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Nova nuvem de gafanhotos surge no Paraguai e deve seguir para a Argentina

Nova nuvem de gafanhotos surge no Paraguai e deve seguir para a Argentina

Uma nova nuvem de gafanhotos foi detectada no Paraguai e está a cerca de 300 km da Argentina, informou o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar argentino (Senasa) nesta quinta-feira (16).

O Serviço Nacional de Sanidade Vegetal (Senave) do Paraguai disse aos argentinos que a nova nuvem foi encontrada na área de Teniente Pico, dentro do departamento (equivalente a estado) de Boquerón.

Os paraguaios afirmaram que os insetos estão se deslocando para o sul do Chaco – região que compreende Argentina, Bolívia e Paraguai. Seguindo essa direção, a tendência é que a nuvem de gafanhotos entre em território argentino.

Segundo o jornal paraguaio ABC Color, na terça-feira e nesta quinta-feira, técnicos do Senave realizaram a aplicação de inseticidas por aviões. O resultado será avaliado nos próximos dias.

E a nuvem da Argentina?

Já a nuvem de gafanhotos que estava mais próxima do Brasil segue sendo monitorada pelo país vizinho.

Após diversas aplicações de inseticidas e morte de parte da nuvem, os insetos estavam “escondidos” há quase uma semana.

Com dificuldade para encontrar os gafanhotos, técnicos argentinos conseguiram localizar parte da nuvem nesta quinta-feira em Curuzú Cuatiá, a cerca de 140 km do território brasileiro.

As baixas temperaturas no Sul do país e Argentina, além da passagem de um “ciclone bomba”, impediram um deslocamento maior da nuvem, deixando os gafanhotos “adormecidos”, pois preferem o calor para se reproduzir e locomover.

Fonte: G1

Estudo aponta forte aumento de emissões de metano no mundo

Estudo aponta forte aumento de emissões de metano no mundo

As emissões globais de metano, um gás de efeito estufa muito mais potente do que o CO2, aumentaram 9% entre 2006 e 2017, devido sobretudo ao setores energético e agrícola, segundo um estudo que será publicado nesta quarta-feira (15).

Quarenta por cento destas emissões têm origem natural (áreas pantanosas sobretudo) e cerca de 60% se devem a atividades humanas, segundo este estudo realizado por mais de 100 pesquisadores internacionais sob a égide do Projeto Global do Carbono.

O metano é o segundo maior gás de efeito estufa de origem antrópica (relacionada com as atividades humanas), depois do dióxido de carbono (CO2), mas seu efeito no aquecimento global é 28 vezes maior por quilograma do que o do CO2 em um prazo de 100 anos.

Suas concentrações atmosféricas mais que dobraram desde o começo da era industrial, até representar 23% do aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa.

O aumento calculado pelos pesquisadores (a partir das atividades produtivas observadas e as medidas atmosféricas) corresponde a cenários climáticos com um aquecimento elevado, entre 3 e 4 graus centígrados em 2100.

Esses valores estão acima dos objetivos do Acordo de Paris de 2015 de manter a elevação da temperatura global “consideravelmente abaixo dos 2°C com relação aos níveis pré-industriais, continuando com as ações para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau centígrado”. Para alcançar este último objetivo, as emissões de gases estufa deveriam diminuir 7,6% por ano, segundo a ONU.

“Se quisermos responder ao Acordo de Paris, não devemos nos contentar em limitar as emissões de dióxido de carbono, é preciso reduzir também as de metano”, adverte Marielle Saunois, do Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais, que coordenou o estudo.

A cientista defende uma quantificação mais regular (este é o segundo estudo do tipo) das emissões de metano, como se faz com o CO2, “porque a diminuição das emissões pode ser rapidamente benéfica para o clima”, especialmente devido à sua duração mais curta na atmosfera em relação ao CO2.

No período estudado, segundo os pesquisadores, a agricultura foi responsável pela maioria das emissões antrópicas de metano, sendo 30% provenientes dos rebanhos (fermentação digestiva e esterco) e 8% do cultivo de arroz.

Quanto às energias fósseis, a exploração de petróleo e gás representa 22% das emissões antrópicas e a extração de carvão, 11%.

A gestão de resíduos sólidos e líquidos representa 18% das emissões, a queima de biomassa e biocombustível, 8%, e o restante está relacionado com o transporte e a indústria.

