+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Em meio à escalada da Violência contra Defensores Ambientais, GreenFaith Brasil e Instituto Arayara  concluem curso de Segurança para Ativistas

No ano da COP30 brasil é o 2º país mais perigoso do mundo para defensores do clima, espaço de formação reuniu ativistas de todo país

Em um cenário em que o Brasil se destaca como ser o segundo país que mais mata defensores da terra e do meio ambiente, de acordo com recente pesquisa da  Global Witness o GreenFaith Brasil e o Instituto Arayara anunciam o lançamento da “Formação Digital em Segurança no Ativismo e Ação Climática frente à Indústria do Petróleo”. O curso, gratuito e online, capacitou  lideranças comunitárias com ferramentas essenciais de proteção digital, autocuidado e segurança para suas ações.

A formação ocorreu durante os meses de agosto e setembro e reuniu ativistas e lideranças de diversas regiões do país. Os encontros trouxeram um panorama técnico e humano dos desafios impostos pela indústria de petróleo e gás.

Reunindo ativistas de diversas regiões, o lançamento do curso ocorre em um momento crítico. Mais de 2.100 defensores da terra e do meio ambiente foram mortos em todo o mundo entre 2012 e 2023, com 25 desses assassinatos ocorrendo no Brasil somente em 2023, o que o coloca em segundo lugar no ranking global. A pesquisa também revela que a violência é desproporcionalmente direcionada a povos indígenas e afrodescendentes, que representaram 49% do total de mortes no último ano.

As aulas foram encontros de visões que trouxeram a urgência da questão climática à tona. Na primeira aula,  o debate foi conduzido pela coordenadora de advocacia do Instituto Arayara, Renata Prata, e pelo ativista e Presidente da Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé (ACAMM), Liderança da Campanha Rio Sem Óleo, Rafael Santos.

Renata apresentou uma análise técnica detalhada sobre a expansão do setor de petróleo no Brasil, destacando o avanço sobre territórios indígenas e quilombolas e a crescente privatização do setor. “Nosso trabalho é expor a forma como a indústria avança sobre territórios indígenas e quilombolas, e como o leilão de blocos exploratórios, cada vez mais dominado por empresas multinacionais estrangeiras, fragiliza nossa soberania e aumenta os riscos de uma transição energética injusta”, explicou.

A visão técnica foi complementada pelo relato que trouxe o chão para o debate. No meio dos gráficos e estatísticas sobre a indústria, a voz de Rafael Santos, um pescador artesanal que, por ironia, já trabalhou no setor, trouxe o peso da realidade. De Suruí, em Magé, sua história se entrelaça com a de sua comunidade, forjada por um histórico de desastres ambientais. Ele não falou apenas de números, mas da crueza de um veneno recente no Rio Suruí, de como as propostas financeiras de empresas criam divisões sociais e de uma cultura que se esvai a cada derramamento de óleo.

A discussão, que contou com a participação de ativistas do Pará, Rondônia, Rio de Janeiro e Baixada Santista, reforçou a urgência de uma luta coletiva. Foram abordados temas como a insuficiência da legislação ambiental, a manipulação de narrativas nas redes sociais e a necessidade de fortalecer a proteção de defensores de direitos humanos em um ambiente cada vez mais hostil.

O curso, parte das atividades do GreenFaith, tem em sua programação quatro aulas online, às terças-feiras, com término em 16 de setembro, reforçando a conexão entre direitos humanos e ativismo climático.

A coordenadora do GreenFaith no Brasil, Julia Rossi, explica que o objetivo é fortalecer a capacidade de mobilização das lideranças religiosas e comunitárias da campanha Rio sem Óleo, promovendo a troca de experiências e o uso de ferramentas de proteção para enfrentar as violências do território. “Com a participação de lideranças religiosas e comunitárias de diferentes tradições de fé, a formação tem revisitado questões fundamentais sobre a relação entre ativismo e segurança no Brasil.

A proposta da formação surgiu do envolvimento direto de lideranças religiosas e comunitárias de Magé na campanha Rio sem Óleo, como resposta à necessidade de proteger esses atores que enfrentam cotidianamente as pressões da indústria do petróleo e as ameaças no território. A coordenadora do GreenFaith no Brasil, Julia Rossi, explica que o objetivo é fortalecer a capacidade de mobilização dessas lideranças de forma segura e estratégica, promovendo a troca de experiências e o uso de ferramentas de proteção diante das violências locais. “Com a participação de lideranças religiosas e comunitárias de diferentes tradições de fé, a formação em GreenFaith tem revisitado questões fundamentais sobre a relação entre ativismo e segurança no Brasil.” Finaliza.

Sobre a GreenFaith Brasil A GreenFaith é uma organização inter-religiosa e ambiental que inspira e equipa comunidades religiosas e espirituais a responder à crise climática e ecológica.

Sobre o Instituto Arayara O Instituto Arayara é uma organização ambiental dedicada à defesa de políticas públicas, litigância e mobilização social contra a exploração de combustíveis fósseis e em prol de uma transição energética justa.

Por: Juliana Portella

Foto: reprodução/GreenFaith Brasil

Fonte:GreenFaith Brasil

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Aviso de Convocação – Assembleia Geral Ordinária

O Instituto Internacional ARAYARA convoca os(as) associados(as) com filiação regular e quites com as taxas anuais e remidas, e que estejam em pleno gozo de seus direitos estatutários, para a Assembleia Geral Ordinária a ser realizada em formato híbrido no dia 18 de dezembro de 2025, às 18h30 em primeira chamada e às 19h00 em segunda chamada. A participação poderá

Leia Mais »

Audiência pública sobre o fracking no STJ : uma das maiores ameaças à saúde humana e prejuízos ao agronegócio e às mulheres do Brasil

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) sedia, no dia 11 de dezembro de 2025, uma audiência pública de importância crucial para o futuro energético e ambiental do Brasil. O evento coloca em debate a exploração de gás de xisto (shale gas) por meio do fraturamento hidráulico (fracking), uma técnica não-convencional que, segundo dados e subsídios científicos compilados pelo Instituto Internacional

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Roteiro brasileiro para fim dos combustíveis fósseis começa a sair do papel

Lula dá 60 dias para os ministérios do Meio Ambiente, Fazenda e Minas e Energia, e Casa Civil apresentarem as diretrizes para a transição energética justa, mas condiciona financiamento à exploração de petróleo e gás O despacho publicado ontem no Diário Oficial da União onde o presidente Lula convoca os ministérios de Minas e Energia, Fazenda e Meio Ambiente e mais a

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Direitos humanos e violência política são temas de roda de conversa nesta quarta (10)

A atividade realizada no Dia Internacional dos Direitos Humanos, acontece na sede da Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) Nesta quarta-feira, 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, roda de conversa sobre Direitos Humanos e Violência Política, acontece às 9h, na Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), no Pelourinho. O encontro, iniciativa da vereadora Eliete Paraguassu (PSOL), tem como objetivo fortalecer a

Leia Mais »