Na noite desta terça-feira (21), movimentos sociais, organizações ambientais, pescadores e lideranças comunitárias se reuniram em Belém (PA) para protestar contra a autorização de perfuração do bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas. O ato — que teve concentração na Escadinha do Cais do Porto e seguiu até a Estação das Docas — reuniu dezenas de pessoas em defesa da vida, da pesca e da Amazônia frente à expansão do petróleo na costa.
A mobilização ocorreu a menos de um mês da COP30 e expôs a contradição entre o discurso de transição energética do governo brasileiro e a continuidade da política de exploração fóssil. Para os manifestantes, a decisão do Ibama de liberar a perfuração marítima abre um perigoso precedente e ameaça ecossistemas marinhos únicos, comunidades pesqueiras e a soberania alimentar da região.
Pesquisas do Instituto Internacional ARAYARA e do OPG – Observatório do Petróleo e Gás indicam que os blocos já leiloados na Margem Equatorial podem restringir mais de 16 mil km² de áreas de pesca, impactando diretamente comunidades do Amapá, Pará e Maranhão.
Projetos como o gasoduto de Calçoene e novas rotas de navegação da indústria petrolífera também devem agravar conflitos pelo uso do mar e prejudicar espécies como pargo, piramutaba, gurijuba, pescada amarela e camarão-rosa.
O ato simbólico reuniu ativistas das instituições ambientalistas Pororoka e Rede Cuíras, professores, comunitários dos maretórios, pescadores, além de artistas do coletivo Carimbó Cobra Venenosa, que ecoaram através da expressão da cultura local versos de proteção aos seus territórios ameaçados. O protesto reforçou o sentimento de resistência da população amazônica frente à nova fronteira de exploração fóssil. Entre cartazes, tambores e cânticos, a mensagem ecoou forte às margens da Baía do Guajará: a Amazônia não está à venda — e o futuro da região depende da defesa da vida, da água e da justiça climática.