As regiões tropicais são as que mais emitem (64% do total, principalmente devido às regiões pantanosas).

As emissões aumentam em todas as regiões do mundo, exceto na Europa. As que têm as maiores emissões são América do Sul, África, sudeste asiático e China.

Os pesquisadores também se preocupam com a possibilidade de as emissões aumentarem muito nas áreas de permafrost (solos congelados por longos períodos), devido ao aquecimento, mas “por enquanto não há sinais” de que esteja ocorrendo.

Fonte: AFP

Vaticano emite documento defendendo o conceito de ‘ecologia integral’

Vaticano emite documento defendendo o conceito de ‘ecologia integral’

O Vaticano publicou o documento interdicasterial “A caminho dos cuidados da casa comum”, no qual coloca como questão central para a Igreja Católica o conceito de “ecologia integral”. “Não há crises separadas, mas uma única e complexa crise sócio-ambiental que requer uma verdadeira conversão ecológica”, afirma o papa Francisco no texto, que serve de orientação para as ações dos católicos.

A publicação foi escrita antes da pandemia do novo coronavírus, como celebração do quinto aniversário da Encíclica Laudato si, a 298ª emitida na história da Igreja Católica e publicada em 18 de junho de 2015. O texto foi redigido pela Mesa Interdicasterial da Santa Sé sobre ecologia integral, da qual fazem parte instituições ligadas à Santa Sé, algumas Conferências Episcopais e organismos católicos.

Ao longo de mais de 200 recomendações, o pontificado sugere medidas práticas a serem tomadas pelos cristãos no combate ao aquecimento global e afirma que “não se pode defender a natureza se não se defende todo ser humano”. A recomendação dialoga com o conceito de “pecado contra a vida humana” que o papa Francisco defende desde o final do ano passado.

Ainda de acordo com o texto, a família católica teria papel central na disseminação desses valores. No documento, a instituição familiar seria “um lugar educativo privilegiado onde se aprende a respeitar o ser humano e a Criação” e, por isso, o governos deveriam “promover políticas inteligentes para o desenvolvimento familiar”.

A Mesa Interdicasterial da Santa Sé também atenta para o desperdício de alimentos, a preservação da água, a promoção da saúde, a preocupação com sustentabilidade e outras diretrizes para evitar a degradação do planeta Terra, chamado de “casa comum”. “O compromisso com o cuidado da casa comum é parte integrante da vida cristã”, afirma.

Alguns pontos

Conversão ecológica
A primeira parte do documento abre com uma chamada à necessidade de uma conversão ecológica, uma mudança de mentalidade que leva ao cuidado da vida e da Criação, ao diálogo com o outro e à consciência da profunda conexão entre os problemas do mundo. Sugere-se, portanto, valorizar iniciativas como o “Tempo da Criação”, mas também tradições monásticas que ensinam a contemplação, a oração, o trabalho e o serviço. Tudo para educar para o conhecimento da ligação entre o equilíbrio pessoal, social e ambiental. O documento reafirma a centralidade da vida e da pessoa humana, pois “não se pode defender a natureza se não se defende todo ser humano”. Daí a indicação para desenvolver o conceito de “pecado contra a vida humana” entre as novas gerações, também para contrastar, com a “cultura do cuidado”, a “cultura do desperdício”.

Família, protagonista da ecologia integral
Há também uma forte ênfase da família como “protagonista da ecologia integral”: fundamentada nos princípios básicos de “comunhão e fecundidade”, ela pode se tornar “um lugar educativo privilegiado onde se aprende a respeitar o ser humano e a Criação”. Por esta razão, os Governos são instados a “promover políticas inteligentes para o desenvolvimento familiar”.

Escola: uma nova centralidade
Ao mesmo tempo, a escola é convidada a adquirir “uma nova centralidade”, ou seja, a tornar-se um lugar de desenvolvimento da capacidade de discernimento, pensamento crítico e ação responsável. Em particular, há duas sugestões nesta área: facilitar as conexões casa-escola-paróquia e lançar projetos de formação para “cidadania ecológica”, ou seja, promover entre os jovens “um novo modelo de relacionamento” que vá além do individualismo em favor da solidariedade, da responsabilidade e do cuidado. A universidade também é chamada em causa: sua tripla missão de ensinamento, pesquisa e serviço à sociedade deve girar em torno do eixo da ecologia integral, incentivando os estudantes a se engajarem em “profissões que facilitem mudanças ambientais positivas”. Daí a sugestão específica de “estudar a teologia da criação, na relação do ser humano com o mundo”, consciente de que cuidar da Criação requer “uma educação permanente”, um verdadeiro “pacto educativo” entre todas as entidades envolvidas.

