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Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Objetivo 1: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares

  • Globalmente, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza diminuiu mais da metade; em 1990 eram 1,9 bilhão. Contudo, 836 milhões de pessoas ainda vivem na extrema pobreza: cerca de uma em cada cinco pessoas em regiões em desenvolvimento vive com menos de 1,25 dólar por dia.
  • O Sul da Ásia e a África Subsaariana são o lar da esmagadora maioria das pessoas vivendo em extrema pobreza.
  • Altos índices de pobreza são frequentemente encontrados em países pequenos, frágeis e afetados por conflitos.
  • Uma em cada quatro crianças abaixo dos cinco anos de idade no mundo possui altura inadequada para sua idade.

Objetivo 2: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável

  • Globalmente, a proporção de pessoas subnutridas em regiões em desenvolvimento caiu quase pela metade desde 1990, de 23,3% em 1990-1992 para 12,9% em 2014-2016. Mas, atualmente, uma em cada nove pessoas no mundo (795 milhões) ainda é subnutrida.
  • A vasta maioria das pessoas do mundo passando fome vive em países em desenvolvimento, onde 12,9% da população é subnutrida.
  • Ásia é o continente com a população que passa mais fome – dois terços do total. A porcentagem no Sul da Ásia caiu em anos recentes, mas, na Ásia Ocidental, ela aumentou levemente.
  • A África Subsaariana é a região com a mais alta prevalência (porcentagem da população) de fome. Lá, cerca de uma em cada quatro pessoas está subnutrida.
  • A má nutrição causa quase metade (45%) das mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade – 3,1 milhões de crianças anualmente.
  • Uma em cada quatro crianças do mundo sofre crescimento atrofiado. Em países em desenvolvimento, a proporção aumenta de uma para três.
    66 milhões de crianças em idade escolar primária vão às aulas passando fome, sendo 23 milhões apenas na África.
  • A agricultura é a maior empregadora única no mundo, provendo meios de vida para 40% da população global atual. Ela é a maior fonte de renda e trabalho para famílias pobres rurais.
    500 milhões de pequenas fazendas no mundo todo, a maioria ainda dependente de chuva, fornecem até 80% da comida consumida numa grande parte dos países em desenvolvimento. Investir em pequenos agricultores é um modo importante de aumentar a segurança alimentar e a nutrição para os mais pobres, bem como a produção de alimentos para mercados locais e globais.

Objetivo 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades

Saúde infantil

  • A cada dia, morrem 17 mil crianças a menos do que em 1990, porém mais de seis milhões decrianças ainda morrem a cada ano, antes do seu quinto aniversário.
  • Desde 2000, vacinas de sarampo preveniram aproximadamente 15,6 milhões de mortes.
  • Apesar do progresso global, uma crescente proporção das mortes de crianças acontece na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Quatro de cada cinco mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade ocorrem nessas regiões.

Saúde Materna

  • Globalmente, a mortalidade materna caiu quase 50% desde 1990.
  • Na Ásia Oriental, no Norte da África e no Sul da Ásia, a mortalidade materna diminuiu cerca de dois terços. Porém, a taxa de mortalidade materna – a proporção de mães que não sobrevivem ao nascimento do filho comparada com aquelas que sobrevivem – nas regiões em desenvolvimento ainda é 14 vezes mais alta do que nas regiões desenvolvidas.
  • Apenas metade das mulheres em regiões em desenvolvimento recebe a quantidade recomendada de assistência médica.

HIV/aids

  • Em 2014, havia 13,6 milhões de pessoas com acesso à terapia antirretroviral, um aumento em relação a apenas 800 mil em 2003.
  • Novas infecções por HIV em 2013 foram estimadas em 2,1 milhões, o que representa 38% a menos do que em 2001.
  • No final de 2013, estima-se que havia 35 milhões de pessoas vivendo com HIV.
  • No final de 2013, 240 mil novas crianças estavam infectadas com HIV.

Objetivo 4: Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

  • A matrícula na educação primária em países em desenvolvimento chegou a 91%, mas 57 milhões de crianças permanecem fora da escola.
  • Mais da metade das crianças que não se matricularam na escola vivem na África Subsaariana.
  • Estima-se que 50% das crianças fora da escola com idade escolar primária vivem em áreas afetadas por conflitos. Crianças das famílias mais pobres são quatro vezes mais propensas a estar fora da escola do que crianças de famílias mais ricas.
  • O mundo conquistou a igualdade na educação primária entre meninas e meninos, mas poucos países alcançaram essa meta em todos os níveis de educação.
  • Entre os jovens de 15 a 24 anos, a taxa de alfabetização melhorou globalmente, de 83% para 91% entre 1990 e 2015.

Objetivo 5: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

  • No Sul da Ásia, apenas 74 meninas foram matriculadas na escola primária para cada 100 meninos, em 1990. Em 2012, as taxas de matrícula foram as mesmas para meninas e para meninos.
  • Na África Subsaariana, Oceania e Ásia Ocidental, meninas ainda enfrentam barreiras para entrar tanto na escola primária quanto na escola secundária.
  • Mulheres na África do Norte ocupam menos de um a cada cinco empregos pagos em setores que não sejam a agricultura.
  • Em 46 países, as mulheres agora ocupam mais de 30% das cadeiras no parlamento nacional em pelo menos uma câmara.

Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos.

  • Em 2015, 91% da população global está usando uma fonte de água potável aprimorada, comparado a 76% em 1990. Contudo, 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico, como banheiros ou latrinas.
  • Diariamente, uma média de cinco mil crianças morre de doenças evitáveis relacionadas à água e saneamento.
  • A energia hidrelétrica é a fonte de energia renovável mais importante e mais amplamente usada. Em 2011, ela representava 16% do total da produção de eletricidade no mundo todo.
    Aproximadamente 70% de toda água disponível é usada para irrigação.
  • Enchentes são a causa de 15% de todas as mortes relacionadas a desastres naturais.

Objetivo 7: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos

  • 1,3 bilhão de pessoas – uma em cada cinco, globalmente – ainda não têm acesso à eletricidade moderna.
  • 3 bilhões de pessoas dependem de madeira, carvão, carvão vegetal ou dejetos animais para cozinhar e obter aquecimento.
  • A energia é o principal contribuinte para as mudanças climáticas, sendo responsável por cerca de 60% das emissões globais totais de gases do efeito estufa.
  • A energia de fontes renováveis – vento, água, solar, biomas e energia geotermal – é inexaurível e limpa. A energia renovável, atualmente, constitui 15% do conjunto global de energia.

Objetivo 8: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos

  • O desemprego global aumentou de 170 milhões em 2007 para cerca de 202 milhões em 2012, dentre eles, aproximadamente 75 milhões são mulheres ou homens jovens.
  • Aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e a erradicação do problema só é possível por meio de empregos bem pagos e estáveis.
  • 470 milhões de empregos são necessários mundialmente para a entrada de novas pessoas no mercado de trabalho entre 2016 e 2030.
  • Pequenas e médias empresas que se comprometem com o processamento industrial e com as indústrias manufatureiras são as mais decisivas para os primeiros estágios da industrialização e são geralmente as maiores geradores de emprego. São responsáveis por 90% dos negócios no mundo e contabilizam entre 50 a 60% dos empregos.

Objetivo 9: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação

  • Cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo em desenvolvimento têm dificuldades no acesso à eletricidade.
  • 2,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à saneamento básico e quase 800 milhões de pessoas não têm acesso à água.
  • Entre 1 a 1,5 milhão de pessoas não têm acesso a um serviço de telefone de qualidade.
  • Para muitos países africanos, principalmente os de baixo rendimento, os limites na infraestrutura afetam em cerca de 40% na produtividade das empresas.
  • A indústria manufatureira é importante para geração de empregos, somando aproximadamente 470 milhões dos empregos no mundo em 2009 – ou cerca de 16% da força de trabalho de 2,9 bilhões. Estima-se que existiam mais meio bilhão de empregos na área em 2013.
  • O efeito da multiplicação de trabalhos industrializados impactou a sociedade positivamente. Cada trabalho na indústria gera 2,2 empregos em outros setores.
  • Em países em desenvolvimento, apenas 30% da produção agrícola passa por processamento industrial. Em países desenvolvidos, 98% é processado. Isso sugere a existência de uma grande oportunidade para negócios na área agrícola em países em desenvolvimento.

Objetivo 10: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles

  • Em média – e levando em consideração o tamanho das populações – a desigualdade de renda aumentou em 11% em países em desenvolvimento entre 1990 e 2010.
  • Uma maioria significativa de famílias – mais de 75% – estão vivendo em sociedades onde a renda é pior distribuída do que na década de 1990.
  • Crianças que fazem parte da camada de 20% mais pobres da população têm três vezes mais chances de morrer antes de completar seus cinco anos do que crianças mais ricas.
  • A proteção social foi significativamente ampliada globalmente. No entanto, pessoas com algum tipo de deficiência têm cinco vezes mais chances do que a média de ter despesas catastróficas com saúde.
  • Apesar do declínio na mortalidade materna na maioria dos países desenvolvidos, mulheres na área rural são três mais suscetíveis à morte no parto do que mulheres que vivem nos centros urbanos.

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

  • Metade da humanidade – 3,5 bilhões de pessoas – vive nas cidades atualmente. Em 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas.
    828 milhões de pessoas vivem em favelas e o número continua aumentando.
  • As cidades no mundo ocupam somente 2% de espaço da Terra, mas usam 60 a 80% do consumo de energia e provocam 75% da emissão de carbono. A rápida urbanização está exercendo pressão sobre a oferta de água potável, de esgoto, do ambiente de vida e saúde pública. Mas a alta densidade dessas cidades pode gerar ganhos de eficiência e inovação tecnológica enquanto reduzem recursos e consumo de energia.
  • Cidades têm potencial de dissipar a distribuição de energia ou de otimizar sua eficiência por meio da redução do consumo e adoção de sistemas energéticos verdes. Rizhao, na China, por exemplo, transformou-se em uma cidade abastecida por energia solar. Em seus distritos centrais, 99% das famílias já usam aquecedores de água com energia solar.

