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COP26: Bolsonaro é o maior vilão ambiental desde Estocolmo, 1972

COP26: Bolsonaro é o maior vilão ambiental desde Estocolmo, 1972

Ao fugir da Conferência do Clima em Glasgow, Presidente indica acirramento da violência contra imprensa e opositores, mas terá de lidar com a realidade: 78% dos brasileiros  acreditam serem as mudanças no clima uma das maiores preocupações da humanidade

Carlos Tautz

A Conferência das Partes da Convenção do Clima, a COP26 (31/10 a 12/11 em Glasgow, Escócia) não precisou nem começar para o Presidente Jair Bolsonaro alcançar a inédita condição de o maior vilão global ambiental desde 1972.

A conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) realizada em Estocolmo (Suécia), há 49 anos, iniciou o longo ciclo das grandes conferências da ONU sobre meio ambiente e e desenvolvimento e marcou a história com o momento a partir do qual se popularizou o conceito de limites físicos do crescimento econômico, que marcou toda a produção científica global, a geopolítica, a forma de produzir energia e que, em última análise, justifica a própria realização desta Conferência na capital escocesa.

Para não expor Bolsonaro a constrangimentos ainda maiores do que ele já presenciou na Itália neste fim de semana, quando foi apartado pelos chefes de Estado na reunião do G20 e sequer saiu na foto oficial do evento, um Itamaraty agora negacionista agiu.

Tentou reduzir em Glasgow os danos à já destroçada imagem de um presidente negacionista e oportunista, que gargalhou da morte quase 610 mil brasileiros durante a pandemia, por recusar uma marca de vacina ao seu próprio povo enquanto seus comparsas no Ministério da Saúde fraudavam concorrências para comprar imunizantes de fornecedores cúmplices.

É o mesmo Itamaraty que, após ter sido há cinco ou seis governos um dos propulsores da idéia de responsabilidades comuns porém diferenciadas (que orienta a Convenção do Clima), agora sugeriu ao ex-capitão Bolsonaro bater em retirada para Brasília, antes mesmo do evento climático, a que todos os chefes de Estado importantes fazem questão de comparecer.

Porém, como é da lógica do jeito Bolsonaro de ser, ele não perdeu a oportunidade de protagonizar, em Roma, antes da fuga para seu bunker no Planalto, cenas típicas da violência política que já se assiste no Brasil desde a campanha do Presidente, em 2018.

Um cenário, aliás, que tende a  se radicalizar à medida em que, entre outros fenômenos sociais, crescem o desmatamento e as emissões de gases estufa no Brasil, a crise política e econômica se agrave e continuem a cair as intenções de voto que o ocupante do Palácio ainda mantém, para as eleições presidenciais de 2022.

Radicalização da violência

Na capital da Itália, ele ultrapassou o limite das agressões verbais que fazia principalmente contra jornalistas mulheres e terceirizou a seus seguranças a tática da agredir repórteres, agora fisicamente. O quadro, preparem-se, já indica que aumentará a violência por parte dos adoradores do Bolsonaro na velocidade em que se aproximarem as eleições do ano que vem.

Ontem, ao final da reunião do G20, quando foi a rua encontrar a meia dúzia de apoiadores acríticos, Bolsonaro deu a senha para sua tropa de choque investir contra repórteres, quando respondeu de forma violenta ao correspondente da TV Globo, Leonardo Monteiro.

Na sequência imediata, Leonardo levou um soco de um segurança e foi empurrado. Ana Estela Pinto, da Folha de São Paulo, foi empurrada com violência pelo menos quatro vezes, e Jamil Chade, do UOL e El País Brasil, que filmava tudo com seu celular, teve o aparelho roubado e posteriormente jogado fora, por parte de outro segurança de Bolsonaro. 

Essas agressões provam que vem se radicalizando ainda mais a tática da violência por parte do Presidente e seus apoiadores. O negacionismo fascista de Bolsonaro logicamente escolhe como alvo privilegiado aqueles que produzem a informação e o conhecimento e que, assim, escancaram a visão anti-democrático do Presidente.

Jornalistas, cientistas, professores, indígenas e ambientalistas, com suas profissões, suas denúncias e sua militância, que se cuidem – ou que corram, os quen puderem.

