+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA: Foz do Amazonas: ONGs vão à Justiça para suspender perfuração da Petrobras

Um grupo de ONGs protocolou na noite de quarta-feira (22) na Justiça Federal do Pará uma ação civil pública na qual pedem a paralisação imediata da perfuração da Petrobras na bacia da Foz do Amazonas. A ação pede que a licença emitida nesta semana pelo Ibama seja anulada.

A ação foi protocolada às 21h04 na 9a Vara Federal Ambiental e Agrária da Justiça Federal do Pará e é assinada pelo Observatório do Clima, Greenpeace, WWF, Arayara, além de entidades ligadas à comunidades extrativistas, indígenas, quilombolas da Amazônia.

CNN Brasil procurou o Ibama e a Petrobras e aguarda um posicionamento.

No documento com 161 páginas obtido pela CNN Brasil, as Organizações Não-Governamentais pedem uma liminar para “paralisar toda e qualquer atividade de perfuração do Bloco FZAM”, além da anulação da licença e que “o Ibama se abstenha de emitir licenças ambientais para empreendimentos petrolíferos na bacia sedimentar da Foz do Amazonas e em outras bacias da Margem Equatorial”.

O grupo usa os seguintes argumentos na ação:

  1. Comportamento contraditório do Ibama, que segundo as entidades reconheceu falhas e fragilidades nos estudos ambientais e mesmo assim concedeu a licença;
  2. Ausência de estudos de impactos climáticos do empreendimento e da ausência de consulta livre, prévia e informada dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais potencialmente impactados pelo empreendimento;
  3. Grave risco de acidentes, sobretudo diante das fragilidades técnicas dos estudos ambientais conduzidos, bem como nos impactos já existentes na região, decorrentes da expectativa da exploração de petróleo, que incluem invasão e grilagem de terras públicas, expulsão de comunidades tradicionais, especulação imobiliária, aumento da insegurança e conflituosidade local e disparada no custo de vida na região.

Pedem ainda que o Ibama não emita licenças para a região sem antes fazer uma avaliação completa da sua viabilidade ambiental, o que depende, segundo as ONGs:

  • Da disponibilização de dados oficiais, claros e transparentes sobre as emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa decorrentes da produção de petróleo atual e já contratada no país;
  • Da verificação da compatibilidade das emissões potenciais dos empreendimentos em licenciamento com as metas climáticas do Brasil de redução de emissões e com a capacidade de suporte do sistema climático;
  • da realização pelos órgãos competentes de consultas livres, prévias, informadas e de boa-fé, nos termos da Convenção OIT nº 169, com as populações indígenas, quilombolas e outros povos e comunidades tradicionais potencialmente afetados pelos empreendimentos em licenciamento, observados os protocolos de consulta já existentes.

Como mostrou a CNN Brasil, a perfuração começou na segunda-feira, horas após a emissão da licença. 

A escolha do Pará como sede da ação se deve ao fato a exploração na Foz do Amazonas prever a instalação de uma base de apoio marítima no porto de Belém/PA que servirá para operações de abastecimento de combustíveis, trocas de tripulação das embarcações de apoio e estocagem dos suprimentos necessários à atividade de perfuração, além do desembarque dos resíduos gerados pela atividade, que serão destinados ao aterro sanitário municipal de Belém/PA.

“Trata-se, assim, de área sujeita aos impactos ambientais decorrentes do descarte de resíduos e das rotas das embarcações utilizadas durante a atividade em licenciamento, estabelecendo nexo geográfico e operacional com o território sob jurisdição desta Seção Judiciária”, afirma.

Há, porém, também, um cálculo político aí. A ação tramitará na sede da COP30, que começará em novembro, e que tem como pontos de debate justamente um caminho para reduzir e eliminar os combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento global.

Ao longo da ação, são listados o que as ONGs colocam como uma série de deficiências estruturais do estudo de impacto ambiental para a atividade de perfuração na Foz do Amazonas.

Fonte: CNN

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA marca presença nos principais eventos pré-COP30 sobre clima e transição energética

Na semana que antecede a COP30, o Instituto Internacional ARAYARA teve participação de destaque nos principais eventos nacionais e internacionais sobre clima e energia, reforçando seu papel de liderança técnica e de advocacy na promoção de uma transição energética justa e sustentável. Entre os dias 4 e 7 de novembro, a especialista em Energia da ARAYARA, Prof.ª Dra. Hirdan Catarina

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: STJ discute uso do fracking em audiência pública em dezembro

Tribunal federal promove evento em 11 de dezembro para debater a exploração de recursos energéticos não convencionais no Brasil O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anunciou a realização de uma audiência pública no dia 11 de dezembro, às 9h, no auditório da Primeira Seção, para discutir a exploração de recursos energéticos de fontes não convencionais, como óleo e gás de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Por que a América Latina não consegue abrir mão do petróleo

Às vésperas da COP30, Lula se apresentou como líder ambiental, destacando a queda no desmatamento da Amazônia desde que assumiu a presidência. Por isso, ambientalistas ficaram consternados quando, semanas antes da reunião em Belém, o governo aprovou o pedido da Petrobras para explorar petróleo na foz do Amazonas. “Enquanto o mundo precisar, o Brasil não vai jogar fora riqueza que

Leia Mais »