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

  • 1,3 bilhão de toneladas de comida são desperdiçadas diariamente.
    Se as pessoas usassem lâmpadas de baixo consumo, o mundo economizaria 120 bilhões de dólares anualmente.
  • A população global deve chegar a 9,6 bilhões de pessoas até 2050; o equivalente a três planetas seriam necessários para prover os recursos naturais necessários para sustentar os estilos de vida atuais.
  • Mais de 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à água potável.

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*)

  • As emissões de gases de efeito estufa oriundos da atividade humana estão levando a mudanças climáticas e continuam aumentando. Elas alcançaram atualmente seu maior nível da história. Emissões globais de dióxido de carbono aumentaram quase 50% desde 1990.
  • As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram a níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. As concentrações de dióxido de carbono aumentaram em 40% desde os tempos pré-industriais, primeiramente por conta dos combustíveis fósseis e depois pelas emissões vindas do desmatamento do solo. O oceano absorveu cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitidos, tornando-se mais ácido.
  • Cada uma das últimas três décadas tem sido mais quente na superfície da Terra do que a anterior, desde 1850. No hemisfério Norte, o período entre 1983 e 2012 foi provavelmente o mais quente dos últimos 1.400 anos.
  • De 1880 a 2012, a temperatura média global aumentou 0,85ºC. Sem nenhuma ação, a média de temperatura mundial deve aumentar 3ºC até o final do século 21 – aumentando ainda mais em algumas áreas do mundo, incluindo nos trópicos e subtrópicos. As pessoas mais pobres e vulneráveis são as mais afetadas pelo aquecimento.
  • A média do nível do mar desde a metade do século 19 tem sido maior do que a média dos dois milênios anteriores. Entre 1901 e 2010, o nível global do mar aumentou 0,19 (0,17 a 0,21) metros.
  • De 1901 a 2010, o nível mundial do mar cresceu 19 centímetros com a expansão dos oceanos, devido ao aquecimento global e derretimento das geleiras. Desde 1979, o gelo do mar do Ártico diminuiu em cada década, com 1,07 milhões de km² de gelo perdido de dez em dez anos.
  • Ainda é possível limitar o aumento da temperatura global para 2ºC acima dos níveis pré-industriais, por meio de um conjunto de medidas tecnológicas e mudanças de comportamento.
  • Existem muitos caminhos atenuantes para alcançar a redução substancial de emissões para as próximas décadas, com chances superiores a 66%, se for limitado o aquecimento a 2ºC – a meta determinada pelos governos. No entanto, postergar até 2020 para as mitigações adicionais aumentará substancialmente os desafios tecnológicos, econômico, social e institucional associados para limitar o aquecimento no século 21 para menos de 2ºC relacionados a níveis pré-industriais.

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável

  • Os oceanos cobrem três-quartos da superfície da Terra, contém 97% da água do planeta e representam 99% da vida no planeta em termos de volume.
    Mundialmente, o valor de mercado dos recursos marinhos e costeiros e das indústrias é de 3 trilhões de dólares por ano ou cerca de 5% do PIB (produto interno bruto) global.
  • Mundialmente, os níveis de captura de peixes estão próximos da capacidade de produção dos oceanos, com 80 milhões de toneladas de peixes sendo pescados.
  • Oceanos contêm cerca de 200 mil espécies identificadas, mas os números na verdade deve ser de milhões.
  • Os oceanos absorvem cerca de 30% do dióxido de carbono produzido por humanos, amortecendo os impactos do aquecimento global.
  • Oceanos são a maior fonte de proteína do mundo, com mais de 3 bilhões de pessoas dependendo dos oceanos como fonte primária de alimentação.
  • Pesca marinha direta ou indiretamente emprega mais de 200 milhões de pessoas.
  • Subsídios para a pesca estão contribuindo para a rápida diminuição de várias espécies de peixes e estão impedindo esforços para salvar e restaurar a pesca mundial e empregos relacionados, causando redução de 50 bilhões de dólares em pesca nos oceanos por ano.
  • 40% dos oceanos do mundo são altamente afetados pelas atividades humanas, incluindo poluição, diminuição de pesca e perda de habitats costeiros.

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade

  • Treze milhões de hectares de florestas estão sendo perdidos a cada o ano.
  • Cerca de 1,6 bilhão de pessoas dependem das florestas para sua subsistência. Isso inclui 70 milhões de indígenas. Florestas são o lar de mais de 80% de todas as espécies de animais, plantas e insetos terrestres.
  • 2,6 bilhões de pessoas dependem diretamente da agricultura, mas 52% da terra usada para agricultura é afetada moderada ou severamente pela degradação do solo.
  • Anualmente, devido à seca e desertificação, 12 milhões de hectares são perdidos (23 hectares por minuto), espaço em que 20 milhões de toneladas de grãos poderiam ter crescido.
  • Das 8.300 raças animais conhecidas, 8% estão extintas e 22% estão sob risco de extinção.
    80% das pessoas vivendo em área rural em países em desenvolvimento dependem da medicina tradicional das plantas para ter cuidados com a saúde básica.

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

  • O número de refugiados registrados junto ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) era de 13 milhões em meados de 2014, há cerca de um ano.
  • Corrupção, suborno, roubo e evasão de impostos custam cerca de 1,26 trilhão para os países em desenvolvimento por ano.
  • A taxa de crianças que deixam a escola primária em países em conflito alcançou 50% em 2011, o que soma 28,5 milhões de crianças.

