+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

2019 foi o ano mais quente já registrado no Brasil

O ano de 2019 foi o mais quente já registrado no país, com uma média de temperatura máxima (diurna) de 31,05 graus Celsius, de acordo com dados divulgados em fevereiro pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que acompanha a variação diária da temperatura no país desde o final do século XIX. O ano de 2015 foi o segundo mais quente, com 31,02 oC. A média da temperatura mínima também foi a mais alta em 2019, 20,04 oC, depois de 2015, com 19,93 oC.

O Brasil segue a tendência mundial, principalmente no inverno, com pequenas diferenças. Em janeiro de 2020, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou que 2016 foi o ano mais quente na média global e 2019 foi o segundo mais quente desde 1850, quando as medições começaram a ser feitas.

“A circulação atmosférica no Brasil em parte compensou a variação do clima verificada em outros países”, comenta o meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet de São Paulo. Segundo ele, a variabilidade natural do clima, o aquecimento global e a ação humana, com a maior emissão de gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), a expansão urbana e agrícola e o desmatamento, são as principais razões da contínua elevação de temperatura no país e no mundo. “Somente o El Niño [aquecimento das águas do Pacífico equatorial] não explica sozinho o aumento da temperatura em 2019, porque no Brasil seu efeito foi fraco e limitado aos meses de maio a julho.”

O instituto mantém uma rede de 573 estações meteorológicas automáticas e 208 convencionais, nas quais as informações são coletadas periodicamente, para registro de temperatura e umidade relativa do ar, pressão atmosférica, pluviosidade, radiação solar e direção e velocidade do vento em 769 cidades brasileiras e quatro do Uruguai.

Entre as cidades monitoradas, Poxoréu, a sudeste de Mato Grosso, destacou-se com as temperaturas mais altas no país nos últimos anos. Em 2019, os termômetros chegaram a 43,5 oC em 17 de julho e 43 oC três dias antes; neste ano, a cidade com o segundo maior registro de temperatura foi Peixe, ao sul do estado de Tocantins, com 43,2 oC em 13 de julho.

Ao lado de Cuiabá, Poxoréu foi a cidade com a temperatura mais alta também em 2018, com 41 oC em 12 de julho daquele ano, e a segunda em 2017, com 43 oC em 13 de outubro, depois de Nova Xavantina, a leste de Mato Grosso, que registrou 43,9 oC em 16 de outubro de 2017, de acordo com as estações do Inmet. Essa região apresenta o chamado efeito da continentalidade: sem a brisa do mar, por estar distante do litoral, as temperaturas são altas na maior parte do ano, apesar das chuvas de verão.

“A temperatura média do Brasil está aumentando ano a ano”, comenta a meteorologista Márcia Seabra, coordenadora-geral do Inmet. O mapa de temperatura média do Brasil em 2019 mostra as áreas com temperaturas mais altas em vermelho, no norte das regiões Norte e Nordeste, e as mais baixas em azul, concentradas no sul do país. Desde 1961, as áreas vermelhas se expandiram e as azuis se retraíram. Do mesmo modo, as anomalias – variações acima ou abaixo da média de um lugar – também se acentuaram ao longo das últimas décadas.

“As temperaturas média, máxima e mínima no Brasil são sempre maiores nos anos mais recentes, principalmente a partir de 2010”, observa o meteorologista Tércio Ambrizzi, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). “Do ponto de vista da temperatura é evidente que a atmosfera está aquecendo, já que tanto a temperatura mínima, registrada durante a madrugada, quanto a máxima, medida durante o dia e dependente da cobertura de nuvens, estão mais altas nos últimos anos.”

Fonte: Revista Fapesp

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Usina a carvão Ouro Negro pode ter processo de licenciamento ambiental arquivado 

O Instituto Internacional ARAYARA protocolou nesta semana um pedido formal ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para o arquivamento do processo de licenciamento ambiental da Usina Termelétrica (UTE) Ouro Negro, planejada para o município de Pedras Altas, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O projeto, movido a carvão mineral, surgiu

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Especialista adverte – “A vida sob ataque: os riscos jurídicos e sociais do PL da Devastação ambiental”

O Senado Federal aprovou, com apoio da maioria de seus membros e liberação da bancada do governo, o Projeto de Lei nº 2159/2021 — chamado por ambientalistas de “PL da Devastação”. A proposta, que já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados, retornou à casa iniciadora para análise de destaques e emendas de redação. A depender do desfecho, o Brasil

Leia Mais »

Parque Nacional de Brasília sob ameaça

Com participação popular expressiva, audiência pública denuncia os riscos da privatização da Flona e PNB, pedindo a suspensão imediata do processo de concessão Por iniciativa da deputada federal Érika Kokay (PT-DF), a Comissão de Participação Legislativa da Câmara dos Deputados realizou, na última segunda-feira (7/7), uma audiência pública para debater a concessão da Floresta Nacional (Flona) e do Parque Nacional

Leia Mais »