Nesta segunda-feira (1) de manhã, a polícia política italiana foi ainda mais longe e fez o clima esquentar. Em Pádua, onde Bolsonaro teria compromissos políticos. Pelotões típicos da Era Mussolini agrediram violentamente com golpes de cassetete e jatos d’água centenas de pessoas que denunciavam Bolsonaro pelos crimes de genocídio na pandemia e de desmonte das políticas públicas, inclusive as ambientais e de direitos humanos.

As cenas podem ser vistas aqui.

O capitão bate em retirada para Brasília

Sabedor de que esse clima de rejeição é ainda mais agudizado na COP26, onde seria amplificada a denúncia dos desmontes e violências, chegando ao estímulo aberto ao garimpo ilegal até em terras indígenas demarcadas, Bolsonaro fugiu.

Voltou para Brasília, e proibiu a presença em Glasgow até do seu vice, o general aposentado Hamilton Mourão, que desde fevereiro de 2020 Mourão preside o Conselho da Amazônia.

Integrado apenas por representantes de vários ministérios e sem qualquer participação da sociedade civil, o Conselho apenas se configurou como mais um espaço militarizado na gestão Bolsonaro.

Uma bocarra, daquelas em que oficiais superiores, a começar por Mourão, acumulam inconstitucionalmente jetons, DAS, diárias e toda sorte de privilégios de que usufruem nababescamente os militares que nuca combateram, desde que o capitão Bolsonaro conseguiu chegar ao Palácio.

Em verdade, no período Mourão à frente do Conselho, centenas de militares foram empregados em operações onerosas (custaram seis vezes mais do que os orçamentos das agências de regulação ambiental ICMBio e Ibama), em substituição aos tarimbados agentes ambientais, e as taxas de desmatamento e de emissão de gases estufa bateram recordes históricos duas vezes.

Dados como esses não escandalizam e preocupam “somente” a opinião pública mundial, os mercados importadores de produtos brasileiros (cada vez mais taxados de anti-ambientais) e aqueles chefes de Estado que já isolaram Bolsonaro no G20.

“Bolsonaro é uma ameaça à vida humana”

A opinião deles, a propósito, foi sintetizada em entrevista à Folha, nesta segunda, por George Monbiot, influente colunista do The Guardian: “Bolsonaro é uma ameaça à vida humana”, afirmou Monbiot. “Ele (Bolsonaro) representa uma ameaça em muitos níveis para os brasileiros, mas também uma ameaça global em proteger não apenas a Amazônia, mas também o cerrado”.

Essa não é apenas uma opinião de gringos. O público interno, aquele que parece ser a única preocupação de Bolsonaro porque pode lhe garantir ou negar votos, dá sucessivas mostras de que rejeita o governo pela sua atuação o campo climático e ambiental.

O front interno

Segundo pesquisa publicada hoje pela revista Exame, em parceria com o Instituto de Pesquisas Ideia, para 78% dos brasileiros, “a mudança climática é um risco para toda a humanidade, levando a eventos extremos como enchentes, incêndios e furacões”.

“A maior parte das pessoas acha que a resolução do problema do aquecimento global passa pela Amazônia”, disse Maurício Moura, diretor do Instituto Idéia. “Isso é muito importante, porque parece que é um assunto que parece distante dos grandes centros brasileiros, mas que a pesquisa mostrou que adquiriu muita substância na busca da solução do problema”, completou.

Não há notícia pior para a um negacionista. A consciência informada dos eleitores, principalmente contra os tais 20% que todas as pesquisas indicam serem o núcleo duro dos que insistem em apoiar de forma acrítica qualquer avanço bolsonaresco sobre florestas e direitos indígenas, é o maior obstáculo que se coloca para quem faz do ódio cego e das opinões pré-formadas sobre tudo a única estratégia para chegar e se manter no poder.

Isto significa que Bolsonaro e Mourão podem continuar isolados e fugidios em eventos e convescotes internacionais. Esses fóruns nada mais renderão aos culpados, se tanto, do que extensas, assombradas e inúteis cartas de repúdio. A opinião alheia nada importa para quem se pós-graduou em elaborar e disseminar notícias falsas nas quais eles próprios acreditam como se estivessem em um Brasil paralelo.

