Uma bomba de carbono acaba de ser desarmada com o indeferimento, por parte do Ibama, da Licença Prévia da Usina Termelétrica a Gás Natural Fóssil (UTE) Brasília, projeto com capacidade de 1.470 MW, proposto pela empresa Termo Norte Energia. A decisão reconhece a inviabilidade ambiental e locacional do empreendimento, duramente criticado por ambientalistas, parlamentares e pela comunidade escolar da região. Doutor em Urgências e Emergências Ambientais e conselheiro do Conama, Juliano Bueno, diretor técnico do Instituto Internacional Arayara, destaca que a decisão do Ibama inviabiliza outras três termelétricas: UTE Bonfinópolis, UTE Centro-Oeste e UTE Goiás. Juntas, as quatro usinas somariam mais de 12 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂e) — o suficiente para caracterizar o que é chamado de bomba de carbono, o que implica riscos de chuvas ácidas, piora significativa da qualidade do ar e agravamento da degradação ambiental na região.
— Esta é a maior vitória global contra a indústria fóssil em 2025. Paramos a maior bomba de carbono em licenciamento no Brasil. Às vésperas da COP30, temos que comemorar a mobilização social, o papel responsável do Judiciário, os estudos e diagnósticos técnicos, e a ação civil pública produzida pelo Instituto Arayara. Apontamos as fragilidades e os erros no processo de licenciamento. A avaliação técnica e a decisão do Ibama em negar a licença mostram que é possível proteger o futuro. Deixamos no chão mais de 12 milhões de toneladas de carbono — isso tem impacto global na conquista brasileira por uma matriz energética limpa e mais barata — destaca Bueno, que lembra que foram meses mobilização, que culminou na campanha “#xôtermelétricas, que angariou mais de 1 milhão de assinaturas na petição organizada pelo instituto.
As quatro termelétricas estavam vinculadas ao Gasoduto Brasil Central (TGBC), com mais de 900 quilômetros de extensão, projetado para ligar São Carlos (SP) a Brasília (DF), fornecendo gás às usinas. Juliano Bueno ressalta, no entanto, que o licenciamento do gasoduto está vencido há mais de seis anos, conforme reconheceu o próprio Ibama no parecer que indeferiu a Licença Prévia da UTE Brasília.
Fonte: O Globo
Foto: ARAYARA.org