Casa comum parte integrante da vida cristã
O documento também reafirma que “o compromisso com o cuidado da casa comum é parte integrante da vida cristã”, e não uma opção secundária. Mas não é tudo: o cuidado com a casa comum é “uma excelente área” para o diálogo e colaboração ecumênica e inter-religiosa. Com sua “sabedoria”, de fato, as religiões podem incentivar um estilo de vida “contemplativo e sóbrio” que leve à “superação da deterioração do Planeta”. A primeira parte do documento conclui com um capítulo dedicado à comunicação e sua “profunda analogia” com o cuidado da casa comum: ambos, na verdade, são baseados na “comunhão, relacionamento e conexão”. No contexto de uma “ecologia da mídia”, portanto, os meios de comunicação são chamados a destacar as ligações entre “o destino humano e o ambiente natural”, fortalecendo os cidadãos e combatendo as chamadas “fake news”.

Alimentação e desperdício

A segunda parte do documento refere-se ao tema da alimentação e recorda as palavras do Papa Francisco: “A comida que é jogada fora é como se fosse roubada dos pobres” (LS, 50). Partindo desse ponto, a condenação do desperdício alimentar como ato de injustiça, o apelo à promoção de uma agricultura “diversificada e sustentável”, em defesa dos pequenos produtores e dos recursos naturais, e a necessidade urgente de uma educação alimentar saudável, tanto em quantidade quanto em qualidade.

Há também um forte apelo para combater fenômenos como a apropriação de terras, grandes projetos agroindustriais poluidores e para proteger a biodiversidade. Esse apelo repete-se também no capítulo dedicado à água, cujo acesso é “um direito humano essencial”. Também aqui é preciso evitar o desperdício e ir além dos critérios utilitários que levam à privatização deste bem natural. Na mesma linha está a chamada para reduzir a poluição, descarbonizar o setor energético e econômico e investir em energia “limpa e renovável”, acessível a todos.

Água: Pulmões azuis do planeta

Os mares e oceanos também estão no coração da ecologia integral: “pulmões azuis do planeta”, eles exigem uma governança focada no bem comum de toda a família humana e na subsidiariedade. O texto também destaca a necessidade urgente de promover uma “economia circular” que não vise a exploração excessiva dos recursos produtivos, mas a sua manutenção a longo prazo, para que possam ser reutilizados.

Devemos superar o conceito de ‘rejeição’, pois tudo tem um valor, lemos no texto. Mas isso só será possível através da interação entre inovação tecnológica, investimento em infraestrutura sustentável e crescimento da produtividade dos recursos. O setor privado é chamado a operar com transparência na cadeia de suprimentos e a reforma dos subsídios aos combustíveis fósseis e a tributação das emissões de CO2 é necessária.

No campo do trabalho, portanto, espera-se a promoção do desenvolvimento sócio-econômico sustentável para erradicar a pobreza; pede-se caminhos sócio-profissionais em favor dos marginalizados; trabalho digno, salários justos, combate ao trabalho infantil e à informalidade; espera-se uma economia inclusiva, na promoção do valor da família e da maternidade; é necessária a prevenção e erradicação de “novas formas de escravidão”, como o tráfico.

Sustentabilidade integral

O mundo das finanças também deve desempenhar seu papel, visando o “primado do bem comum” e tentando pôr fim à pobreza. “A própria pandemia da Covid-19 – lê-se no texto – mostra como é questionável um sistema que reduz a assistência ou permite grandes especulações mesmo em infortúnios, voltando-se contra as pessoas mais pobres”.

Fechar paraísos fiscais, sancionar as instituições financeiras envolvidas em operações ilegais, fazer a ponte entre os que têm acesso ao crédito e os que não o têm, juntamente com a exortação a promover “uma gestão dos bens da Igreja inspirada na transparência, coerência e coragem” de uma perspectiva de sustentabilidade integral. 