Mas, a realidade política no Brasil, que tende a se transformar em realidade concreta e aguda à medida em que a luta pelo poder vá se afunilando, resultará em várias consequências.

A começar pelo aumento na intensidade da violência oficial, como se viu com o episódio das agressões cometidas contra jornalistas em Roma no final de semana, também no cenário interno pode ser aguardado um grau inédito de agressividade contra quem está no limite da resistência ao desmonte do mínimo Estado de proteção social e ambiental que a Constituição de 1988 ainda garante ao Brasil.

Neste grupo se encontram, além de jornalistas, cientistas e professores, também  ambientalistas e indígenas.

Elogio de Gerardo Amarilla, subsecretário de meio ambiente do Uruguai, a Bolsonaro repercute negativamente

Elogio de Gerardo Amarilla, subsecretário de meio ambiente do Uruguai, a Bolsonaro repercute negativamente

A intrigante declaração de Gerardo Amarilla nas redes sociais, no último dia 14 de outubro, com fotos do seu encontro com Jair Bolsonaro repercutiu muito negativamente na mídia Uruguaia. A mensagem do sub-secretário do Ministério do Meio Ambiente, dizia: “Belo encontro com o presidente do Brasil, um líder valente que reconhece Deus e respeita a Constituição”.

A crítica, publicada no jornal ‘Semanario Voces’, é literal e mostra como é preocupante aos uruguaios e assim como aos demais países latinoamericanos, os rumos das decisões do governo brasileiro, não somente nas pautas de proteção socioambiental, como demais posicionamentos que expõe internacionalmente a face de um Brasil retrógrado e violento. Leia um trecho a seguir de Eduardo Gudynas, pesquisador e ambientalista:

“Bolsonaro, que seria um “líder valente” segundo Amarilla, é na verdade uma pessoa que incentiva o uso de armas, celebra a violência, é repetidamente machista e racista, briga com a ciência e lança todo tipo de falsos dizeres. Nestes tempos, argumentou que a pandemia Covid19 era uma “gripe”, face às mortes pelo vírus, respondeu que “temos de deixar de ser um país de maricas”; Um pouco antes ele disse “sou a favor da tortura”, “se eu vir dois homens se beijando na rua eu vou bater neles” e “os pobres só têm uma utilidade em nosso país: votar”. As evidências sobre isso são esmagadoras e têm sido confirmadas há anos, portanto, não adiciono outros exemplos.

Amarilla também escreveu que o presidente brasileiro “respeita a Constituição”, mas no mundo real isso não acontece. O próprio Bolsonaro diz abertamente que não pode cumprir a Constituição e, para enfatizar isso, disse que pode fazê-lo porque “ninguém é mais macho do que ninguém aqui”.

Além de tudo isso, é dramático que justamente o número dois do Ministério do Meio Ambiente do Uruguai elogie um regime caracterizado por ser estritamente antiecológico. No governo de Bolsonaro, por um lado, os controles ambientais foram cortados e, por outro, seu financiamento foi reduzido. Com efeito, os controles do Ministério do Meio Ambiente e dos órgãos ambientais federais foram cortados, e o controle dos infratores foi limitado, atingindo um nível que foi descrito pelos analistas como “tenebroso”. No último mês de abril, 600 funcionários do órgão ambiental federal (Ibama) assinaram ofício avisando que a fiscalização estava comprometida e paralisada. Ao mesmo tempo, o governo reduziu o orçamento ambiental (de R $ 3 bilhões em 2020, para R $ 2,1 bilhões em 2021). A consequência disso é um desastre ambiental.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro ataca a ciência. Ele fez isso repetidamente com o manejo da pandemia, qualificando-a como uma gripe, e faz o mesmo com a questão ambiental. Quando ficou conhecido o desmatamento revelado pelas fotos de satélite, Bolsonaro acusou os responsáveis ​​de serem mentirosos e destituiu o diretor do instituto encarregado dessas avaliações. Persegue cientistas que alertam sobre os mais diversos assuntos, e isso leva alguns de seus militantes a ameaçá-los e até persegui-los.

