+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Governo diz que menor intensidade de carbono da produção nacional justifica avanço na exploração

Petroleiras e a área energética do governo defendem que o Brasil deve abrir novas fronteiras exploratórias de petróleo porque tem uma produção de baixo carbono. Se o país parar de produzir, defendem, o mundo consumirá combustíveis mais poluentes de outras regiões.

Especialistas e indicadores internacionais consideram o petróleo brasileiro de média intensidade em carbono, ficando atrás apenas de alguns grandes produtores. Mas não é possível afirmar que novas fronteiras, como a margem equatorial, terão também essa vantagem.

A diretora-geral da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, explica que o indicador de intensidade de carbono na produção de petróleo calcula quanto uma empresa emite para extrair cada barril do subsolo, incluindo o uso de energia elétrica e combustíveis e queima ou liberação de gases do efeito estufa nas plataformas.

A IEA (Agência Internacional de Energia) inclui também outras etapas da cadeia, como o transporte do petróleo e as emissões do refino, que o transformará em combustíveis. Em todos os casos, divide-se o volume de emissões pelo número de barris produzidos (kgCO²eq/barril).

Os dados são informados pelas próprias empresas e publicados em relatórios GRI (Global Report Initiative), nos quais comunicam seus impactos em questões como as mudanças climáticas, os direitos humanos e a corrupção.

A Petrobras diz em nota que compara seus dados com indicadores consolidados por diversas consultorias especializadas, citando a IOGP (Associação Internacional dos Produtores de Petróleo e Gás) e a OGCI (Iniciativa Climática do Petróleo e Gás).

Nenhuma das duas publica dados por empresa. Com base em dados de 2023, a OGCI, por exemplo, via a média global em 17,91 kgCO²eq/barril. Em seu relatório GRI de 2023, a Petrobras reportou a intensidade de carbono em suas atividades de exploração e produção de 14,2 kgCO²eq/barril.

Documento publicado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em 2024 indica que a média nacional é de aproximadamente 16 kgCO²e/barril. Com base em dados da petroleira britânica BP, a EPE põe o Brasil na nona posição em uma lista de intensidade de carbono com 19 grandes produtores de petróleo.

Para a IEA, o Brasil aparece em quinto lugar de uma lista de 20 países produtores, com 82 kgCO²eq/barril. À frente, estão Noruega, Arábia Saudita, Kuait e Emirados Árabes Unidos. A primeira vem investindo em soluções para o problema há tempos; os outros têm grande produção em terra.

Especialistas explicam que a produção no mar, como a brasileira, tende a emitir mais, já que demanda mais transporte, mas os indicadores brasileiros são fortemente impactados pela elevada produtividade dos poços do pré-sal, que podem chegar a extrair 50 mil barris por dia.

“O indicador depende muito de produtividade, porque gasta-se o mesmo esforço para extrair um monte de petróleo. Se sai pouco petróleo, por barril acaba emitindo mais”, diz a diretora-geral da Coppe.

A Petrobras diz que a intensidade de carbono do pré-sal, por exemplo, fica em torno de 10 kgCO²eq/barril. A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) aponta 11,9 kgCO²eq/barril na Bacia de Santos, onde estão os maiores campos do pré-sal.

Ainda assim, o indicador tem grande variação: primeira grande descoberta do pré-sal e maior produtora do país atualmente, o campo de Tupi tinha em 2023 nove plataformas: a menos poluente, com 9 kgCO²eq/barril; a mais poluente, com 30 kgCO²eq/barril.

A elevada produtividade garante ao pré-sal, portanto, indicadores de intensidade de carbono na produção de petróleo próximos aos da Noruega, quarto colocado na lista da BP.

O presidente do Instituto Arayara, Juliano Bueno de Araújo, pondera que não é possível afirmar que novas fronteiras terão intensidade energética semelhante ao pré-sal. Pelo contrário, em um primeiro momento a tendência é que a menor eficiência tenha impactos no indicador.

A eventual exploração da Bacia Foz do Amazonas, por exemplo, será feita a partir de uma base em Belém, a 830 quilômetros de distância do primeiro alvo da Petrobras na região, elevando gastos e emissões por embarcações de apoio à atividade.

A S&P Global Commodity Insights divulga indicadores de intensidade de carbono para tipos de petróleo produzidos ao longo do mundo, uma ferramenta que pode ajudar compradores a escolher por óleos com menos carbono.

Sua “tabela periódica” do petróleo põe o produzido no campo de Liza, na Guiana, no mesmo patamar de média intensidade do petróleo de Tupi, no pré-sal. Liza foi a primeira grande descoberta na margem equatorial do continente e é usada como exemplo para a defesa do poço na Foz do Amazonas

Fonte: Folha de SP

Foto reprodução: BRA06 – CAMPOS (BRASIL), 07/12/04.- Foto de archivo

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: ANP inclui Foz da Amazônia em novo leilão

Cinco meses antes da COP 30 no Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou que o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (5OPC) de petróleo, que está agendado para o dia 17 de junho, prevê a oferta de 172 blocos exploratórios, abrangendo uma área de 145.597 km², o equivalente a 1,71% do território nacional.

Leia Mais »

ARAYARA conquista cadeira no Fórum Nacional de Transição Energética (Fonte)

O Fórum Nacional de Transição Energética (Fonte) realizou, ontem (15/4), a eleição para o ciclo 2025/2026. Entre as instituições da sociedade civil organizada, o Instituto Internacional ARAYARA foi eleito para ocupar a cadeira referente à temática de petróleo e gás. Além disso, a organização contribuirá com as discussões em todas as temáticas abordadas pelo Fórum. O resultado da eleição é

Leia Mais »

Vaga – Pessoa Técnica de Geoprocessamento

  Termo de Referência – TdR Nº 01/2025 Contratação de Pessoa Técnica de Geoprocessamento Apresentação Institucional O Instituto Internacional Arayara é uma organização da sociedade civil (OSC) sem fins lucrativos, que nasceu da parceria entre cientistas, gestores urbanos, engenheiros, urbanistas e ambientalistas prezando pela qualidade da vida dos cidadãos brasileiros e pela garantia de que todos os recursos sejam usados

Leia Mais »

Planejamento de Brasília em Jogo ? organizações defendem maior transparência e participação social na revisão do Plano Diretor – PDOT

Na última quinta-feira (10/4), o Instituto Internacional ARAYARA marcou presença na Comissão Geral da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em Brasília, que debateu os interesses coletivos na revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) do Distrito Federal. O evento foi presidido pelo deputado distrital Gabriel Magno (PT) e contou com a participação de diversos movimentos sociais, ambientais e

Leia Mais »