+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Em ano de COP no Brasil, governo lança edital para contratar termelétricas a carvão

Ministério de Minas e Energia (MME) abre consultas públicas que preveem a contratação de termelétricas fósseis, consideradas as mais poluentes. Anúncio marca a volta do carvão à agenda de leilões de energia no Brasil após 11 anos

Faltando 76 dias para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), o governo federal reacendeu uma polêmica no setor energético ao publicar novas diretrizes para o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) 2026. A medida, oficializada, na última sexta-feira (22/8) pelo Ministério de Minas e Energia (MME), prevê a contratação de potência elétrica a partir de usinas movidas a gás natural, carvão mineral e óleo diesel, consideradas fontes fósseis de alta emissão de gases de efeito estufa. A COP30 acontece de 10 a 21 de novembro.

O anúncio marca a volta do carvão à agenda de leilões de energia no Brasil após 11 anos. De acordo com dados do Instituto Internacional Arayara, a última contratação de uma térmica a carvão ocorreu em 2014, com a Usina Pampa Sul, em Candiota (RS). Desde então, o país vinha reduzindo gradualmente a participação dessa fonte na matriz elétrica por causa de seus impactos ambientais. A decisão do MME surpreendeu ambientalistas justamente em um momento em que o Brasil tenta se firmar como liderança global na transição energética.

O LRCAP 2025, que estava programado para acontecer em abril passado foi cancelado pela Justiça, após gerar forte reação de organizações de proteção ambiental, que levantaram questionamentos sobre os riscos e irregularidades no processo. Segundo o gerente de transição energética do Instituto Internacional Arayara, John Wurdig, aquele edital projetava emissões de até 1,11 gigatoneladas de CO2 até 2050, caso as usinas cadastradas entrassem em operação.

“Agora, com o LRCAP 2026, o cenário se torna ainda mais preocupante, uma vez que o edital inclui não apenas térmicas a carvão mineral, mas também aquelas a óleo diesel, o que dificulta até mesmo estimar o volume total de emissões adicionais”, afirmou.

Entre os críticos, a percepção é de que o novo leilão beneficia diretamente a UTE Candiota III, localizada no Rio Grande do Sul. O empreendimento acumula mais de R$ 200 milhões em multas aplicadas pelo Ibama, enfrenta questionamentos na Justiça Federal e chegou a ter a operação suspensa pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2024, devido a falhas técnicas e ambientais.

Apesar desse histórico, a usina voltou a receber repasses milionários da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), recurso pago pelos consumidores brasileiros. Somente em junho e julho deste ano, mais de R$ 26 milhões foram transferidos à empresa Âmbar Energia, controlada pelo grupo J&F Investimentos, para manter a produção e a comercialização de energia.

Wurdig denuncia que a inclusão da consulta aponta para um beneficiamento direto da UTE Candiota. “O Brasil não tem novos projetos de licenciamento ambiental de usinas a carvão em andamento. Essa inclusão parece uma manobra para contemplar a UTE Candiota III”, alertou.

O Correio procurou o Ministério de Minas e Energia e a Âmbar Energia, pertencente ao grupo J&F Investimentos, controladora também do grupo JBS, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Por Vanilson Oliveira

Fonte : Correio Braziliense

Foto: ARAYARA

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Estudo mostra os bancos que financiam fósseis na América Latina e Caribe

Estudo internacional aponta Santander no topo da lista, com US$ 8,8 bi em projetos de petróleo e gás Um estudo internacional feito por cinco instituições voltadas à preservação ambiental, divulgado nesta segunda-feira, 29, mostra quais são os bancos que mais financiam a expansão de combustíveis fósseis na América Latina e no Caribe. Elaborado pelo Instituto Internacional Arayara (Brasil), Conexiones Climáticas (México),

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Os bancos que mais financiam combustíveis fósseis na América Latina, segundo estudo

Estudo internacional aponta Santander no topo da lista, com US$ 8,8 bi em projetos de petróleo e gás Um estudo internacional feito por cinco instituições voltadas à preservação ambiental, divulgado nesta segunda-feira, 29, mostra quais são os bancos que mais financiam a expansão de combustíveis fósseis na América Latina e no Caribe. Elaborado pelo Instituto Internacional Arayara (Brasil), Conexiones Climáticas (México), Urgewald

Leia Mais »

ARAYARA participa de reunião sobre reuso da água e reforça defesa dos recursos hídricos

O Instituto Internacional ARAYARA participou, na manhã desta quinta-feira (25/09) de uma reunião que reuniu membros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e da Câmara Técnica de Educação, Ciência e Tecnologia (CTEC/CNRH). O encontro teve como objetivo discutir uma proposta de resolução que estabelece regras e parâmetros para o reúso de água no Brasil. A iniciativa busca garantir que

Leia Mais »