Representantes do Observatório do Clima, do Grupo de Trabalho em Energia — entre eles o Instituto Internacional ARAYARA — participaram na última terça-feira (7/7) de uma oficina em São Paulo (SP) para avançar no estudo “Petrobras que Precisamos”.
O encontro, realizado na sede da Ação Educativa, discutiu os caminhos para que a estatal assuma um papel de protagonismo na transição energética e no cumprimento das metas climáticas do Brasil.
Segundo o relatório “O Brasil em uma encruzilhada: Repensando a expansão de petróleo e gás da Petrobras”, lançado junho pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD, na sigla em inglês), a World Benchmarking Alliance (WBA) e o WWF-Brasil, a Petrobras representa sozinha mais da metade dos planos de expansão de campos de petróleo e gás no país. Até 2029, a empresa prevê investir 97 milhões de dólares (R$ 536 milhões de reais, na cotação atual) em exploração, produção, transporte e refino.
O levantamento mostra que os esforços da Petrobras para descarbonizar suas operações e diversificar para energias de baixo carbono ainda correspondem a apenas 15% do investimento total previsto pela empresa até 2029.
No 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC), realizado no mês passado, a estatal arrematou dez blocos na Bacia da Foz do Amazonas e três na Bacia de Pelotas, com um desembolso de R$ 139 milhões. A presença de blocos exploratórios na Foz do Amazonas e no Alto Xingu evidencia o avanço sobre biomas extremamente sensíveis e territórios indígenas, o que intensificou os protestos de ambientalistas e de comunidades indígenas contra a expansão dessas atividades.
Contribuições e avanços no GT
Pela manhã, consultores apresentaram a nova versão da nota técnica, já atualizada com sugestões do último encontro, que aconteceu em junho. “O documento destaca a necessidade de a Petrobras equilibrar suas vantagens competitivas e tecnológicas com as mudanças globais rumo à descarbonização, além de orientar sua reestruturação com base em critérios claros de sustentabilidade, inovação e rentabilidade”, revela a advogada e colaboradora da ARAYARA, Hirdan Costa.
Segundo Costa, os especialistas defenderam que a empresa investisse em tecnologias como digitalização, inteligência artificial e robótica para reduzir custos, aumentar a produtividade e diminuir emissões. Também apontaram como desafios a readequação do portfólio após anos de desinvestimentos, a restrição de recursos financeiros e o endividamento acumulado desde a crise de 2014–2016.
Na parte da tarde, os participantes discutiram as próximas ações de comunicação para mobilizar a campanha Petrobras que Precisamos e definiram os tópicos que vão embasar a posição do Grupo de Trabalho, a ser finalizada até 5 de agosto. Os documentos e propostas serão circulados entre os integrantes para ajustes antes da versão final.
Para Costa, a oficina reforça a necessidade urgente de alinhar a estatal aos compromissos climáticos. “A Petrobras precisa deixar de ser vista apenas como uma produtora de petróleo e passar a ser reconhecida como protagonista de uma transição energética justa, capaz de gerar empregos e garantir sustentabilidade para as futuras gerações”, afirmou.