+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Foto de ChrisGallagher/Unsplash.

Negacionismo Científico e Enchentes no Rio Grande do Sul: Um Alerta Climático

A crise climática que nos afeta se intensifica à medida que desmatamos e exploramos combustíveis fósseis.

O Brasil, um dos maiores emissores de CO2, continua a fomentar a indústria de petróleo e gás, aumentando a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos.

No Rio Grande do Sul, os desafios ambientais são ainda mais graves pela relutância do governo, tanto em reconhecer a ciência climática quanto em implementar políticas ambientais eficazes.

O estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma crise climática severa, manifestada por enchentes devastadoras que atingiram mais de 475 municípios, desalojaram cerca de 579 mil pessoas e causaram 172 mortes.

Este cenário alarmante é um reflexo direto do aquecimento global, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis e pela destruição ambiental.

Segundo o relatório AR6 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC 2022), as atividades humanas, especialmente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) pela queima de combustíveis fósseis, estão aquecendo a Terra. A concentração de CO2 alcançou 420 ppm em 2024, intensificando eventos climáticos extremos, como enchentes. No Brasil, o incentivo à exploração de combustíveis fósseis contraria as diretrizes da Agência Internacional de Energia (IEA), que recomenda a suspensão de novos investimentos nesta área para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

As enchentes resultam de chuvas intensas ou prolongadas e são exacerbadas pelo uso inadequado do solo e pela falta de vegetação. Em áreas urbanizadas e agrícolas, a infiltração das águas pluviais ao solo tem sido reduzida pela pobreza de árvores, aumentando o escoamento superficial. A vegetação, especialmente nas Áreas de Preservação Permanente (APPs), desempenha um papel crucial na absorção de água e na prevenção de cheias.

Relatórios do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam que, de 24 a 28 de abril de 2024, municípios como Quaraí, Rio Grande e Caçapava do Sul registraram precipitações superiores a 200 mm. Em maio, a precipitação acumulada chegou a 400 mm, superando significativamente a média mensal de 140 a 180 mm. Este excesso de água, combinado com a limitada capacidade de drenagem do Guaíba, resultou nas enchentes catastróficas que vimos.

Negacionismo científico – até quando?

A crise climática é intensificada pelo desmatamento e pela exploração de combustíveis fósseis. O Brasil, um dos maiores emissores de CO2, continua a fomentar essas atividades, aumentando a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos. No Rio Grande do Sul, essa situação é agravada pela relutância do governo em reconhecer a ciência climática e implementar políticas ambientais eficazes.

A aprovação do Projeto de Lei nº 151/2023, que facilita a construção de barragens e as intervenções em APPs, enfraquece as proteções ambientais e exacerba os problemas de enchentes. Em 2019, o governo estadual do Rio Grande do Sul ainda revisou o Código Ambiental, comprometendo ainda mais a preservação ambiental.

As enchentes de 2024 tiveram consequências devastadoras: 170 mil pessoas ficaram sem energia elétrica, importantes infraestruturas como a Arena do Grêmio e o aeroporto Salgado Filho foram inundadas, e o transporte foi severamente afetado. A Defesa Civil atualizou em 3 de junho de 2024 que 2.390.556 pessoas foram impactadas, 806 ficaram feridas e 42 estão desaparecidas.

Os eventos extremos no Rio Grande do Sul são um chamado urgente para a ação climática. A ciência deve ser valorizada para prever e mitigar desastres, e políticas ambientais rigorosas são essenciais para combater o aquecimento global. Somente com a redução das emissões de GEE e a preservação ambiental podemos evitar que tragédias como esta se tornem mais frequentes. O futuro do clima, da biodiversidade e da segurança das populações depende das ações que tomarmos agora.

Acesse aqui o Resumo Executivo do estudoNegacionismo científico: causas dos eventos de enchentes no Rio Grande do Sul”, produzido por técnicos especialistas da Arayara.

Ou clique aqui, para o Estudo na íntegra..

Crédito: O estudo está sob a licença Creative Commons: CC BY-NC (Atribuição-NãoComercial). Você pode remixar, adaptar e criar a partir deste trabalho, desde que para fins não comerciais e atribua ao Instituto Internacional Arayara o devido crédito. 

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Justiça suspende uso da água do Rio Melchior na instalação da Usina Termelétrica Brasília

Impactos ambientais como a captação do uso de 110 mil litros de água por hora do rio Melchior foi um dos argumentos para embasar a decisão Uma decisão liminar do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) suspendeu as outorgas de uso de água concedidas à Usina Termelétrica Brasília (UTE Brasília), megaprojeto da empresa Termo Norte Energia, atualmente em licenciamento.

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Justiça do DF suspende outorgas para captação de água da UTE Brasília

Uso de recursos hídricos é indispensável para o empreendimento e etapa obrigatória para o licenciamento ambiental BRASÍLIA — O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) suspendeu a outorga para uso da água da usina termelétrica (UTE) de Brasília (veja a íntegra da decisão .pdf). A vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário acolheu os argumentos de ação civil

Leia Mais »

Justiça suspende outorga contra o uso de água para a instalação da UTE Brasília

A ação civil pública movida pelo Instituto Internacional ARAYARA visa garantir a segurança hídrica e ambiental do Distrito Federal O Tribunal de Justiça do Distrito Federal deu um passo decisivo na defesa ambiental da capital ao suspender, por meio de liminar, as outorgas de uso de água destinadas à instalação da Usina Termelétrica Brasília (UTE Brasília), um megaempreendimento energético da

Leia Mais »

ARAYARA e Urgewald – Coletiva de Imprensa Online sobre o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão

No Caminho para a COP30: Governo Brasileiro Pretende Liberar Exploração Maciça de Novas Reservas de Petróleo e Gás Na quinta-feira, 12 de junho, às 15h (horário da Europa Central – CEST), a Urgewald convida para uma coletiva de imprensa online com: Nicole Figueiredo Oliveira, diretora  executiva do Instituto Internacional Arayara (Brasil)Nicole apresentará dados sobre a dimensão e os possíveis impactos

Leia Mais »