+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA denuncia riscos da expansão fóssil na Amazônia durante a 5º Conferência Nacional do Meio Ambiente

Na tarde desta quinta-feira (7), a diretora executiva do Instituto Internacional ARAYARA, Nicole Figueiredo de Oliveira, ministrou a terceira atividade autogestionável promovida pela instituição durante a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). Com o tema “A expansão da indústria fóssil com fins energéticos e os riscos climáticos em 2050”, o painel destacou os impactos crescentes da exploração de petróleo e gás sobre os povos indígenas e a biodiversidade da Amazônia.

Mestre em Direito Internacional e referência em gestão de energia e justiça climática, Nicole apresentou dados preocupantes sobre o avanço de projetos energéticos em territórios indígenas. Segundo o Monitor Amazônia Livre de Petróleo, 230 terras indígenas já são afetadas por empreendimentos como blocos de exploração de petróleo e gás, gasodutos, linhas de transmissão e terminais de GNL — o que representa 28% do total dessas áreas no país.

“Já conseguimos barrar a exploração de diversos blocos e outros projetos que ameaçam o meio ambiente e as comunidades tradicionais”, afirmou Nicole. Ela alertou que até mesmo fontes consideradas limpas, como a energia eólica, podem ser danosas quando instaladas sem consulta prévia às populações afetadas. “O problema não é a tecnologia, mas a violação do direito à consulta livre, prévia e informada, garantido pela Convenção 169 da OIT”, reforçou.

A ARAYARA já obteve vitórias judiciais relevantes, como uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que obriga a Agência Nacional do Petróleo (ANP) a realizar consultas às comunidades antes dos leilões de blocos de petróleo. Essa decisão, segundo Nicole, abre caminho para contestar leilões como o do Bloco 59, na Margem Equatorial, previsto para o próximo dia 17 de junho, no Rio de Janeiro. “Mesmo quando os blocos são recortados para não incluir oficialmente terras indígenas, eles cercam os territórios e tornam inviável a vida dentro deles”, alertou.

A gerente de Relações Institucionais da ARAYARA, Sara Ribeiro, também destacou o momento como decisivo: “A COP na Amazônia é histórica. Os povos indígenas sabem da importância desse encontro — e podem alcançar uma participação recorde. Já passou da hora de tirar os destruidores dos corredores dos eventos climáticos.”

Além das ações de incidência política e jurídica, a ARAYARA tem investido na elaboração de mecanismos de proteção aos povos originários. Em agosto de 2024, durante o Acampamento Levante pela Terra, a organização colaborou com a criação do Protocolo Indígena – Prevenção, Preparação, Resposta e Recuperação de Situações de Risco e Desastre. O documento, construído com representantes de 10 povos indígenas Tukano, Kaingang, Guajajara, Xokleng, Guarani, Guarani Mbya, Kalapalo, Kuikuro, Pataxó e Cinta Larga, virou o Projeto de Lei 3099/2024.

O protocolo foi uma resposta ao abandono do Estado em momentos críticos, como durante as enchentes no Rio Grande do Sul e a pandemia de Covid-19. Ele estabelece diretrizes para garantir atendimento digno, reconhecendo os saberes tradicionais e a autonomia das comunidades indígenas em contextos de crise.

A atuação da ARAYARA durante a CNMA reforça seu papel como uma das principais vozes da sociedade civil na defesa da justiça climática e dos direitos dos povos tradicionais frente ao avanço da fronteira fóssil na Amazônia.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Energia cara e poluente: o leilão extinto que pode voltar como vetor de emissões

O encerramento do processo do Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência de 2025 (LRCAP), anunciado nesta terça-feira (20) pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), vai além de uma simples decisão técnica. Em um momento crítico para a agenda climática global, a medida expõe uma ameaça estrutural à transição energética brasileira e levanta questionamentos sobre

Leia Mais »

Alerta Vermelho: Petrobras avança na intenção de explorar petróleo na Margem Equatorial

O Instituto Internacional ARAYARA repudia decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de aprovar que a Petrobras coloque em curso o plano de resgate de animais em caso de vazamento de óleo na Margem equatorial, no Amapá. Por: Agência Avenida A ARAYARA referência internacional em estudos climáticos, lidera campanha contra o Leilão para a

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Carvão não é transição, ministro Alexandre Silveira

Tem raposa no galinheiro: enquanto maior parte do governo age para manter vetos a benefícios para combustíveis fósseis na lei das eólicas offshore, MME avalia benesses para carvão. A reportagem é de Alexandre Gaspari, publicada por ClimaInfo, 20-05-2025. A articulação política do governo federal corre contra o tempo para manter os vetos do presidente Lula na lei 15.097/2025, que regulamenta

Leia Mais »

ARAYARA é eleita para compor o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) no biênio 2025–2027

O Instituto Internacional ARAYARA foi eleito uma das duas entidades representantes da região Centro-Oeste no Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) para o mandato de 2025 a 2027. A eleição ocorreu entre os dias 2 e 9 de maio, com a participação de entidades cadastradas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA), e teve o resultado oficial publicado no último

Leia Mais »