+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

BNDES suspende financiamento a usinas termelétricas movidas a carvão

Esse artigo de Vanessa Adachi foi originalmente publicado em https://www.capitalreset.com/bndes-deixa-de-financiar-termicas-a-carvao-e-pode-ampliar-lista-de-exclusao – 27 de julho de 2021


¨Grande financiador de projetos na área de infraestrutura no país, o BNDES definiu que não dará mais crédito para usinas térmicas a carvão. O setor foi incluído formalmente na lista de exclusão do banco”, estampou a revista eletrônica Capital Reset nesta terça (27).


O movimento do BNDES pegou o mercado de surpresa, mas está rigorosamente em linha com outros bancos de desenvoilviment e demais institutições finaceiras privadas, além de fudos como o gigantesco Black Rock (que administra recursos da ordem de 6,7trilhões de Euros, ou quase R$ 49 trilhões). Todos têm se posicionado por colocarem seus recursos em projetos que não incentivem a matriz carbonizada da economia.


“Enfim o BNDES toma a decisão que já se faz em grande parte do mercado financeiro global, que é o de não mais financiar empresas de mineração de carvão e projetos elétricos de termoelétricas a carvão mineral”, um passo importante para uma economia limpa e de baixo carbono”, avaliou Juliano Bueno de Araujo, diretor écnico do Observatório do Carvão Mineral e da Fundação Arayara.


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não é apenas a quase que única fonte de financiamento de longo prazo da infraestrutura econômica do Brasil. Empresa 100% pertencente ao governo federal, é, também, uma espécie de selo que qualidade. Um projeto que seja ao menos parcialmente financiado pelo Banco – uma dos maiores instituições de financiamento ao desenvolvimento em todo o mundo, e que em 2020 desembolsou R$ 64,9 bilhões em financiamentos a projetos de pequenas, médias e grandes empresas- é bem avaliado pelo mercado e tem o acesso a outros financiamentos informalmente faciltados pelo endosso do Banco oficial.
Ou seja: sem o aval do BNDES, os projetos de usinas termelétricas a carvão terão de buscar outras fontes para viabilizar seus empreendimentos, e não poderão usufruir das taxas oferecidas pelo Banco – em geral, as mais baixas do mercado.
O artigo da Capital Reset continua.


“Não financiaremos mais térmicas a carvão, independentemente da tecnologia empregada ou de qualquer outra coisa”, diz o diretor do BNDES, Bruno Aranha, diretor de crédito produtivo e socioambiental da estatal.


A Capital Reset também observou que “como consequência da exclusão das térmicas, projetos de mineração de carvão voltados a abastecê-las também deixam de ser elegíveis para crédito do banco a partir de agora.


A revista lembra que “o último projeto no setor a contar com crédito do banco foi o da implantação da térmica de Pampa Sul, da Engie, em 2018. O banco destinou R$ 728,9 milhões em recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)”.


“No fim do ano passado, a térmica emitiu uma debênture para refinanciar parte das dívidas contraídas para sua construção e neste ano foi colocada à venda como parte das metas da Engie de limpar totalmente sua matriz energética.
“Colocar o carvão na lista foi um primeiro passo. “Estamos revisando nossa lista de exclusão, das atividades que não apoiamos financeiramente. O carvão foi a principal novidade até agora, mas estamos estudando outras possibilidades”, diz Aranha, que, além da nova diretoria, coordena um projeto para adequar a governança do banco à agenda ESG.


O segmento de óleo e gás segue apto a receber recursos, mas Aranha informou que “o Banco está se estruturando para assumir compromissos de descarbonização de suas carteiras, tanto a de crédito quanto a de ações. Um primeiro passo será medir a pegada de carbono dos dois portfólios (o inventário de emissões diretas e indiretas, mas fácil de fazer do que o da carteira de negócios, já foi concluído para o exercício de 2020).


“O que ele chama de carteira ESG são os R$ 138 bilhões que ao final de 2020 estavam alocados em projetos que geram externalidades sociais ou ambientais positivas, como energia renovável, educação, saúde, saneamento, eficiência energética e gestão de resíduos. Só no ano passado foram destinados R$ 20 bilhões a esse tipo de projeto.”


“Foram vendidos papéis de setores emissores de gases de efeito estufa, como Vale, Petrobras e Marfrig. O BNDES também saiu de Suzano, empresa de papel e celulose que captura mais CO2 em suas florestas do que emite nas atividades ambientais.


“Com os recursos liberados, vamos apoiar mais projetos de saneamento e de energia limpa, portanto, a reciclagem do portfólio está contribuindo positivamente para nossa pegada.”

Descomissionamento #Descarbonização #TransiçãoEnergética #BNDES #CombustíveisFósseis #TransiçãoJusta #MudançasClimáticas #ObservatórioDoCarvão #InstitutoArayara

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Terra Indígena Rio dos Pardos: da luta à conquista

O povo indígena Xokleng, conhecido por sua profunda conexão com a natureza, ocupou uma vasta área do Planalto Norte Catarinense, porém, quase desapareceu devido à colonização no início do século 20. Os indígenas sobreviventes foram confinados em pequenas parcelas de terra, estabelecidas pelo Estado em 1914, medida que seguiu marginalizando esse povo em prol do desenvolvimento econômico predatório. Entre as áreas concedidas

Leia Mais »

Estudo sobre Carvão Mineral tem lançamento em Candiota (RS), região que abriga 90% das reservas do Brasil

Plataforma reunirá dados sobre impacto da exploração subsidiada do mineral, a pior fonte de energia para potencializar os eventos climáticos extremos No próximo dia 16 de dezembro, o Instituto Internacional Arayara lançará oficialmente o Monitor de Energia, plataforma online com estudos, dados, infográficos e legislações sobre a matriz energética do Brasil. Na ocasião será apresentado o estudo UTE Candiota 2050 –

Leia Mais »

Marco regulatório de energia offshore passa pela Comissão de Infraestrutura do Senado

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou aprovou aprovou nesta terça-feira (10) o projeto de lei (PL) 576/2021, conhecido como o marco regulatório para a exploração de energia elétrica offshore (no mar). O texto deve passar nesta quarta-feira (11) no Plenário da Casa para depois seguir para

Leia Mais »