No âmbito das instituições, o documento enfatiza a “primazia da sociedade civil”, a serviço da qual deve se dedicar a política, os governos e as administrações. Exorta-se à globalização da democracia substantiva, social e participativa, a uma visão de longo prazo baseada na justiça e na moralidade e na luta à corrupção. Será importante promover o acesso à justiça para todos, incluindo os pobres, os marginalizados, os excluídos; “repensar prudentemente” no sistema carcerário, a fim de promover a reabilitação dos detentos, especialmente dos jovens em sua primeira condenação.

Promoção da saúde

Em seguida, o texto se detém na saúde, chamando-a de “questão de equidade e justiça social” e reafirmando a importância do direito ao tratamento. “Ao mesmo tempo em que as redes ecológicas são degradadas”, lemos, “degradam-se também as redes sociais e em ambos os casos são os mais pobres que pagam as consequências”. Entre as sugestões propostas, há um exame dos perigos associados à “rápida disseminação de epidemias virais e bacterianas” e a promoção de cuidados paliativos.

Por fim, o documento interdicasterial aborda a questão climática, consciente de que tem “uma profunda relevância” ambiental, ética, econômica, política e social, “afetando acima de tudo os mais pobres”: em primeiro lugar, precisamos de “um novo modelo de desenvolvimento” que ligue sinergicamente a luta contra as mudanças climáticas e a luta contra a pobreza, “em harmonia com a Doutrina Social da Igreja”.

Consciente de que “não se pode agir sozinho”, o documento apela para um compromisso com o desenvolvimento sustentável “com baixo carbono” para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Entre as propostas feitas nessa área, o reflorestamento de áreas como a Amazônia e o apoio ao processo internacional visando definir a categoria de “refugiado climático” para garantir a “proteção jurídica e humanitária necessária”.

Ecologia no Vaticano
O último capítulo do texto é dedicado ao compromisso do Estado da Cidade do Vaticano. Existem quatro áreas operacionais nas quais se aplicam as indicações do “Laudato si”: proteção ambiental (coleta seletiva de resíduos iniciada em todos os escritórios); proteção dos recursos hídricos (circuitos fechados para a água das fontes); cuidado de áreas verdes (redução progressiva de agrotóxicos); consumo de recursos energéticos (em 2008, um sistema fotovoltaico foi instalado no telhado da Sala Paulo VI, enquanto os novos sistemas de iluminação com economia de energia na Capela Sistina, na Praça de São Pedro e na Basílica do Vaticano reduziram os custos em 60, 70 e 80 por cento, respectivamente).

Fonte: Vatican News

Vaticano publica mais de 200 “mandamentos” para proteção ambiental do planeta

Vaticano publica mais de 200 “mandamentos” para proteção ambiental do planeta

No dia 18 de junho, quinto aniversário da publicação de Laudato Si – encíclica do Papa Francisco que apela à unificação global no combate às mudanças climáticas – o Vaticano publica novas diretrizes com mais de 200 recomendações em defesa do ambiente.

O documento intitulado “Caminhando em direção ao cuidado de nosso lar comum: cinco anos depois de Laudato Si” sugere medidas práticas para conter o aquecimento global e faz alertas severos contra os perigos da degradação ambiental. O documento convida o mundo a descarbonizar os setores energético e econômico, tornando as energias renováveis acessíveis a todos, e pede uma reforma dos subsídios aos combustíveis fósseis e tributação das emissões de CO2. 

Esse é o primeiro endosso do Vaticano à campanha mundial de desinvestimento de combustíveis fósseis.

Compromisso internacional

Em maio de 2020, 42 instituições em 14 países anunciaram seu compromisso de eliminar essas fontes de energia. “O apoio ao desinvestimento é um dos grandes momentos desta campanha de uma década”, afirma Bill Mckibben, escritor, ambientalista e cofundador da ONG da 350.org.

Segundo ele, a ação “torna ainda mais claro que pessoas de boa fé simplesmente não podem tentar lucrar com a destruição do planeta.”

No ano passado, o relatório final do Sínodo da Amazônia já recomendava o desinvestimento em combustíveis fósseis, e na ocasião, o Papa Francisco emitiu a primeira declaração de todos os tempos de um pontífice sobre o tema.

