanção da lei expõe contradições do governo e deve gerar desdobramentos judiciais:

— Contrariando a posição do MMA e atendendo ao Ministério de Minas e Energia (MME), não foram vetados os dispositivos da MP do setor elétrico que mantêm estímulos até 2040 às termelétricas a carvão, o mais poluente e danoso dos combustíveis fósseis. É provável que essa decisão gere medidas rápidas na esfera judicial. Trata-se de mais uma contradição entre o discurso internacional do governo, de apoio ao afastamento dos combustíveis fósseis, e a prática concreta de sua atuação interna no setor de energia. Precisamos urgentemente de um “mapa do caminho” no país — a liderança climática precisa se dar também pelo exemplo — afirma Suely.

Em nota, o Instituto Internacional Arayara também destacou a incompatibilidade entre o discurso do governo e a sanção do novo regramento do setor elétrico logo após a COP:

“Este fato ocorreu no primeiro dia útil após a COP30 e reforça o abismo climático em que nosso país está entrando. Deveríamos liderar pelo exemplo, especialmente após o anúncio de Lula na Conferência Mundial do Clima sobre o mapa do caminho dos fósseis. Não bastam os leilões de petróleo e a contratação de usinas a gás — agora teremos usinas a carvão até 2040, as maiores emissoras de gases de efeito estufa do setor elétrico nacional. E quem paga essa conta é o consumidor brasileiro.”

Fonte: O Globo

Foto: Reprodução / Miguel Filho / Agência O Globo

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Brazil’s Congress defies Lula to push through “devastation bill” on COP30’s heels

NGOs say the new environmental licensing rules to fast-track mining, energy and infrastructure projects will sweep away existing safeguards, undermining the country’s climate pledges in Belém Brazil’s Congress has pushed through legislation to weaken environmental safeguards for mining, infrastructure and agricultural projects, overriding a partial presidential veto just days after the end of COP30 and setting the stage for a possible showdown

Leia Mais »

Leilão de áreas do Pré-Sal expõe contradição da política energética brasileira e afasta Petrobras da transição energética justa

Leilão de áreas do Pré-Sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira São Paulo, 04 de dezembro de 2025 – O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do Pré-Sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Licença especial acelera licenciamento para empreendimentos que vão do agro à exploração de petróleo na Amazônia

Por Fábio Bispo – InfoAmazônia Parte central de medida provisória aprovada pela Câmara nesta terça-feira (3), a nova Licença Ambiental Especial (LAE) prevê o prazo máximo de até 1 ano para licenciar projetos considerados ‘estratégicos’ pelo governo. Especialistas alertam para afrouxamento de regras para grandes projetos da agropecuária extensiva, mineração e exploração de petróleo. Um relatório redigido e alterado seis

Leia Mais »

Licenciamento especial vai à sanção e ONGs prometem judicializar

Organizações ambientais prometem judicialização de alterações no licenciamento de grandes projetos no Brasil Por Nayara Machado – Eixos NESTA EDIÇÃO. Senado aprova MP do licenciamento especial em votação simbólica. Texto vai à sanção. ONGs classificam mudanças na lei como retrocesso ambiental e prometem levar à Justiça. Em uma votação simbólica na tarde desta quarta (3/12), o Senado aprovou a conversão em

Leia Mais »