+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Amazônia livre de petróleo está entre as grandes mensagens dos Diálogos Amazônicos

Sociedade civil, representada por povos tradicionais da Amazônia e jovens ativistas pelo clima, promovem uma onda de indignação durante o evento que antecedeu a Cúpula da Amazônia

 

Dos dias 4 a 6 de agosto, Belém (PA) sediou os “Diálogos Amazônicos”, evento que recebeu mais de 27 mil pessoas distribuídas em mais de 400 atividades, no Hangar Centro de Convenções da cidade. O Instituto Internacional ARAYARA, organização brasileira com 30 anos de atuação, promoveu uma marcha e quatro eventos abrangendo temáticas relacionadas à proteção dos defensores do bioma (Acordo de Escazú), às consequências das mudanças climáticas em regiões costeiras e aos avanços dos combustíveis fósseis na Amazônia, em terra e mar, inclusive por métodos não convencionais, como o Fracking.

 

Manifestantes durante a Marcha contra o Petróleo nos Diálogos Amazônicos (Foto: Renata Sembay – ARAYARA.ORG)

 

Aos brados de “Peixe é com açaí e não é com Petróleo, não à exploração no meu território” uma mobilização chamada “Marcha Amazônia Livre de Petróleo #SalveaCostaAmazônica, Diga Não ao Petróleo” marcou o último dia do encontro. Entre os que presenciaram o ato, além de todo o público que transitava nos espaços, estavam o Governador do Pará, Helder Barbalho, e a imprensa, que dias antes repercutiu as falas do Presidente Lula quanto à possibilidade de exploração da Margem Equatorial brasileira.

 

Cartazes dentro e fora do Hangar chamaram a atenção para Marcha contra Petróleo na Amazônia (Foto: Renata Sembay – ARAYARA.ORG)

 

A marcha foi um momento de contraposição importante devido à contradição de narrativas e promessas de avanço econômico com sustentabilidade propostas por políticos e empresas sobre a região, levando a mensagem de Belém para o mundo e fomentando falas nas coletivas concedidas pelas Ministras de Meio Ambiente. Como pano de fundo está aqui a discussão latente da nova fronteira cobiçada pelo setor de petróleo, a Costa Amazônica, foco de atenção da mídia mundial e também da campanha lançada na ocasião, intitulada “Salve a Costa Amazônica”.

 

Helder Barbalho é seguido por Marcha contra Petróleo para Salvar o bioma e a Costa Amazônica durante Diálogos em Belém do Pará (Foto: Renata Sembay – ARAYARA.ORG)

 

Como alertado durante os diálogos, uma das maiores ameaças à preservação da Amazônia é o avanço da exploração de petróleo e gás. Mesmo com a ciência de que, segundo o IPCC, deve-se reduzir em 43% as emissões globais de gases de efeito estufa até 2030, a Cúpula da Amazônia falha em seu documento final divulgado no dia 9 de Agosto. Os países ignoraram muitas vozes dos Diálogos Amazônicos e não entraram em acordo sobre temas fundamentais, entre eles, o problema que está no topo da lista mundial de agravamento da crise climática, os combustíveis fósseis.

 

Em vez de continuar a escalada de produção e oferta de blocos de petróleo e gás, o Brasil deve seguir os passos de Petro, presidente Colombiano que discursou sobre negacionismo climático durante a Cúpula. É preciso promover a desaceleração dessas emissões em uma transição justa e planejada, alavancando energias renováveis com participação social e novas tecnologias. Um processo trabalhoso que demanda força política e que deve ir além de falácias e promessas.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Nota de repúdio aos jabutis do PL 576/21

O PL 576/21, que deveria regulamentar as Eólicas Offshore, representa o maior retrocesso para a transição energética justa e sustentável no Brasil, pois dentre os benefícios concedidos ao setor dos combustíveis fósseis, garante subsídios até 2050 para as usinas termelétricas a carvão mineral da Região Sul — as maiores emissoras de gases de efeito estufa na geração de energia elétrica

Leia Mais »

Transição energética: organizações debatem soluções para uma matriz energética sustentável no Brasil

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados discutiu, no último dia 12/12, a construção da matriz energética ideal para o Brasil até 2050. Anton Schwyter, Gerente de Energia, Clima e Geociências do Instituto Internacional ARAYARA e representante da Coalizão Energia Limpa, participou ativamente do debate, que é considerado crucial para o futuro energético do país. Realizado no

Leia Mais »

Uma cúpula contra o gás: Críticas ao gás natural liquefeito (GNL) e suas consequências

Uma cúpula anti-gás teve lugar na Rosa-Luxemburg-Stiftung, em Berlim, nos dias 8 e 9 de Dezembro, em resposta à Cúpula Mundial de GNL. Nesta cúpula, os participantes internacionais destacaram a falta de informação sobre os perigos associados ao transporte, armazenamento e processamento, bem como os efeitos prejudiciais para o ambiente do gás natural liquefeito (GNL). 11/12/24– Por Roland Herzig –

Leia Mais »

MPE é contrário à cassação de registro de Comandante Nádia

Destinado a diversificar a matriz energética brasileira com incentivo a fontes limpas, o projeto de lei que regulamenta a exploração de energia eólica a partir de unidades instaladas no mar, o chamado PL das Eólicas Offshore, foi aprovado ontem pela Comissão de Infraestrutura do Senado. Os parlamentares aprovaram na íntegra o relatório do senador Weverton Rocha (PDT-MA), que, além de

Leia Mais »