+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Dom Jaime

Dom Jaime Spengler: Cuidado e bom senso

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

A tarefa de cuidar e melhorar o mundo para as futuras gerações, requer de todos mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder que regem a sociedade. Trata-se de uma tarefa que exige bom senso, determinação e coragem.

A tradição bíblica ensina a ver o ser humano como protagonista de um processo no qual ele é receptor de favores e sujeito ativo de decisões que determinam o sentido de seu próprio ser. Ele é destinado a cuidar do meio ambiente. O cuidado é o suporte vital da liberdade, da inteligência e da criatividade. No desenvolvimento da obra do cuidado é possível colher os princípios, os valores e as atitudes que proporcionam o conviver e o bem-viver.

A Casa Comum, com tudo aquilo que ela oferece generosamente para uma vida digna para todos, clama por cuidado. Cuidado para com as pessoas, culturas, biomas, plantas, águas, ar, animais, enfim, cuidado com a Terra.

A sociedade moderna consome grande quantidade de energia. Os combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, têm sido a grande fonte de energia para suprir as necessidades da indústria.

Há sérias razões para buscar fontes alternativas de energia. O carvão mineral, por exemplo, é altamente poluente. Prejudica o meio ambiente desde a sua extração até a produção de seus subprodutos. É uma fonte de energia não renovável. O processo de sua combustão provoca emissão de gases poluentes na atmosfera, agravando o efeito estufa.Está em discussão a exploração de carvão mineral às margens do Rio Jacuí, na região de Eldorado do Sul e às portas da cidade de Porto Alegre.

Existem sérias objeções a respeito dessa iniciativa. Riscos de contaminação do solo, do ar e da água são reais. O viés econômico não pode ser o único critério para determinar a exploração ou não da mina. Certamente os avanços tecnológicos oferecem possibilidade de operações sempre mais confiáveis. Contudo há sempre uma conta ambiental a ser paga, além do impacto sobre a natureza e a saúde das pessoas que moram na região para usufruir de possíveis e questionáveis ganhos econômicos. Total segurança é algo impossível. Ninguém de bom senso é capaz de afirmar com absoluta segurança que a exploração é ambientalmente segura.

O cuidado promove e salva a vida. Nosso dever comum é dela cuidar e promover.

Artigo publicado no Jornal do Comércio

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Sociedade civil discute gestão hídrica no DF e questiona impactos da UTE Brasília

Na última terça-feira (03), representantes da sociedade civil participaram de duas ações relevantes voltadas à gestão hídrica no Distrito Federal. Pela manhã, foi ao ar uma entrevista no canal Lume TV Web com o tema “Usina Termelétrica: solução ou ameaça?”, que discutiu os riscos e implicações socioambientais do empreendimento previsto para a região.   Participaram do debate Ivanete Santos, especialista em

Leia Mais »

Povos indígenas no Mato Grosso recebem oficinas sobre os riscos da exploração de petróleo ofertada no 5º leilão da ANP

O Instituto Internacional ARAYARA, por meio do Programa Fé, Paz e Clima e em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), iniciou uma série de oficinas com povos indígenas no estado do Mato Grosso, em resposta ao 5º Ciclo da Oferta Permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).  O leilão disponibiliza blocos para exploração de petróleo

Leia Mais »