(…)
Não importa se Amarilla realmente acredita que Bolsonaro é um líder a ser parabenizado, ou se ele está muito desinformado sobre o que está acontecendo no Brasil e sobre as reações internacionais. O que é preocupante é se essas palavras anunciam uma mudança do herrerismo para um conservadorismo de estilo bolsonarista, e se isso arrastará o resto da coalizão. São palavras que afetam também especialmente o Partido Colorado, já que o ministro do meio ambiente vem dessas lojas. Todos os tipos de perguntas surgem sobre o que esperar. Bolsonaro será imitado na liberalização do uso de armas pessoais em face da crise de segurança? O Ministério do Meio Ambiente vai desmantelar gradativamente os controles ambientais? Vamos nos afastar da ciência? Todas as questões estão abertas.”

Fonte: Semanario Voces
http://semanariovoces.com/el-viceministro-que-alaba-a-bolsonaro-por-eduardo-gudynas/

Brasil não adere ao compromisso de 130 países de lutar contra fake news

Brasil não adere ao compromisso de 130 países de lutar contra fake news

O governo de Jair Bolsonaro não aderiu a uma iniciativa de países de todo o mundo para estabelecer um compromisso de não difundir desinformação em meio à pandemia. O documento foi assinado por 132 países e autoridades.

Aliados do governo Bolsonaro como Israel, Índia, Hungria e Japão assinaram a declaração. Até mesmo o governo dos EUA de Donald Trump aderiu, assim como o Reino Unido de Boris Johnson. Também aderiram ao projeto Alemanha, França e Itália, entre muitos outros países democráticos.

Na América do Sul, fazem parte do projeto o Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Suriname, Bolívia, Peru e Argentina, além da Venezuela e Equador. Na região, só o Brasil ficou de fora.

As informações são do portal UOL.

Já falamos, aqui no site do Instituto Arayara, sobre os impactos das Fake News no atendimento médico em tempos de covid-19.

FAKE NEWS MATA

Em maio (31), foi lançado, em meio a uma forte discussão sobre Fake News, um portal que reúne casos em que notícias falsas levaram a morte, linchamento e pânico. O site www.noticiafalsamata.com.br apresenta ao usuário dados, depoimentos e reportagens que visam alertar os brasileiros que o debate sobre o tema não pode ser ideologizado. 

Ao resgatar casos reais de violência, linchamento, mortes e pânico, a iniciativa quer chegar às casas de todos os brasileiros com outra visão de um problema real e que leva à morte de inocentes, ainda mais em tempos de pandemia, quando promessas milagrosas de cura ou combate ao coronavírus se propagam numa velocidade jamais vista.

Veja alguns dados:

110 milhões de pessoas acreditam em ao menos uma Fake News sobre o coronavírus;

62% dos brasileiros admite ter acreditado em notícias falsas;

9 em cada 10 brasileiros já viram notícias falsas sobre o coronavírus ou seja, cerca de a 141 milhões de pessoas;

Apenas 22% dos brasileiros checam a veracidade das notícias antes de compartilhá-las;

2 em cada 3 brasileiros receberam Fake News nas últimas eleições

Pesquisa: 90% concorda com isolamento social e 8% aprova a atuação do presidente Bolsonaro

Pesquisa: 90% concorda com isolamento social e 8% aprova a atuação do presidente Bolsonaro

Escuta exclusiva feita pela ARAYARA.org com seus assinantes a apoiadores mostra que 90% concorda com as medidas de contenção ao novo coronavírus impostas pelas autoridades (fechamento de escolas, igrejas, comércio, entre outros).

87% afirma que o isolamento social deve continuar porque o pior está por vir

71% acredita que vai aumentar o número de casos e mortes pelo novo coronavírus no seu estado

63% se informa sobre a pandemia pela televisão

63% aprova a atuação do prefeito da cidade onde mora no enfrentamento à pandemia

60% aprova a atuação do governador do estado onde mora no enfrentamento à pandemia

8% aprova a atuação do presidente Bolsonaro no enfrentamento à pandemia

Salles deixa Meio Ambiente para chefiar “gabinete do ódio”

Salles deixa Meio Ambiente para chefiar “gabinete do ódio”

BRASÍLIA, 01/04/2020 – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deixará a chefia da pasta nesta quarta-feira (1) para assumir o cargo de assessor especial para redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Salles coordenará, ao lado de Carluxo Bolsonaro, o chamado “gabinete do ódio”, encarregado de disseminar notícias falsas nas redes sociais para animar a militância.