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

  • A Assistência Oficial ao Desenvolvimento (OAD) levantou aproximadamente 135 bilhões de dólares em 2014.
  • Em 2014, 79% dos produtos de países em desenvolvimento entraram no mercado “duty-free” de países desenvolvidos.
  • A dívida dos países em desenvolvimento continua estável, beirando 3% do rendimento de exportação.
  • O número de usuários da internet na África quase dobrou nos últimos quatro anos.
  • Em 2015, 95% da população mundial tem cobertura de sinal de celular.
  • 30% da juventude mundial é de nativos digitais, ativos online por pelo menos cinco anos.
  • A população mundial apresentou aumento do uso da internet de 6% em 2000 para 43% em 2015.
  • No entanto, mais de 4 bilhões de pessoas não usam Internet, e 90% delas são de países em desenvolvimento.

Fonte: ONU

Caso encerrado: Iguaçu não pode ter estrada

Caso encerrado: Iguaçu não pode ter estrada

O Supremo Tribunal Federal (STF) acaba de colocar um ponto final em uma disputa judicial que se arrastava há mais de 30 anos, enterrando definitivamente a ideia de se abrir uma estrada no Parque Nacional do Iguaçu, no extremo oeste do Paraná. O Parque, reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, guarda as famosas Cataratas do Iguaçu, que atraem mais de dois milhões de visitantes todos os anos.

A Corte Suprema negou um último recurso apresentado por um grupo de municípios vizinhos ao parque que insistia, há mais de 30 anos, em tentar derrubar entendimento da Justiça de que o Parque do Iguaçu não comporta a abertura de uma estrada.

Esse entendimento é tão antigo que, quando foi adotado pela primeira vez, em 1986, nem o Ibama existia. O órgão responsável pelo parque era o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, o IBDF. Decisão da Justiça Federal naquele ano determinou que o IBDF mantivesse fechada a estrada, que fora aberta ilegalmente nos anos 1950, quando o parque já existia – ele foi criado pelo então presidente Getúlio Vargas há mais de 70 anos, em 1939, sendo um dos mais antigos do país.

A estrada foi aberta na marra durante a ocupação do extremo oeste do Paraná, na primeira metade do século passado, quando madeireiros se estabeleceram na região para explorar a imensa riqueza daquelas florestas. Hoje, as florestas já não existem mais, e o Parque Nacional do Iguaçu é o último grande remanescente de Mata Atlântica de interior no país.

Depois dessa primeira decisão judicial de 1986 contra a permanência da estrada no interior da unidade de conservação, se sucederam outras, até que o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, a cúpula do Judiciário, que agora encerra definitivamente o caso. Em decisões anteriores, já haviam sido confirmados os argumentos dos desembargadores do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4), de que em parques nacionais é “inviável a construção de estradas ou outra utilização que se dissocie da vontade do legislador e que não esteja prevista no Plano de Manejo a ser observado e implementado pelo órgão ambiental encarregado da gestão do Parque Nacional”.

O advogado do WWF Rafael Giovanelli explica que, em novembro de 2010, o TRF4 reconheceu que a estrada deveria ser mantida fechada. “Então, um grupo de municípios recorreu e o caso chegou ao STF. Depois de uma série de idas e vindas, em fevereiro deste ano, o STF entendeu que não era possível recorrer da decisão do TRF4.  No dia 21 de abril esgotou-se o prazo para questionamento dessa decisão do STF. Com isso, ela se tornou definitiva, encerrando o caso.”

A decisão do STF foi comemorada na região. O gestor geral da Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia (Adere), com sede em Foz do Iguaçu, Raby Khalil, se diz feliz ao perceber que as instituições estão funcionando. “Num momento em que aparecem movimentos com propostas estapafúrdias pelo fechamento do STF, decisões como essa têm ainda mais importância. Nos mostram que há espaço para seguirmos na luta, defendendo a natureza e as pessoas”, diz Raby.

Dois projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional ainda ameaçam a integridade do Parque Nacional do Iguaçu, propondo a abertura da estrada, o que traria imensos prejuízos não só ambientais, mas também econômicos, segundo especialistas. A avaliação é que uma eventual estrada no interior do Parque prejudique a imagem da região como destino turístico sustentável, o que poderia impactar negativamente toda a cadeia relacionada ao setor, incluindo hotéis, restaurantes, comércio e serviços locais.

A gerente de Ciências do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, considera a decisão do STF importante também porque ficam sedimentados os argumentos que restringem a possibilidade de existência de estradas ou outras intervenções no interior de Unidades de Conservação. “Essa estrada no do Parque Nacional do Iguaçu não se justifica de nenhuma maneira. Seria caminho para a caça e para o tráfico de animais silvestres, para incêndios criminosos, para o roubo de madeira e para o atropelamento de fauna”, diz.

A decisão original do TRF4 estabelecia, ainda, que depois de encerrada a ação, o órgão responsável (hoje, o ICMBio), realizasse estudos para a recuperação da área antigamente ocupada pela estrada ilegal, num prazo de 120 dias. O levantamento deveria demonstrar as medidas e os prazos necessários para a recuperação da floresta no antigo leito. Hoje, porém, passados mais de 30 anos da primeira decisão, a floresta já tratou de cicatrizar-se por ela mesma.

