+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Brasil gastou mais de R$ 1 bilhão por ano para subsidiar energia a carvão, diz estudo global

Estudo global mostra que, no período de 2020 a 2024, governo brasileiro gastou uma média de US$ 185 milhões anuais em subsídios para esse tipo de geração

Dono de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil gastou, entre 2020 a 2024, uma média de R$ 1,07 bilhão (US$ 185 milhões) por ano em subsídios com a geração de eletricidade a carvão mineral.

O dado faz parte da pesquisa anual da organização Global Energy Monitor, sobre a produção global de carvão, relatório que acaba de ser concluído. A organização Arayara é coautora do estudo.

Os subsídios governamentais são usados para financiar parte da cadeia de combustíveis fósseis, que é o insumo mais sujo e um dos mais caros do setor elétrico. Apesar da baixa competitividade do carvão, o setor continua operando com o apoio estatal, justificado como parte de uma “transição justa”. Esses incentivos mantêm usinas antigas em funcionamento nas regiões carboníferas do Sul.

Os dados foram coletados com a Agência Internacional de Energia (IEA), além do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), agências governamentais nacionais e organizações não governamentais especializadas em energia e meio ambiente. O relatório usa ainda informações do Global Coal Plant Tracker (GCPT), Rastreador Global de Usinas a Carvão, em tradução literal, um banco de dados atualizado semestralmente que identifica e mapeia todas as usinas termelétricas a carvão conhecidas.

O documento lembra que o Brasil ainda abriga uma das duas últimas propostas ativas de usinas a carvão na América Latina, a usina termelétrica Ouro Negro, em Pedras Altas (RS), de 600 Megawatts. Proposta em 2015 com financiamento chinês, ela vem fracassando sistematicamente em leilões de energia entre 2019 e 2022, superada por alternativas mais baratas, como gás fóssil e fontes renováveis.

Já a operação da usina de Candiota, também no estado gaúcho, está ameaçada. Seus contratos venceram em dezembro de 2024 e a empresa sofreu multa do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) por descumprimento de licença ambiental.

Há ainda um projeto de lei em tramitação no Congresso que pode renovar por mais duas décadas os subsídios ao carvão, somando R$ 92 bilhões (US$ 16 bilhões). Isso se somaria aos R$ 8 bilhões já contratados até 2027, pagos pela conta de luz dos consumidores.

O relatório mostra uma queda histórica na produção global de novas usinas a carvão, atingindo seu menor nível em 20 anos. Cerca de 44 Gigawatts entraram em operação em 2024, quando a média anual entre 2004 e 2024 foi de 72 Gigawatts.

Ainda assim, houve um crescimento líquido de capacidade global, impulsionado pela China e a Índia, que responderam por 92% das novas propostas em 2024. A China iniciou novas construções com capacidade total de 94 Gigawatts, o maior nível desde 2015. A Índia propôs outros 38 Gigawatts em projetos, um recorde da década. China e Índia somam 92% das novas propostas globais.

A capacidade em desenvolvimento fora da China e Índia caiu mais de 80% desde 2015. Já na União Europeia, as desativações dessas plantas quadruplicaram em 2023, com o Reino Unido encerrando sua última usina. Nos EUA, as desativações caíram ao menor nível desde 2015. A África vê crescimento de projetos com apoio chinês, contrariando promessas anteriores.

A capacidade instalada a carvão é de 3,1 Gigawatts, gerando apenas 2% da eletricidade nacional. Um projeto de lei que está em tramitação no Congresso busca renovar por mais duas décadas os subsídios ao carvão, somando R$ 92 bilhões (US$ 16 bilhões). Isso se somaria aos R$ 8 bilhões já contratados até 2027, pagos pela conta de luz dos consumidores.

A Global Energy Monitor é uma organização não governamental sem fins lucrativos, sediada na Califórnia (EUA), dedicada ao desenvolvimento e análise de dados sobre infraestrutura energética, recursos e seus usos.

Fonte:  Folha de S. Paulo

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Rio Melchior: presidenta da CPI diz que participa como ‘aprendiz’ e que comissão será ‘propositiva’

A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará a poluição do Rio Melchior, no Distrito Federal, foi marcada por um tom mais brando. A presidenta da Comissão, a deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF), afirmou que a CPI será “principalmente propositiva”. “A gente não quer ficar só apontando o dedo, muito pelo contrário, nós queremos construir coisas boas

Leia Mais »

Justiça suspende leilão de termelétricas e exige consulta pública sobre impacto na energia

A Justiça Federal do Distrito Federal suspendeu o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP 2025), que previa a contratação de termelétricas a gás fóssil, e determinou a realização de uma nova consulta pública. A decisão atendeu a uma ação movida pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que questionou critérios do certame que poderiam elevar as tarifas de energia

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasil desafia tendência global e mantém subsídios ao carvão, enquanto vizinhos avançam na descarbonização

Apesar de seu grande potencial em energias renováveis, Brasil ainda sustenta o setor de carvão com bilhões em subsídios Apesar de contar com um dos maiores potenciais de geração de energia renovável do mundo, o Brasil ainda mantém políticas de incentivo ao carvão mineral, uma das fontes mais poluentes e menos eficientes da matriz elétrica global. De acordo com o

Leia Mais »