Em 1992, líderes de mais de 170 países se reuniram no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Cúpula da Terra ou, Eco-92. O encontro, que entrou para a história como Rio-92, marcou o primeiro esforço global de conscientização sobre os limites ambientais do planeta e resultou em acordos fundamentais, como a Agenda 21 e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
Por: Avenida Comunicação
Pela convenção, todos os países presentes se comprometeram a implementar programas nacionais e/ou regionais com medidas para mitigar a mudança do clima e se adaptar a ela, elaborando levantamentos de emissões de gases de efeito estufa, entre outras obrigações comuns. Ainda pela Convenção, as nações desenvolvidas acordaram em transferir recursos tecnológicos e financeiros para países em situações mais vulneráveis, além de outras medidas.
Foi a partir desse primeiro passo que nasceram as Conferências das Partes (COPs), encontros anuais para negociar soluções contra a crise climática.
De lá para cá, alguns momentos se destacaram. Em 1997, o Protocolo de Kyoto estabeleceu metas obrigatórias de redução de emissões para países desenvolvidos. Já em 2015, em Paris, quase 200 nações firmaram o compromisso de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C, preferencialmente a 1,5°C. O Acordo de Paris é, até hoje, a principal referência do esforço multilateral.
Mas as promessas não caminharam na velocidade necessária. Em 2009, na COP15, em Copenhague, países ricos anunciaram que mobilizariam US$ 100 bilhões anuais até 2020 para apoiar os países em desenvolvimento. O valor só foi atingido, com atraso, em 2022. Enquanto isso, estimativas mostram que as necessidades de financiamento chegam a US$ 2,4 trilhões por ano até 2030.
As últimas conferências expuseram esse descompasso. Em Glasgow (COP26), em 2021, avançou a regulamentação do mercado de carbono, mas manteve-se a dependência de combustíveis fósseis. No Egito (COP27), em 2022, foi criado o fundo de perdas e danos, mas os critérios de aporte e distribuição ainda são incertos. Já em Dubai (COP28), em 2023, pela primeira vez um texto final reconheceu a necessidade de transição para longe dos combustíveis fósseis, sem, no entanto, definir cronogramas ou metas claras.
A COP30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, retoma esse fio histórico em um contexto mais crítico: o mundo já ultrapassou temporariamente a barreira de 1,5°C de aquecimento. Para o Instituto Internacional Arayara, que acompanha de perto o processo, a diferença agora está no caráter de urgência: não basta reconhecer a gravidade da crise, é preciso destravar recursos e implementar soluções que cheguem a quem mais precisa.
O Brasil, na presidência da COP, promete colocar o financiamento climático no centro das negociações. O desafio é garantir que a transição não reforce dependências fósseis ou tecnológicas, mas abra caminhos para energias limpas, justiça social e protagonismo das comunidades vulneráveis.
Mais de três décadas depois da Rio-92, a humanidade já não pode se dar ao luxo de apenas entender que o mundo está em risco. O tempo das promessas passou; o que está em jogo em Belém é a capacidade de transformar compromissos em realidade prática.