O WWF-Brasil sobrevoou a área do Parque na primeira semana de março deste ano, percorrendo os cerca de 18km que a estrada cortava no interior da UC e pôde constatar que praticamente não há mais sinais dela. A floresta se recuperou e, onde uma vez houve uma estrada, hoje vicejam palmeiras, canafístulas, cedros e uma infinidade de espécies típicas da Mata Atlântica, encobrindo, com a sombra de seu dossel, milhares de pegadas deixadas na terra úmida por onças e por tantos outros animais silvestres ameaçados de extinção que têm no parque o seu último refúgio.

Fonte: WWF

Fazenda solar produz 17.000 toneladas de alimentos sem agrotóxicos e sem agredir o solo

Fazenda solar produz 17.000 toneladas de alimentos sem agrotóxicos e sem agredir o solo

A agricultura é provavelmente a profissão mais antiga do mundo, é o que fez com que nossos ancestrais passassem de nômades a sedentários e é assim que todas as culturas e etnias do mundo começaram.

Por milhares de anos, a agricultura tem sido o pilar de qualquer sociedade e desempenha um papel muito importante na vida cotidiana de todos os seres humanos. Embora os métodos possam ser diferentes dependendo da região, é claro que tem havido avanços cada vez mais importantes para tornar a agricultura mais eficiente.

Agora, um grupo de cientistas encontrou um caminho que permite que os agricultores cresçam nos lugares mais inóspitos, mesmo sem um punhado de terra. Graças a essa tecnologia, o problema da superexploração de recursos finitos, como água, terra e energia, também pode ser resolvido.

A Sundrops Farms, uma empresa focada na criação de agricultura sustentável, fabricou uma série de estufas de alta tecnologia que oferecem soluções viáveis para plantações em locais que de outra forma seriam impossíveis.

Em 2010, a empresa abriu sua primeira fazenda em Port Augusta, na Austrália, um deserto que, em circunstâncias normais, nunca poderia ser cultivado usando métodos tradicionais. Usando a água do mar e a luz solar natural , a Sundrop Farms criou uma técnica agrícola mais sustentável.

A empresa desenvolveu uma tecnologia que integra ” energia solar, geração de eletricidade, produção de água doce e hidroponia “. E, de acordo com a empresa, essa tecnologia produz tanta comida quanto a agricultura tradicional.

As estufas de alta tecnologia da Sundrop podem produzir 17.000 toneladas métricas de alimentos por ano. Usa cascas de coco em vez de terra, 23.000 espelhos para refletir a energia solar do sol do deserto e a água do mar dessalinizada para irrigar as plantações em 20 hectares de terra.

E quando se trata de manter as pragas sob controle, Sundrop diz que não há necessidade de produtos químicos. “Além de usar insetos carnívoros para controlar as pragas, também descobrimos que eles não gostam da água salgada que usamos para ajudar a manter nossas estufas frescas”.

Uma tecnologia que poderia melhorar muito a maneira como recebemos comida e cuidamos do planeta.

Fonte: https://www.contioutra.com/fazenda-solar-produz-17-000-toneladas-de-alimentos-sem-agrotoxicos-e-sem-agredir-o-solo/

Governadores renovam isenção de R$ 6 bi para agrotóxicos em meio à crise

Governadores renovam isenção de R$ 6 bi para agrotóxicos em meio à crise

Em meio a uma pandemia que gera demandas econômicas urgentes para os cofres públicos, governadores de todo o país decidiram prorrogar uma isenção fiscal que beneficia a venda de agrotóxicos. O acordo permite a desoneração de 30% a 60% do ICMS nas comercializações interestaduais de pesticidas e outros insumos agropecuários, o que significa que os governos estaduais deixam de arrecadar – e as empresas deixaram de pagar – mais de R$ 6,2 bilhões por ano, de acordo com estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Com esse valor, os estados poderiam comprar mais de 90 mil respiradores mecânicos, no valor de US$ 13 mil cada, como os que o Ministério da Saúde comprou no começo do mês. Ou, caso decidissem investir em testes rápidos, poderiam adquirir mais de 82 milhões de testes, no valor de R$ 75 cada.

A decisão de prorrogar o benefício até o final de 2020 foi publicada na edição de ontem (23 de abril) do Diário Oficial da União. Para ser renovada, a medida precisava ser aprovada por unanimidade entre todos os secretários de Fazenda dos 26 Estados e do Distrito Federal, o que ocorreu. A isenção é regulada por um convênio construído dentro do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

O desconto do ICMS é o principal item da “bolsa agrotóxico”, um pacote de benefícios que o agronegócio recebe do governo e que conta ainda com desonerações no PisPasep/Cofins, IPI e Imposto de Importação. Somadas, as isenções aos pesticidas superaram R$ 10 bilhões apenas em 2017, de acordo com o estudo da Abrasco feito com base nos dados do Censo Agropecuário, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Receita Federal e da legislação tributária federal e estadual.

