+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Crise climática ameaça pesca e comunidades costeiras, aponta a 5ª edição da Auditoria da Pesca Brasil

A Oceana Brasil lançou, na última quarta-feira (13), a 5ª edição da Auditoria da Pesca Brasil, publicação reconhecida como a mais completa avaliação sobre a gestão das pescarias costeiro-marinhas no país. O evento reuniu pescadores, cientistas, gestores e representantes da sociedade civil para debater os desafios e prioridades da pesca sustentável em um cenário de emergência climática.

O Instituto Internacional ARAYARA esteve representado por Kerlem Carvalho, Coordenadora de Oceano e Águas, que destacou a importância de fortalecer políticas públicas que assegurem a sustentabilidade da pesca, a proteção dos ecossistemas marinhos e a transição energética justa.

Crise dupla: falta de dados e impactos climáticos

O relatório da Auditoria da Pesca 2024 aponta que a pesca brasileira enfrenta uma crise sem precedentes, marcada pela falta de informações confiáveis sobre os estoques pesqueiros e pelos impactos crescentes das mudanças climáticas. Entre os dados revelados:

-47% dos estoques de espécies marinhas e estuarinas exploradas comercialmente não possuem diagnóstico;

-68% dos estoques avaliados estão sobrepescados;

-92% das espécies não têm planos de gestão;

-Metade das pescarias brasileiras segue sem monitoramento adequado, especialmente no Norte e Nordeste.

Os dados também mostram que as mudanças climáticas agravam esse cenário, influenciando migração, reprodução e distribuição das espécies. Casos como o da abrótea e da merluza, que vêm se deslocando para águas mais frias na Argentina e no Uruguai, exemplificam os riscos à biodiversidade e à segurança alimentar de milhares de comunidades pesqueiras.

Confira a transmissão: 

O papel da ARAYARA na proteção dos oceanos

No evento, Kerlem Carvalho, coordenadora de Oceano e Águas da ARAYARA, destacou a atuação da organização no enfrentamento dos impactos da indústria de combustíveis fósseis sobre os ecossistemas marinhos. Por meio da ferramenta Monitor Oceano, a entidade mapeia e analisa áreas costeiras brasileiras, relacionando dados ambientais à expansão das operações de petróleo e gás.

“Esse monitoramento é essencial para fortalecer a ciência e a resistência social diante da pressão da indústria fóssil. Precisamos de políticas públicas que promovam alternativas sustentáveis para os pescadores e assegurem a transição energética justa em meio à crise climática”, afirmou Carvalho.

Ela também lembrou que o Brasil ainda sente os efeitos do derramamento de petróleo de 2019, o maior da história do país, que devastou setores como turismo e saúde pública e colocou em risco cerca de 144 mil pescadores artesanais do Nordeste. Estados como Espírito Santo e Rio de Janeiro também sofreram impactos significativos.

Caminhos para a sustentabilidade

O relatório também alerta que, apesar do aumento do orçamento federal para a pesca em 2024, apenas uma fração mínima foi destinada a ações de sustentabilidade e monitoramento. A revisão da legislação, como o Projeto de Lei nº 4789/2024, em tramitação no Congresso Nacional, é vista como crucial para implementar planos de gestão efetivos e preparar a atividade pesqueira para os efeitos das mudanças climáticas.

Sobre a Auditoria da Pesca Brasil

Com cinco edições já consolidadas, a Auditoria da Pesca Brasil se firmou como ferramenta estratégica para orientar políticas públicas voltadas à conservação dos oceanos e à sustentabilidade da pesca no país, reforçando a urgência de proteger os recursos naturais e garantir o futuro das comunidades pesqueiras.

Foto: reprodução/ Oceana/Christian Braga.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Inclusão de comunidades tradicionais e coerência nos compromissos climáticos são debatidos em encontro preparatório para a COP 30

Na tarde de ontem (14), em encontro promovido pelo PSOL para reunir contribuições da sociedade civil aos encaminhamentos brasileiros na COP 30, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, abriu os trabalhos apresentando um panorama dos compromissos climáticos esperados para a conferência, com destaque para o fortalecimento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Guajajara ressaltou que o financiamento climático deve

Leia Mais »

ARAYARA assume cadeira no Comitê de Bacias Hidrográficas do Norte Pioneiro do Paraná

O Instituto Internacional ARAYARA passou a integrar oficialmente o Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Cinzas, Itararé, Paranapanema 1 e 2 — conhecido como CBH Norte Pioneiro do Paraná. A posse ocorreu durante a 8ª Reunião Extraordinária do colegiado, realizada na última quarta-feira (13), marcando o início do mandato 2025-2029. Representada pela professora e ambientalista Izabel Cristina Marson (titular) e

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Los tribunales brasileños comienzan a asignar un valor monetario a los daños climáticos

Brasil está impulsando un nuevo enfoque en los litigios climáticos que proporciona a los jueces herramientas concretas para medir y asignar un valor económico a los daños climáticos causados por la deforestación Por Isabella Kaminski | 13/08/2025 | Ecología social Fuentes: dialogue.earth/es/ En todo el mundo se ha intentado utilizar la ley para responsabilizar por el cambio climático a las empresas contaminantes. Sin embargo, ninguna demanda

Leia Mais »

Aulão: entidades reforçam mobilização nacional contra o “PL da Devastação”

Na tarde de ontem (13), o Instituto Internacional Arayara integrou um debate online promovido pela Frente Nacional contra o “PL da Devastação”, transmitido ao vivo pelo canal da coalizão no YouTube. A iniciativa  reuniu especialistas, estudantes, organizações e movimentos sociais para discutir os riscos ambientais, políticos e jurídicos do Projeto de Lei 2.159, que flexibiliza o licenciamento ambiental no Brasil.

Leia Mais »