+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA envia contribuições à Consulta Pública da FEPAM sobre áreas de risco e licenciamento ambiental 

O Instituto Internacional ARAYARA enviou suas contribuições à consulta pública promovida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), que discute a minuta da Diretriz Técnica sobre critérios e condições para o licenciamento ambiental de empreendimentos localizados em áreas suscetíveis a inundações, enxurradas e alagamentos.

A consulta que estava disponível no site oficial da fundação foi encerrada no dia 16 de agosto.

A iniciativa surge diante dos eventos climáticos extremos que têm afetado o Rio Grande do Sul. Após enchentes severas em 2023, o estado enfrentou, em maio de 2024, o maior desastre natural de sua história recente, motivando a adoção de medidas preventivas. Em junho de 2025, novos alertas de inundações reforçaram a necessidade de regulamentações mais rigorosas para a instalação e operação de atividades potencialmente poluidoras em áreas de risco.

A diretriz proposta pela FEPAM define procedimentos mínimos para análise de risco hidrológico, exigindo, por exemplo, que os empreendedores elaborem planos de contingência. O documento se baseia em legislações como a Resolução Conama nº 237/1997 e a Lei Federal nº 14.750/2023, reforçando o papel do órgão ambiental na avaliação de riscos e na exigência de medidas preventivas antes da emissão de licençsoas. A proposta abrange tanto empreendimentos em fase inicial de licenciamento quanto os já em operação, com o objetivo de garantir maior segurança ambiental, proteger a saúde pública e mitigar os impactos de eventos hidrológicos extremos, que se intensificam com as mudanças climáticas.

O engenheiro ambiental e gerente de Transição Energética da ARAYARA, John Wurdig, ressaltou a importância da participação da sociedade civil. “Buscamos garantir o cumprimento dos direitos e a transparência necessária nos processos de licenciamento”, especialmente os processos de mineração de carvão mineral no Rio Grande do Sul que estão em áreas sujeitas a inundação, sejam novas minas ou áreas degradadas/contaminadas com a atividade de de extração do carvão mineral, afirmou.

Indústria fóssil e crise climática no Rio Grande do Sul

Wurdig explica que o Rio Grande do Sul abriga algumas das principais termelétricas do país, como a Candiota III, alimentada pela maior mina de carvão a céu aberto do Brasil, e a usina Pampa Sul. Segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), essas unidades estão entre as menos eficientes do país, sendo responsáveis pelas maiores emissões de gases de efeito estufa por unidade de energia gerada. Estudos conduzidos pelo Instituto ARAYARA indicam que as indústrias fósseis de carvão, petróleo e gás contribuem diretamente para a intensificação da crise climática no estado.

Em julho de 2024, o Instituto ARAYARA protocolou uma ação civil pública contra o estado do Rio Grande do Sul, reivindicando a criação de um comitê participativo para elaborar um plano de transição energética justa. A iniciativa busca implementar medidas concretas para o descomissionamento do setor termoelétrico movido a combustíveis fósseis, sendo a primeira ação pública ambiental desse tipo movida contra um estado no Brasil.

Wurdig também destacou a ação civil pública movida pela ARAYARA contra a Mina Guaíba, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, que seria a maior mina de carvão mineral a céu aberto da América Latina caso tivesse sido licenciada pela FEPAM. “Mesmo com um dique de 10 metros de altura, a estrutura seria incapaz de conter um desastre, resultando em uma tragédia ainda maior”, alerta. A lagoa de rejeitos da Mina Guaíba ocuparia 240 hectares, com resíduos de carvão desaguando no Rio Jacuí e posteriormente no Lago Guaíba, comprometendo o abastecimento de água potável de Porto Alegre e afetando atividades como a pesca artesanal de mais de 1.500 pescadores.

Foto: reprodução/ Jefferson Botega/ Agencia RBS

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Novo estudo do Inesc aponta queda nos subsídios aos fósseis, mas Brasil ainda privilegia combustíveis poluentes

Na tarde desta quinta-feira (23), diretores do Instituto Internacional ARAYARA participaram do lançamento da oitava edição do Monitoramento dos Subsídios às Fontes de Energia no Brasil (2023-2024), realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). O estudo revela que, pela primeira vez em oito anos, os subsídios aos combustíveis fósseis caíram 42% em 2024. Apesar da redução, o Brasil ainda mantém

Leia Mais »

Ato em Belém denuncia ameaça da exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Na noite desta terça-feira (21), movimentos sociais, organizações ambientais, pescadores e lideranças comunitárias se reuniram em Belém (PA) para protestar contra a autorização de perfuração do bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas. O ato — que teve concentração na Escadinha do Cais do Porto e seguiu até a Estação das Docas — reuniu dezenas de pessoas em defesa da vida,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Ambientalistas entram com ação para interromper perfuração da Petrobras na Margem Equatorial

Oito organizações e redes dos movimentos ambientalistas, indígena, quilombola e de pescadores artesanais entraram na quarta-feira, 22, com uma ação na Justiça Federal do Pará contra o Ibama, a Petrobras e a União, pedindo anulação do licenciamento do bloco FZA-M-59, que permitiu à Petrobras iniciar a perfuração de petróleo na bacia sedimentar da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: NGOs sue to suspend Petrobras drilling in the Foz do Amazonas basin and challenge Ibama’s license, focusing on environmental impact and traditional peoples.

NGOs file a lawsuit in the Federal Court of Pará to block Petrobras’ drilling in the Foz do Amazonas basin, alleging environmental risks and questioning the license granted by Ibama. This Wednesday (22), a group of NGOs filed a public civil action in the Federal Court of Pará to suspend drilling of oil by Petrobras in the Foz do Amazonas basin. According to information

Leia Mais »