A decisão foi tomada, ainda, sem o embasamento técnico necessário. Toda vez que os estados se reúnem para votar essa questão, um grupo técnico apresenta um estudo para avaliar se o convênio está realmente produzindo o efeito esperado. Esse trabalho é apresentado para os secretários de Fazenda antes da decisão ser tomada, coisa que não ocorreu esse ano. “Prorrogamos o convênio apenas por oito meses, por uma questão emergencial. A reunião que faria o estudo técnico foi suspensa devido ao momento que estamos vivendo”, diz Bruno Negris, diretor do Confaz.

Essa foi a vigésima vez que a isenção foi prorrogada. Há 23 anos em vigor, entra e sai governo e o benefício bilionário aos produtos agrotóxicos nunca foi derrubado. Segundo Negris, isso ocorre porque os governadores estão preocupados com o aspecto econômico, já que a maior justificativa da isenção é incentivar a produção agrícola. “O setor agrícola está presente em todos os estados. A visão foi sempre mais econômica, na busca por geração de emprego e segurar o homem no campo”, afirma.

Leia a reportagem na íntegra aqui.

Coronavírus detectado em partículas de poluição do ar

Coronavírus detectado em partículas de poluição do ar

O coronavírus foi detectado em partículas de poluição do ar por cientistas que investigam se isso pode permitir que ele seja transportado por longas distâncias e aumentar o número de pessoas infectadas.

O trabalho é preliminar e ainda não se sabe se o vírus permanece viável em partículas poluentes e em quantidade suficiente para causar doenças.

Os cientistas italianos usaram técnicas padrão para coletar amostras de poluição do ar ao ar livre em um local urbano e industrial na província de Bergamo e identificaram um gene altamente específico do Covid-19 em várias amostras. A detecção foi confirmada por testes cegos em um laboratório independente.

Leonardo Setti, da Universidade de Bolonha, na Itália, que liderou o trabalho, disse que era importante investigar se o vírus poderia ser transmitido mais amplamente pela poluição do ar.

“Sou cientista e estou preocupado quando não sei”, disse ele. “Se soubermos, podemos encontrar uma solução. Mas se não sabemos, só podemos sofrer as consequências. “


Veja mais notícias sobre o #Coronavírus:
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Dois outros grupos de pesquisa sugeriram que partículas de poluição do ar poderiam ajudar o coronavírus a viajar mais longe no ar.

Uma análise estatística da equipe de Setti sugere que níveis mais altos de poluição por partículas poderiam explicar taxas mais altas de infecção em partes do norte da Itália antes da imposição de um bloqueio, uma ideia apoiada por outra análise preliminar. A região é uma das mais poluídas da Europa.

Nenhum dos estudos da equipe de Setti foi revisado por pares e, portanto, não foram endossados ​​por cientistas independentes. Mas especialistas concordam que sua proposta é plausível e requer investigação.

Estudos anteriores mostraram que as partículas da poluição do ar abrigam micróbios e é provável que a poluição tenha transportado os vírus que causam a gripe aviária, sarampo e febre aftosa por longas distâncias.

O papel potencial das partículas de poluição do ar está ligado à questão mais ampla de como o coronavírus é transmitido. Grandes gotículas carregadas de vírus da tosse e espirros de pessoas infectadas caem no chão em um ou dois metros. Mas gotículas muito menores, com menos de 5 mícrons de diâmetro, podem permanecer no ar por minutos a horas e viajar mais.

Os especialistas não sabem ao certo se essas minúsculas gotículas transportadas pelo ar podem causar infecções por coronavírus, embora saibam que o coronavírus Sars 2003 foi espalhado no ar e que o novo vírus pode permanecer viável por horas em minúsculas gotículas.

Mas os pesquisadores dizem que a importância da transmissão potencial no ar e o possível papel potencializador das partículas de poluição significam que ela não deve ser descartada sem evidências.

O professor Jonathan Reid, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, está pesquisando a transmissão aérea de coronavírus. “Talvez não seja surpreendente que, enquanto suspensas no ar, as pequenas gotículas possam combinar com partículas urbanas de fundo e serem transportadas.”

Ele disse que o vírus foi detectado em pequenas gotas coletadas dentro de casa na China.

Setti disse que pequenas gotas entre 0,1 e 1 mícron podem viajar ainda mais quando coalescem com partículas de poluição de até 10 mícrons do que por conta própria. Isso ocorre porque a partícula combinada é maior e menos densa que a gota e pode permanecer flutuando pelo ar por mais tempo.

“A partícula de poluição é como um micro-avião e os passageiros são as gotas”, disse Sett. Reid é mais cauteloso: “Acho que a mudança muito pequena no tamanho das partículas [combinadas] dificilmente desempenhará um papel importante”.

O professor Frank Kelly, do Imperial College London, disse que a idéia de partículas poluentes que transportam o vírus para longe é interessante. “É possível, mas eu gostaria de ver esse trabalho repetido por dois ou três grupos.”

Outro especialista, John Sodeau, da University College Cork, na República da Irlanda, disse: “O trabalho parece plausível. Mas esse é o resultado final no momento, e interações plausíveis [de partículas] nem sempre são biologicamente viáveis e podem não ter efeito na atmosfera. ” Ele disse que o curso normal da pesquisa científica pode levar dois ou três anos para confirmar essas descobertas.

Outra pesquisa indicou correlações entre aumento das mortes por Covid-19 e níveis mais altos de poluição do ar antes da pandemia. Sabe-se que a exposição prolongada ao ar sujo prejudica a saúde dos pulmões, o que poderia tornar as pessoas mais vulneráveis ao Covid-19.

