+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Após 12 anos, Brasil inicia etapa setorial de conferência sobre desenvolvimento rural sustentável e solidário

Entre os dias 1º e 3 de outubro, o Instituto Internacional ARAYARA participou da etapa setorial da 3ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, realizada em Brasília. O evento, organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA), marca o retorno da conferência 12 anos após sua última edição.

Povos e comunidades tradicionais se reuniram no encontro para organizar suas demandas e propor políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável. Durante a reunião, destacaram a importância de garantir a compra pública de suas produções e de fortalecer a agenda de agricultura adaptativa.

A mobilização também destacou a necessidade de o Brasil avançar na luta contra a fome, especialmente após o retorno do país ao Mapa da Fome entre 2021 e 2024, em um contexto marcado por ações antidemocráticas que levaram à extinção de conselhos de participação social, comprometendo políticas de segurança alimentar.

Outro ponto central  da etapa setorial foi o fortalecimento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com demandas por mais estrutura, pessoal e financiamento, em especial para acelerar processos de titulação de terras quilombolas, que aguardam há mais de 20 anos. A CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) defendeu que as políticas do INCRA não se limitem a territórios já titulados, mas incluam também aqueles em processo de regularização.

Juventude e políticas públicas integradas

A participação da juventude dos povos e comunidades tradicionais foi outro destaque, com reivindicações por ampliação do acesso e permanência no ensino superior. Além disso, foram debatidas políticas públicas integradas de crédito, financiamento, saúde e educação, com ênfase na proteção dos territórios tradicionais e na aplicação da Convenção 169 da OIT, que garante direitos coletivos e consultas prévias sobre projetos que afetem suas terras.

Um exemplo prático de organização territorial foi apresentado pelos pescadores e pescadoras artesanais e caiçaras de Guaraqueçaba (PR). Adinã Soares relatou como a comunidade desenvolveu, em parceria com a Defensoria Pública , com a UFPR e com o IFPR

, um curso preparatório de cinco anos para construir o Protocolo Autônomo de Consulta Prévia, Livre e Informada. “Não somos indígenas nem quilombolas, mas articulamos junto a eles nos territórios. Como pescadores, temos direitos reconhecidos pela OIT 169, e os empreendimentos precisam nos consultar. É essencial que todas as comunidades se organizem para criar seus protocolos”, afirmou.

A mobilizadora socioambiental da a ARAYARA, Raíssa Felippe destaca que o Protocolo de Consulta aos Pescadores e Pescadoras Artesanais e Caiçaras de Guaraqueçaba (2017) serviu como referência para o caderno de Comunidades da ARAYARA, utilizado no contexto do ciclo da 5º Leilão de Petróleo, reforçando a importância de instrumentos de participação comunitária na formulação de políticas públicas

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

“O nosso mangue tem valor com gente”

Grito de  povos extrativistas e comunidades costeiras do litoral amazônico ecoa na COP30   Comunidades da costa amazônica lançaram neste sábado (15/11) o  documento “O GRITO DO MANGUE PELO CLIMA”. Elaborado por organizações e redes representativas de povos extrativistas e comunidades costeiras do litoral amazônico, o material reúne análises e reivindicações de populações que vivem na linha de frente da

Leia Mais »

Territórios indígenas sob pressão: impactos de petróleo, mineração e agronegócio são debatidos durante a COP30

No dia 14 de novembro, o Arayara Amazon Climate Hub sediou a mesa-redonda “Territórios indígenas na mira de grandes empreendimentos: do petróleo à mineração”, organizada por organizações de base indígena de diversas regiões e biomas do Brasil. O encontro reuniu lideranças de diferentes regiões do país para debater os impactos de empreendimentos de desenvolvimento — como mineração, petróleo, gás, hidrelétricas

Leia Mais »

Risco de Sacrifício: Amazônia Debate a Mineração Estratégica e a Corrida por Minerais na Transição Energética

A crescente demanda global por minerais essenciais à descarbonização coloca a Amazônia diante de uma encruzilhada perigosa. O painel “Amazonía y Transición Energética Justa: Propuestas para Abordar la Minería y los Derechos de Pueblos Indígenas y Comunidades Locales”, realizado no ARAYARA Amazon Climate Hub, reuniu lideranças pan-amazônicas e especialistas para debater como garantir que a busca por cobre e lítio

Leia Mais »

Workshop no Amazon Climate Hub debate impactos do fracking e pressiona setor de petróleo e gás por responsabilidade ambiental

Oito países entre Europa e América Latina já aboliram a técnica de extração por fracking. Na Colômbia, ambientalista e sociedade civil  tentam extinguir a prática, mas País continua vulnerável e sob pressão do governo que defende o fracking como ferramenta de soberania energética.  O Arayara Amazon Climate Hub sediou, na manhã desta sexta-feira (14/11), o workshop “Making Polluters Pay: How

Leia Mais »