Inclusão social

O texto apela também à promoção da agricultura “diversificada e sustentável” e faz uma defesa dos pequenos produtores e da necessidade urgente de promover uma educação alimentar saudável. Há ainda um forte apelo para combater a apropriação de terras e os grandes projetos agroindustriais que poluem o ambiente, além de ameaçar a proteção da biodiversidade.

Segundo o documento, o mundo das finanças precisa visar o “primado do bem comum” e trabalhar para acabar com a pobreza. “A pandemia de Covid-19”, diz o documento, “mostra como elementos do sistema estão sendo questionados quando reduzem o bem-estar, permitem especulações até mesmo no infortúnio e oprimem as pessoas mais pobres”.

O texto se refere especificamente aos sistemas de saúde como uma questão de “equidade e justiça social” e reafirma a importância do direito de cuidar. “À medida que as redes ecológicas são degradadas, as redes sociais também são destruídas. Nos dois casos, são os mais pobres que sofrem as consequências”, afirmam as diretrizes. 

O Vaticano sugere, ainda, avaliação criteriosa dos perigos associados à “rápida disseminação de epidemias virais e bacterianas”. 

Notável e profético

“O nível de detalhe das diretrizes é notável e profético, variando de desinvestimento em combustíveis fósseis a atividades pastorais”, avalia Tomás Insua, diretor executivo do Movimento Global pelo Clima Católico. “Esperamos que este novo documento acelere ainda mais o compromisso da comunidade católica de cuidar de nosso lar comum, particularmente à luz do Ano do Si de Laudato do Papa Francisco”.

Mais informações sobre o documento podem ser acessadas aqui.

Via CicloVivo.

Ex-ministros pedem exame de denúncias de ‘potenciais crimes de responsabilidade’ cometidos por Ricardo Salles

Ex-ministros pedem exame de denúncias de ‘potenciais crimes de responsabilidade’ cometidos por Ricardo Salles

Grupo que comandou pasta do Meio Ambiente enviou carta aberta solicitando providências ao Ministério Público Federal e à Procuradoria-Geral da República

Nove ex-ministros do Meio Ambiente solicitaram esta quarta-feira, em carta aberta, que o Ministério Público Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) tomem medidas legais para garantir a preservação ambiental do país.

A “Carta Abertura do Fórum de Ex-Ministros do Meio Ambiente do Brasil em Defesa da Democracia & Sustentabilidade” é assinada por Carlos Minc, Edson Duarte, Gustavo Krause, José Carlos Carvalho, Izabella Teixeira, Marina Silva, Rubens Ricupero, José Sarney Filho e José Goldemberg, que comandaram a pasta nos governos de cinco presidentes (Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma e Temer).

A PGR, segundo os ex-ministros, deve “cumprir o compromisso constitucional de examinar com imparcialidade e presteza as denúncias de crime de responsabilidade potencialmente cometidos” pelo atual titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O grupo lembra a reunião ministerial de 22 de abril, quando Salles defendeu a tomada de “reformas infralegais” para “passar a boiada” sobre a legislação ambiental enquanto a imprensa estava com as atenções voltadas para a cobertura da pandemia do coronavírus.

“Na ocasião, (Salles) confessou de público o que pode caracterizar crime de responsabilidade, por desvio de função e poder, ao revelar o verdadeiro plano em execução por este governo que é ‘passar a boiada’ sobre a legislação socioambiental (…) Causa indignação e espanto que a proposta não merecesse reprimenda em nome do decoro, nem reparo dos presentes, em defesa da moral e da honra”, condena o documento.

A carta também apela para que membros do Congresso Nacional não permitam a tramitação ou aprovação de projetos de lei ou medidas provisórias que atentem contra o meio ambiente. Aos governadores e prefeitos, o texto pede para que sigam políticas de enfrentamento ao coronavírus e promovam “políticas públicas de conservação ambiental”, bloqueando a destruição de biomas.

Em abril, Salles assinou uma medida que reconhecia como áreas de ocupação consolidada as áreas de preservação permanente (APPs) desmatadas até julho de 2008. Isso permitia o retorno de atividades agropecuárias nessas áreas. O ato teria impactos diretos na preservação da Mata Atlântica, porque as APPs são consideradas fundamentais para a segurança hídrica da região. Ao ser questionado pelo Ministério Público Federal, ele revogou a medida.