Fonte: The Guardian

Tem vírus nas minhas roupas? Meus calçados? Meus cabelos? Meu jornal?

Tem vírus nas minhas roupas? Meus calçados? Meus cabelos? Meu jornal?

Conversamos com especialistas em doenças infecciosas, cientistas e microbiologistas para responder às perguntas dos leitores sobre os riscos de entrar em contato com o vírus durante saídas essenciais e nas entregas em domicílio. Ainda precisamos tomar muitas precauções, mas suas respostas foram tranquilizadoras.

Preciso trocar de roupa e tomar banho quando voltar do supermercado?

Para a maioria de nós que estamos em distanciamento social e saímos apenas para ir ao supermercado ou à farmácia, os especialistas concordam que não é necessário trocar de roupa ou tomar banho na volta para casa. Mas é preciso lavar as mãos, sempre. Embora seja verdade que um espirro ou tosse de uma pessoa infectada possa jogar gotículas virais e partículas menores pelo ar, a maioria delas cairá no chão.

Estudos mostram que algumas pequenas partículas virais podem flutuar no ar por cerca de meia hora, mas não se aglomeram feito mosquitos e é improvável que colidam com suas roupas.

“É improvável que uma gota pequena o suficiente para flutuar no ar por algum tempo acabe se depositando nas roupas, por causa da aerodinâmica”, disse Linsey Marr, cientista de aerossóis da Virginia Tech. “As gotículas são pequenas o suficiente para se espalharem no ar ao redor do nosso corpo”.

Mas por que pequenas gotículas e partículas virais dificilmente pousam nas nossas roupas?

Pedi a Marr que explicasse melhor, já que todos nós estamos assistindo a uma miniaula de aerodinâmica.

“A melhor maneira de descrever isso é dizer que elas flutuam por linhas de fluxo, fluxos de ar, em torno das pessoas, porque nos movemos relativamente devagar. São como os pequenos insetos e partículas de poeira: eles flutuam pelas linhas de fluxo ao redor de um carro em velocidade baixa, mas podem atingir o para-brisa se o carro estiver indo mais rápido”, explicou Marr.

“Os humanos geralmente não se movem rápido o bastante para que isso aconteça”, continuou. “À medida que avançamos, empurramos o ar para fora do caminho, e a maioria das gotículas e partículas também é empurrada para longe. Alguém teria de borrifar grandes gotas durante uma conversa – aquelas pessoas que falam cuspindo – ou numa tosse ou espirro para que essas partículas pousassem nas nossas roupas. As gotículas precisam ser grandes o suficiente para não seguir as linhas de fluxo”.

Então, se você estiver fazendo compras e alguém espirrar em você, o melhor a fazer é ir para casa, trocar de roupa e tomar banho. Mas, fora isso, pense que seu corpo lento está empurrando o ar e as partículas virais para longe de suas roupas, graças a uma física bem simples.


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Existe o risco de o vírus ficar no meu cabelo ou barba?

Por todas as razões descritas acima, você não precisa se preocupar com a contaminação viral de seus cabelos ou barba, se estiver fazendo distanciamento social. Mesmo se alguém espirrasse na parte de trás da sua cabeça, qualquer gota que caísse no seu cabelo seria uma fonte improvável de infecção.

“É só pensar no processo necessário para alguém se infectar”, disse Andrew Janowski, professor de doenças infecciosas pediátricas do Hospital Infantil St. Louis da Escola de Medicina da Universidade de Washington. “Alguém precisa espirrar e esse espirro precisa ter uma quantidade X de vírus, para que uma certa quantidade de gotas caia em você”.

“Aí você precisa tocar na parte do cabelo ou da roupa que está com essas gotículas, que já têm uma redução significativa nas partículas virais”, disse Janowski. “Depois você precisa tocar nessa parte e em seguida em qualquer parte do seu rosto para se infectar. Quando você passa pela sequência de eventos, vê que é bem grande o número de coisas que precisam acontecer da maneira certa. Isso deixa o risco muito baixo”.

Preciso me preocupar em lavar e separar as roupas?

A resposta depende de você estar lavando roupas de rotina ou de uma pessoa doente.

As roupas de rotina não devem ser motivo de preocupação. Lave-as como faria normalmente. Embora alguns tipos de vírus, como o norovírus, possam ser difíceis de lavar, o novo coronavírus, assim como o vírus da gripe, tem uma membrana gordurosa que é vulnerável ao sabão. Lavar suas roupas com sabão comum, seguindo as instruções do tecido, será mais do que suficiente para remover o vírus – isto se tiver vírus nas roupas.

“Sabemos que os vírus podem se depositar na roupa (por causa das gotículas) e depois se soltarem para o ar com movimento, mas seriam necessários muitos vírus para que isto fosse algo preocupante, muito mais do que uma pessoa comum encontraria andando ao ar livre ou indo ao supermercado”, afirmou Marr.

