Suspensa há dois meses após protestos, a audiência pública para discutir a implantação da Usina Termelétrica (UTE) Brasília ainda não tem nova data definida pelo IBAMA. O projeto, previsto para o distrito de Samambaia, enfrenta forte resistência de ambientalistas e moradores da região.
A principal crítica é a localização da usina, que exigiria a demolição da Escola Classe Guariroba, afetando mais de 300 estudantes da zona rural. O Instituto Internacional Arayara, por meio da campanha “Xô Termelétrica”, também alerta para impactos ambientais como a contaminação do Rio Melchior, emissões de grandes volumes de CO₂ e chaminés equivalentes a um prédio de 42 andares.
Segundo o diretor técnico da Arayara, Juliano Bueno de Araújo, o caso representa “injustiça socioambiental” por afetar uma população vulnerável já exposta à estiagem e à poluição. “A instalação de uma termelétrica em pleno Cerrado, às margens de um rio degradado, retirando uma escola pública para dar lugar à queima de gás, é o retrato do racismo ambiental. A sociedade de Samambaia deu seu recado: não aceitará retrocessos em nome de uma falsa modernização energética”, afirmou.
A segunda tentativa de realização da audiência ocorreu em 17 de junho, com participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Termo Norte, responsável pelo projeto, mas a comunidade unida em mais de 400 vozes disse Xô Termelétrica e portanto a audiência foi suspensa pelo IBAMA. Já a primeira, em março, foi suspensa por decisão judicial após questionamentos sobre a transparência do processo.
Sendo assim, a população do Distrito Federal está há dois meses sem nenhuma posição do IBAMA e nem dos responsáveis pelo empreendimento sobre o andamento do processo de licenciamento ambiental, assim como uma nova audiência pública para discutir os impactos e riscos socioambientais deste empreendimento.