O Ministério do Meio Ambiente não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.

Fonte: O Globo

Pesquisa revela que 84% dos brasileiros apoiam lei contra fake news

Pesquisa revela que 84% dos brasileiros apoiam lei contra fake news

Uma pesquisa realizada pelo Instituto DataSenado cedida à CNN revela que, dos 78% dos brasileiros com mais de 16 anos que possuem perfil em redes sociais, 87% estão preocupados com a divulgação de notícias falsas na internet.

Nesse sentido, 84% dos que usam ou já usaram redes sociais avaliam que a criação de uma lei de combate às fake news vai contribuir para a redução da quantidade de notícias falsas nessas plataformas.

O levantamento foi conduzido entre os dias 9 e 11 de junho, por telefone, com 1.200 pessoas maiores de 16 anos, em todo o país, para saber a opinião dos brasileiros sobre redes sociais e o projeto de lei em tramitação no Senado que visa combater a disseminação de informações falsas na internet.

Entre os principais resultados, a pesquisa mostra que três em cada quatro (76%) dos usuários de redes sociais concordam que, no ambiente virtual, fake news ganham mais visibilidade que notícias verdadeiras, e quase nove em cada dez (93%) acreditam que as notícias falsas trazem riscos para a sociedade no momento atual de pandemia.

Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do PL das Fake News, o levantamento “confirma o amplo desejo da sociedade brasileira por uma legislação que combata a mentira e a desinformação nas redes sociais”. 

O texto pode entrar na pauta do Senado na próxima semana se o relator, Ângelo Coronel (PSD-BA), conseguir apoio ao seu parecer. Ele também é presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news do Congresso.

Na Câmara, projeto semelhante tem como coautores os deputados Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tábata Amaral (PDT-SP). Segundo Rigoni, já foram retirados do texto original os pontos conflitantes para focar o que considera essencial: “dar transparência às redes sociais, permitindo saber quem financia conteúdos falsos, e diminuir a presença de robôs não identificados no ambiente virtual”.

Os deputados dizem que já ouviram mais de 70 especialistas. “Todos nós concordamos que basta de fake news. Ninguém quer ser enganado, e a pesquisa do DataSenado mostra isso. As fake news não só distorcem a opinião pública, mas também apresentam um risco à vida dos brasileiros, como estamos vendo agora durante a pandemia”, afirmou a deputada pedetista.

Plataformas

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta semana que a proposta dos deputados seja apresentada para incorporação ao texto do Senado. O democrata tem afirmado que o Brasil precisa ter “um marco legal de melhor qualidade” que permita “responsabilizar as plataformas”.

“Uma plataforma tem que ter responsabilidade, não com o conteúdo, mas ela sabe quando é um robô ou uma pessoa, então o sistema de controle das plataformas que precisa ser melhorado. O que não pode também é um volume de fake news desonrar uma pessoa e ninguém ter responsabilidade com isso”, declarou. 

Essa ideia também vai ao encontro dos resultados da pesquisa. A ampla maioria dos entrevistados (94%) acredita que as empresas devem verificar se as informações publicadas por usuários em suas plataformas são verdadeiras. 

Além disso, 94% concordam que as redes sociais devem colocar um alerta em publicações que contenham informações falsas, e 93% consideram que as plataformas devem diminuir o alcance de publicações que contenham fake news. Para 97%, o usuário que faz uma publicação com informação falsa deve ser alertado pela rede social.

É curioso, porém, que pouco mais da metade dos usuários (54%) tenha conhecimento de que há nas redes sociais perfis controlados por programas de computador, os chamados robôs. Nesse grupo, segundo o DataSenado, 82% sabem que robôs também são usados para espalhar notícias falsas e 75% acham que os perfis controlados por robôs devem conter avisos que os identifiquem como tais.

A pesquisa mostra ainda que o aplicativo de mensagem WhatsApp (64%) é o mais frequentemente usado como fonte de informação, seguido pela televisão (58%) e por sites de notícias (39%).

Por outro lado, a maioria nega já ter decidido voto em eleição baseada em informações de WhatsApp (79%), Facebook (77%) e Twitter (93%).

Fonte: CNN Brasil