O desligamento do ministro será publicado numa edição extra do Diário Oficial da União, mas o próprio Salles antecipou a notícia ao Blog da Sadi.

“O presidente Bolsonaro concluiu que, pelo meu histórico na Sociedade Rural Brasileira, eu estou habilitado a lidar com gado”, declarou, por FaceTime, do Clube Paulistano, onde cumpre medida socioprotetiva voluntária de isolamento da realidade. “Além do que o vereador Bolsonaro necessita de um adulto por perto para lhe dar os remédios.”

O governo decidiu que Salles não será substituído à frente do MMA. “O cargo ficará vago, como sempre esteve desde janeiro de 2019”, disse o general-vice-presidente Hamilton Mourão, instado a comentar a saída do ministro durante uma cerimônia de homenagem a Brilhante Ustra na Esplanada. O salário de Salles será usado na política de alívio econômico do empresariado governista. Segundo Mourão, o recurso será usado para comprar ações do Madero: “Umas 5.000 ou 7.000.” Questionado sobre o futuro da política de combate ao desmatamento, o general, que preside o Conselho da Amazônia, devolveu: “Que política?”

Especulações sobre a saída de Salles do ministério vêm sendo tecidas desde o ano passado, quando o ministro fracassou em gerenciar a crise das queimadas na Amazônia, a crise do óleo no Nordeste e a explosão do desmatamento. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, ao ver que Salles havia perdido completamente o controle da gestão ambiental no Brasil e ainda assim teve coragem de pedir dinheiro às potências internacionais na COP25, Bolsonaro concluiu que o ministro era um ativo do governo e merecia promoção. “Não era, afinal, apenas um office-boy do agro. Se fosse militar, teria virado ministro da Casa Civil”, disse um aliado que ainda não rompeu com o presidente.

Segundo essa fonte, Salles havia declinado do convite, de olho no fundo bilionário da conversão de multas ambientais para alavancar sua candidatura em 2022. Mesmo assim, passou a frequentar assiduamente a ala psiquiátrica do Planalto e a dar conselhos ao presidente. Teria sido de Salles a redação final do célebre discurso de Bolsonaro de 24 de março. “Ninguém mais ali conseguia escrever um período completo”, afirmou um general. No entanto, com a expiração da Medida Provisória que criava o fundo, e sem conseguir mudar as regras de nenhum outro fundo da área ambiental em benefício próprio, o ministro antecipou sua saída.

Salles e Carlos Bolsonaro terão a missão de convencer milhões de robôs do Twitter de que a estratégia do presidente para lidar com a crise sanitária faz algum sentido. “Começamos a notar que nem os perfis falsos estavam apoiando mais o presidente. É muito estranho isso. O conluio dos que são contra a maneira diferente de governar criou uma isentosfera vermelha até mesmo no mundo virtual. O sistema irá até onde muitos nem imaginam”, tuitou o 02, em sua sintaxe peculiar, sem especificar se o sistema em questão era real ou figurado. “Tirem suas conslusões”, prosseguiu.

A saída do ministro, porém, não deve ocorrer sem traumas. O presidente do Ibama, Eduardo Bim, confessou a policiais militares que não sabe mais a quem obedecerá cegamente na ausência do chefe. O comandante do IPMBio, coronel Homero Cerqueira, em estado de desorientação há mais de um ano, não soube responder se Salles faria falta. “Só sei que a culpa é da Greta!”

Para mitigar o impacto de sua saída, Salles editou duas portarias de despedida, que também deverão ser publicadas nesta quarta-feira. A primeira determina a publicação em 24 horas do Plano Anual de Fiscalização na página do Ibama na internet, a fim de “facilitar a vida dos pais e mães de famiglia da Amazônia que precisam de estímulo econômico”. A segunda determina que trabalhadores aliciados para atividades de desmatamento na Amazônia deverão manter distância mínima de 2 metros entre si. “Não é porque o presidente está do lado do vírus nós não nos preocupamos com as pessoas”, disse Salles.

Cumprindo a tradição do OC nesta data, este texto é falso. Os estragos causados pelo governo Bolsonaro na política ambiental brasileira, porém, são desgraçadamente reais.

Fonte: http://www.observatoriodoclima.eco.br/salles-deixa-meio-ambiente-para-chefiar-gabinete-odio/