A exceção é se você estiver em contato próximo com uma pessoa doente. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam que você use luvas ao limpar o ambiente onde está o doente e tome cuidado para não sacudir suas roupas e lençóis. Use a configuração de água mais quente possível na sua máquina de lavar e seque completamente as roupas. Você pode misturar as roupas da pessoa doente com o restante das roupas da casa. Mas é bom deixar a roupa descansando por um tempo, para reduzir o risco, porque o vírus seca e se deteriora.

“Sabemos que esses tipos de vírus tendem a decair mais rapidamente no tecido do que em superfícies sólidas e duras, como o aço ou o plástico”, comparou Marr.

Por quanto tempo o vírus consegue permanecer viável no tecido e em outras superfícies?

A maior parte do que sabemos sobre quanto tempo esse novo coronavírus consegue sobreviver em superfícies vem de um importante estudo publicado no The New England Journal of Medicine em março. O estudo descobriu que o vírus sobrevive por até três dias em superfícies de metal duro e plástico e até 24 horas em papelão.

Mas o estudo não analisou sua sobrevivência nos tecidos. Ainda assim, a maioria dos especialistas em vírus acredita que a pesquisa sobre o papelão dá algumas pistas sobre como o vírus provavelmente se comporta nos tecidos. As fibras naturais absorventes do papelão parecem fazer com que o vírus seque mais rápido do que em superfícies duras. As fibras do tecido provavelmente têm um efeito semelhante.

Um estudo de 2005 sobre o vírus que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave, outra forma de coronavírus, fornece dados tranquilizadores. Nesse estudo, os pesquisadores testaram quantidades cada vez maiores de amostras virais em papel e num vestido de algodão. Dependendo da concentração viral, foram necessários 5 minutos, 3 horas ou 24 horas para os vírus ficarem inativos.

“Mesmo com uma carga de vírus relativamente alta na gotícula, foi observada rápida perda de capacidade de infecção em papel e algodão”, concluíram os pesquisadores.

Preciso me preocupar com as correspondências, as entregas e o jornal?

O risco de ficar doente ao lidar com correspondências e entregas é extremamente baixo e, por enquanto, apenas teórico. Não há casos documentados de alguém que tenha adoecido ao abrir um pacote ou ler um jornal.

Mas isso não significa que você não deva tomar precauções. Após manusear correspondência e entregas ou ler o jornal, descarte a embalagem e lave as mãos. Se você ainda estiver especialmente preocupado com isso, siga as orientações do estudo do New England Journal e deixe as correspondências e pacotes descansarem por 24 horas antes de manipulá-los.

Quanto devo me preocupar com a contaminação quando saio para passear com o cachorro ou fazer exercícios?

Suas chances de pegar o vírus quando sai ao ar livre são extremamente baixas, desde que você mantenha uma distância segura das outras pessoas.

“Ambientes ao ar livre são seguros e certamente não há nuvens de gotículas carregadas de vírus”, disse Lidia Morawska, professora e diretora do Laboratório Internacional de Saúde e Qualidade do Ar na Universidade de Tecnologia de Queensland, em Brisbane, na Austrália.

“Em primeiro lugar, qualquer gota infecciosa exalada seria rapidamente diluída pelo ar externo, de modo que suas concentrações logo cairiam a níveis insignificantes”, disse Morawska. “Além disso, a estabilidade do vírus ao ar livre é significativamente menor do que em ambientes fechados. Portanto, o ar livre não é um problema, a menos que estejamos num local muito movimentado – o que, de toda maneira, está proibido agora. Pode dar um passeio e correr sem se preocupar com o vírus no ar, e não há necessidade de lavar imediatamente as roupas”.

Li que, quando chego em casa, preciso tirar os calçados e limpá-los. Tenho mesmo que desperdiçar meus preciosos lenços desinfetantes nas solas dos sapatos?

Os calçados podem abrigar bactérias e vírus, mas isso não significa que eles sejam uma fonte comum de infecção. Um estudo de 2008 encomendado pela Rockport Shoes encontrou muitas coisas nojentas – entre elas bactérias fecais – nas solas dos nossos calçados. Um estudo recente da China descobriu que metade dos profissionais de saúde tinha coronavírus em seus calçados, o que não é de surpreender, pois eles estavam trabalhando em hospitais cheios de pacientes infectados.

Então, o que devemos fazer com os calçados? Se eles são laváveis, você pode lavá-los. Alguns leitores perguntaram se podem limpar as solas com lenços desinfetantes. Isto não é recomendado. Não apenas porque desperdiça bons materiais de limpeza (que estão em falta), como também traz os germes que permaneceriam na sola ou no chão diretamente para as mãos.

Você pode fazer duas coisas: tentar não pensar no que está escondido nos seus calçados, ou conversar com seus familiares sobre a possibilidade de se tornarem uma família sem calçados dentro de casa. Se você tem um filho que engatinha ou brinca no chão, um parente com alergias ou mora com alguém que tem um sistema imunológico comprometido, uma casa sem calçados pode ser uma boa ideia para a higiene geral.

Janowski disse que os calçados não são uma grande preocupação para a infecção por coronavírus, mas seu estômago pode revirar só de pensar sobre onde eles estiveram.

“Se você quer falar sobre bactérias, tudo que precisa saber é que elas gostam de viver nos calçados”, disse Janowski. “Você nunca sabe no que seus calçados andaram pisando por aí”. / Tradução de Renato Prelorentzou. 

Fonte: Estadão