+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Fracking leva ‘lixão líquido’ para cidade dos EUA

A luta contra o fracking nos Estados Unidos continua dura – e injusta. Grupos ambientalistas se uniram contra uma licença que permite o descarte de fluidos de fraturamento hidráulico em um local da cidade de Plum Borough, na Pensilvânia, colocando toda a população local em risco.

O plano é converter um antigo poço de petróleo e gás em um poço de descarte de águas residuais de 1.900 pés de profundidade.

Os riscos de contaminação química tóxica e radioativa da água potável, e o potencial de terremotos e degradação de estradas por centenas de caminhões são só alguns dos motivos citados como razões para se opor ao projeto.

“O local do poço representaria riscos devastadores para vários sistemas públicos de água potável do rio Allegheny, incluindo a Autoridade de Água e Esgoto de Pittsburgh, que fornece água para centenas de milhares de residentes e empresas da cidade de Pittsburgh”, diz o comunicado assinado por organizações como Protect PT, Citizens 4 Plum e Breathe Project, que você pode acessar aqui (em inglês).

Órgãos ambientais foram a favor do projeto

Só para explicar a situação em que se encontram as populações que vivem nestes lugares, a decisão cabe ao Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia (DEP), que já aprovou o projeto, juntamente com a Agência de Proteção Ambiental (EPA).

Ou seja, os órgãos que deveriam proteger foram os responsáveis pela aprovação de um projeto que põe em risco as terras e as pessoas que lá vivem.

O local é um poço convencional sem xisto, perfurado pela primeira vez em 1989 e conectado em 2015. Seis anos atrás, a Penneco Environmental Solutions, sediada em Delmont, solicitou uma licença para construir o local de controle de injeção subterrânea.

A empresa recebeu a licença do Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia em abril de 2020. O poço está previsto para começar a operar em março.

A carta dos grupos ambientalistas ao governador listou várias preocupações sobre a prática de injetar águas residuais no solo. Eles ressaltam que o poço possui inadequações estruturais de engenharia e que a injeção poderia causar terremotos e contaminar poços de água e rios com materiais radioativos.

Moradores da região são contra o projeto, mas foram ignorados

Matt Kelso, um residente Plum que trabalha com a FracTracker Alliance (uma organização ambiental sem fins lucrativos que investiga questões de saúde e lacunas de dados sobre fraturamento hidráulico), observa que este poço foi autorizado para o descarte de até “2.268.000 galões de óleo líquido tóxico e altamente radioativo e resíduos de gás em Plum Borough, perto da fronteira leste do Condado de Allegheny. O Borough é o lar de mais de 27.000 residentes que se posicionam firmemente contra este projeto, o primeiro de seu tipo no segundo condado mais populoso da Comunidade”, disse em entrevista publicada no PublicSource.

“Literalmente, não houve um residente de Plum que se apresentou para apoiar este projeto em qualquer momento desde que o público tomou conhecimento desta proposta de lixão líquido em 2017”.

Fracking na Pensilvânia

Vale lembrar que o fracking, junto com as discussões sobre extinção de postos de trabalho locais, se tornou uma das questões decisivas na disputa pelos votos presidenciais da Pensilvânia.

A maioria dos habitantes da Pensilvânia se opõe ao fracking. De acordo com uma pesquisa da Climate Power 2020, 73% dos eleitores da Pensilvânia apoiavam os planos de transição dos EUA para uma economia de energia limpa até 2050 e menos da metade (40%) apoiava a indústria de fracking.

Fonte: Não Fracking Brasil

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Leilão de Energia de 2026 expõe contradições e favorece carvão e gás, apontam especialistas

O Leilão de Reserva de Capacidade na Forma de Potência de 2026 (LRCAP 2026), anunciado no final de agosto pelo Ministério de Minas e Energia (MME), reacendeu o debate sobre os rumos da política energética brasileira. Apesar de ser apresentado como mecanismo para garantir segurança elétrica em meio ao avanço das fontes renováveis intermitentes, o certame vem sendo criticado por

Leia Mais »

Estudo sobre impactos da sísmica é apresentado à comunidade pesqueira durante a Pré-COP dos Oceanos

Evento organizado pela Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos e Comunidades Extrativistas Costeiros e Marinhos (CONFREM) reuniu lideranças extrativistas de todo o Brasil e fortaleceu a parceria com o Instituto Internacional Arayara na luta contra os impactos da exploração de petróleo no mar. No dia 3 de setembro, durante a Pré-COP dos Oceanos, realizada na Semana

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Justiça derruba decisão que cassava licença de operação de mina e UTE Candiota III

BRASÍLIA — A Justiça Federal restabeleceu a licença de operação da usina à carvão de Candiota III e da mina de Candiota. O desembargador Marcos Roberto Araújo dos Santos atendeu pedido da Âmbar Energia e suspendeu deliberação anterior que determinava ao Ibama e à Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) a interrupção da licença de

Leia Mais »

A Câmara do Comitê Interministerial sobre Mudanças Climáticas inicia os trabalhos com representantes da sociedade civil

A primeira reunião da CPS-CIM – Comitê de Participação Social contou com a presença da Arayara e de outras 44 entidades, marcando um passo importante rumo a uma política climática mais inclusiva. A recém-criada Câmara de Participação Social (CPS), instância consultiva do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), realizou sua primeira reunião extraordinária no dia 2 de setembro, de

Leia Mais »