+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Relatório internacional aponta estatal argentina como principal destino de investimentos em combustíveis fósseis

Documento foi produzido pelas organizações ambientais Instituto Internacional Arayara e Urgewald, em parceria com as ONGs latinas Conexiones Climaticas, Amazon Watch e FARN

Por: Avenida Comunicação

O relatório Urgewald, divulgado no dia (29/09), traz dados inéditos sobre o financiamento da expansão de combustíveis fósseis na América Latina e no Caribe (ALC). O estudo, intitulado O Rastro do Dinheiro por Trás da Expansão de Combustíveis Fósseis na América Latina e no Caribe (The Money Trail Behind Fossil Fuel Expansion in Latin America and the Caribbean), expõe as instituições financeiras globais que apoiam as empresas por trás do aumento de projetos de petróleo e gás na região, além de mostrar os impactos devastadores nas comunidades afetadas. 

Entre 2022 e 2024, bancos locais e estrangeiros destinaram cerca de US$5,23 bilhões às companhias com sede na Argentina que atuam no setor de combustíveis fósseis. A maior delas é a estatal de capital misto YPF S.A., com US$2,77 bilhões captados no período – o que representa mais de um terço do total de financiamentos obtidos por empresas do país. Os principais financiadores da YPF são o Santander (US$0,97 bi), Citigroup (US$0,34 bi), JPMorgan Chase (US$0,34 bi) e Bank of America (US$0,09 bi). 

Em seguida, a Pampa Energía S.A., maior companhia privada de energia da Argentina, recebeu US$1,29 bilhão no mesmo período. Entre seus principais financiadores estão o Santander, Deutsche Bank, Citigroup e JPMorgan Chase. De acordo com o relatório, entre 2016 e 2025, a área destinada à exploração de petróleo e gás no país alcançou 162.357 km², a terceira maior da América Latina, atrás apenas de Brasil e México.

De acordo com o documento, entre 2016 e 2025, a área destinada à exploração na Argentina alcançou 162.357 km² – a terceira maior da América Latina, atrás apenas do Brasil e México. A expansão dos combustíveis fósseis se intensificou com o início do governo Milei, que rebaixou o Ministério do Meio Ambiente a uma Subsecretaria, reduziu em 80% o orçamento da pasta e promoveu mudanças legais para facilitar o fracking, ampliar a perfuração offshore e viabilizar nova infraestrutura petrolífera.

Um dos projetos mais simbólicos é o Oleoduto Vaca Muerta, previsto para entrar em operação em 2026, com capacidade para transportar 550 mil barris de petróleo por dia até o Golfo de San Matías. O empreendimento é uma joint venture formada por oito empresas, entre elas Shell e Chevron, sob liderança da YPF, e conta com um acordo preliminar de financiamento de US$2 bilhões, fechado em julho de 2025.

O documento também aponta o papel dos bancos argentinos na manutenção da indústria fóssil. Entre 2022 e 2024, o volume total de crédito concedido por instituições nacionais ao setor atingiu US$ 2,59 bilhões, com destaque para o Grupo Financiero Galicia (US$ 0,54 bi), Allaria Fondos (US$ 0,32 bi) e Banco Hipotecario (US$ 0,26 bi)

No campo dos investimentos, a Administración Nacional de la Seguridad Social (ANSES), fundo estatal de previdência pública, aparece como o principal investidor argentino, com US$750 milhões aplicados integralmente na Pampa Energía. Até junho de 2025, as empresas argentinas receberam US$2,22 bilhões em investimentos, concentrados em YPF e Pampa Energía.

Consequências ambientais

Desde dezembro de 2024, incêndios sem precedentes atingiram a região da Patagônia, na Argentina. Desde então, as queimadas devastaram cerca de 25.100 hectares na área, além de 10.300 hectares nas áreas de Los Manzanos e El Ganso. Segundo o relatório, desastres ambientais possuem relação direta com às mudanças climáticas e à degradação ambiental causadas pelos investimentos em combustíveis fósseis. 

Para o diretor do Instituto Internacional Arayara, Juliano Bueno, a transição energética justa é essencial para restaurar a estabilidade climática no país.

“A Argentina tem um enorme potencial de realizar uma transição energética justa. Isso não se resume apenas a reduzir emissões, mas a repensar o modelo de desenvolvimento. Cada vez que insistimos em ampliar a exploração de petróleo offshore ou flexibilizar leis ambientais, perdemos a chance de gerar empregos sustentáveis em energias renováveis e de proteger comunidades costeiras e ecossistemas frágeis. A mitigação, por meio da transição energética, é a única forma de restaurar o equilíbrio climático e garantir um futuro viável para as próximas gerações.”, afirma Juliano.

Foto: reprodução/ Creative Commons

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: ONGs vão à Justiça pedir anulação do aval à exploração do petróleo na Foz do Amazonas

Ação movida na Justiça Federal do Pará pede liminar para suspender perfuração Oito organizações não-governamentais, incluindo redes do movimento ambientalista, indígena, quilombola e de pescadores artesanais, entraram na quarta-feira com uma ação na Justiça Federal do Pará pedindo a anulação do aval à exploração do petróleo na Foz do Amazonas. A licença à estatal foi concedida pelo Ibama no último

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Global asset or frontier for extraction? COP30 is a reckoning for the Amazon

Governments of the Amazon are reaffirming their goals of pursuing green investment – all while expanding fossil fuel exploration and mining In November, the world will turn its attention to the Brazilian city of Belém, as it hosts the COP30 summit. In its thirtieth edition, the UN’s annual climate conference, which aims to accelerate international efforts to mitigate and adapt

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: ONGs vão à Justiça contra licença da Petrobras na Foz do Amazonas

Um grupo de ONGs (Organizações Não Governamentais) entrou com pedido na Justiça na 4ª feira (22.out.2025) em que apontam possíveis ilegalidades e falhas técnicas no processo de licenciamento para perfurar o poço Morpho, no bloco FZA-M-059, na bacia da Margem Equatorial. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu a licença de operação para a

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Entidades ambientalistas e sociais pedem na Justiça anulação da licença da Petrobras na Foz do Amazonas

As oito entidades ainda pediram uma liminar suspendendo imediatamente as atividades de perfuração, “sob risco de danos irreversíveis ao meio ambiente” Oito entidades ambientalistas e de movimentos indígena, quilombola e de pescadores informaram que entraram na quarta-feira (22) com uma ação na Justiça Federal do Pará contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Petrobras e

Leia Mais »