+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Desafios da Transição Energética Justa é tema de palestra em Semana Acadêmica da UFSC

Evento integrou a Semana Acadêmica de Engenharia Ambiental da UFSC e trouxe reflexões sobre o PL da Devastação, os riscos da Licença Ambiental Especial e as dificuldades da política energética em Santa Catarina.

O desafio da transição energética justa diante do recém-sancionado PL da Devastação (a Nova Lei de Licenciamento Ambiental, Nº 15.190, de 08/08/2025) foi tema da palestra do Gerente de Transição Energética da ARAYARA, John Wurdig, durante a Semana Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A atividade aconteceu na tarde desta segunda-feira (25), no Auditório da Pós-graduação do Centro de Ciências da Saúde da UFSC, em Florianópolis, e contou com a presença de estudantes de diversos semestres do curso. O palestrante abordou os impactos da nova Lei, com destaque para os riscos da Licença Ambiental Especial (LAE), modelo que pode abrir caminho para retrocessos socioambientais de grandes proporções.

O risco da Licença Ambiental Especial (LAE)

A chamada Licença Ambiental Especial foi apresentada pelo governo como uma forma de “agilizar” processos de licenciamento, sustentada pela narrativa de que seriam esses processos os responsáveis por travar o desenvolvimento do país. Na prática, trata-se de uma flexibilização que prioriza decisões políticas acima de análises técnicas, enfraquece órgãos de controle e reduz a participação social em um processo que tem um potencial de consequências catastróficas para a crise climática.

Ao permitir que empreendimentos considerados “estratégicos” sejam aprovados de forma acelerada, a LAE abre espaço para que projetos de alto impacto, como os ligados a combustíveis fósseis, avancem sem as devidas garantias de proteção ambiental e de respeito às comunidades atingidas.

A medida representa mais uma brecha para que a “boiada dos fósseis” passe, consolidando retrocessos justamente no momento em que o Brasil deveria avançar rumo a uma transição energética justa, inclusiva e sustentável.

Santa Catarina e o carvão

Durante a palestra, Wurdig destacou que Santa Catarina abriga o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, o maior da América Latina movido a carvão mineral, e lembrou que o estado possui uma lei que, sob o pretexto de promover a transição energética, garante na prática a sobrevida da indústria carbonífera.

Foto: Roni Costa / ARAYARA.org

A Lei Nº 14.299/2022 autoriza a contratação da energia gerada pelo complexo na modalidade de energia de reserva até 2040. A medida transfere recursos públicos para manter em operação uma das matrizes mais poluentes e responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa no país. Além disso, não prevê o abatimento das emissões nem a recuperação dos passivos ambientais deixados pela atividade carbonífera.

“Não existe transição energética justa sem o phase out [eliminação gradual] do carvão. Garantir subsídios para o setor até 2040 significa atrasar o futuro, ampliar desigualdades e aprofundar os impactos ambientais e climáticos no Brasil”, afirmou Wurdig.

Juventude engajada pela justiça climática

O diálogo com estudantes da Engenharia Ambiental da UFSC também reforçou a importância de formar novas gerações de profissionais comprometidos com a transição energética justa.

Ao contrário de políticas que prolongam a vida útil do carvão, é essencial que os jovens engenheiros compreendam seu papel em construir soluções alinhadas à ciência climática e ao futuro que o planeta exige.

As pontes estabelecidas entre organizações da sociedade civil, academia e juventude fortalecem uma educação cidadã, levando informação qualificada, crítica e inspiradora para que futuros profissionais possam construir suas carreiras de forma alinhada à transição energética justa de que nosso planeta precisa.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: ONGs acionam Justiça para barrar perfuração na Foz do Amazonas

Oito organizações de movimentos ambientalista, indígena, quilombola e de pescadores artesanais entraram na quarta-feira (22) com ação na Justiça Federal do Pará contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Petrobras e a União. O grupo pede a anulação do licenciamento ambiental do Bloco FZA-M-59, que autorizou a Petrobras a iniciar a perfuração de petróleo

Leia Mais »

“Ambientalistas estão de luto”, diz diretor da ARAYARA sobre licença concedida à Petrobras para explorar a Foz do Amazonas

Nesta terça-feira (21), o Instituto Internacional ARAYARA participou do seminário promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista e pelo Observatório do Clima — rede da qual é integrante — na Câmara dos Deputados. O debate expôs as contradições da atual política energética e ambiental do Brasil em um momento decisivo, com o país se preparando para sediar a COP30 em Belém. Durante

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: ONGs vão à Justiça pedir anulação do aval à exploração do petróleo na Foz do Amazonas

Ação movida na Justiça Federal do Pará pede liminar para suspender perfuração Oito organizações não-governamentais, incluindo redes do movimento ambientalista, indígena, quilombola e de pescadores artesanais, entraram na quarta-feira com uma ação na Justiça Federal do Pará pedindo a anulação do aval à exploração do petróleo na Foz do Amazonas. A licença à estatal foi concedida pelo Ibama no último

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Global asset or frontier for extraction? COP30 is a reckoning for the Amazon

Governments of the Amazon are reaffirming their goals of pursuing green investment – all while expanding fossil fuel exploration and mining In November, the world will turn its attention to the Brazilian city of Belém, as it hosts the COP30 summit. In its thirtieth edition, the UN’s annual climate conference, which aims to accelerate international efforts to mitigate and adapt

Leia Mais »