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Custo da MP da Eletrobras sobe para R$ 84 bi

Custo da MP da Eletrobras sobe para R$ 84 bi

O grupo de entidades empresariais União pela Energia calcula em R$ 84 bilhões o custo total para o consumidor das alterações promovidas pelo Congresso Nacional na Medida Provisória de privatização da Eletrobras. O projeto de conversão da MP saiu da Câmara dos Deputados em maio com despesas adicionais de R$ 41 bilhões e teve um acréscimo de R$ 15 bilhões após a inclusão de novas emendas pelo Senado na votação da última quinta-feira, 17 de junho.

O valor final considera ainda R$ 18 bilhões em impostos incidentes sobre essas despesas, além dos mais de R$ 10 bilhões em políticas públicas regionais, direcionadas à revitalização de bacias e ao programa de redução estrutural de custos de geração de energia na Amazônia Legal.

Em nota divulgada após a aprovação do texto no Senado, o União pela Energia lamentou a perda de oportunidade para aprovação da proposta original do governo, que tinha o apoio da indústria e de associações do setor elétrico. “Infelizmente, os chamados jabutis da MP da Eletrobras prosperaram, se reproduziram e vão onerar os consumidores por décadas.”

As entidades disseram ainda que confiam na manutenção da convergência em torno de um setor melhor, e vão centrar esforços agora no projeto de lei de modernização do setor elétrico, que já passou pelo Senado e está tramitando na Câmara.

O texto da MP volta agora para uma análise final dos deputados, em razão das mudanças feitas pelos senadores. Como houve um acordo prévio entre o senador Marcos Rogerio (DEM-RO) e o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), que relataram a matéria nas duas casas, o texto deve ser analisado rapidamente, na sessão deliberativa prevista para esta segunda-feira, 21.

Fonte: Canal Energia

As mudanças climáticas, a pior seca do século e a crise energética

As mudanças climáticas, a pior seca do século e a crise energética

Milhões de brasileiros enfrentam a escassez de água e o risco de apagões de energia nesta que é considerada a pior seca em quase um século no Brasil, prejudicando ainda mais nossa recuperação dos impactos devastadores da pandemia.

O volume de chuva registrado desde outubro é o menor dos últimos 91 anos. O nível das águas nos reservatórios do sistema Cantareira, que atende mais de 7 milhões de pessoas na cidade de São Paulo, caiu para menos de um décimo de sua capacidade este ano.

Também é preocupante a situação dos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por mais da metade da capacidade de geração do país. A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é de que os reservatórios devem chegar a novembro com 10,3% da capacidade – o menor nível mensal em 20 anos.

Como a energia hidrelétrica responde por cerca de 70% da matriz elétrica do Brasil, a seca também reduziu a produção de eletricidade. Isso forçou uma mudança para a geração de energia por termelétricas, mais cara, aumentando os preços da eletricidade para empresas e consumidores.

Em abril, as contas de luz foram fechadas com bandeira amarela, que representa R$ 1,34 a mais a cada 100 kWh. Já em maio, passou para bandeira vermelha 1, onde é cobrada uma taxa adicional mais alta, de R$ 4,169 para cada 100 kWh. Em junho, as faturas terão a bandeira mais cara do sistema, chamada “vermelha 2”, que representa uma cobrança adicional de R$ 6,24 para cada 100 kWh, mas que deve aumentar esse valor para R$ 10, a partir de julho, pelos cálculos da Aneel.

Um ciclo vicioso de impactos negativos

Não é nenhuma novidade que nosso modelo atual baseado em energia hidrelétrica e térmica não é sustentável. O aumento das secas pressiona os reservatórios das hidrelétricas e a resposta que temos é o acionamento das termelétricas – que, além de custar caro, aumenta as emissões de gases de efeito estufa e agrava o problema.

Hoje, a mudança climática, impulsionada pelo aumento das emissões de gases que retêm o calor, está desempenhando um papel decisivo no aumento da gravidade da seca por meio de suas influências na chuva e na evaporação.

Assim como as mudanças climáticas agravaram muitos eventos climáticos extremos, o excesso de calor agora preso no sistema climático retira mais umidade do solo, piorando as condições de seca.

Uma pesquisa da Michigan State University, nos Estados Unidos, aponta que o número de pessoas que enfrentam secas extremas pode dobrar até o final do século. Eles preveem que uma grande redução no armazenamento natural de água em dois terços do mundo, causada pela mudança climática, vai piorar o problema.

Os pesquisadores basearam o estudo em um conjunto de 27 simulações de modelos climáticos hidrológicos globais abrangendo 125 anos.

Preocupação global

Volumes reduzidos de neve acumulada, derretimento precoce da neve e mudanças nos padrões de precipitação – também ligados às mudanças climáticas – agravam o estresse hídrico induzido por secas. E para vários eventos individuais em todo o mundo, os cientistas atribuíram o aumento da probabilidade e gravidade das secas às mudanças climáticas causadas por nós mesmos.

Nos Estados Unidos, a seca intensa e o calor recorde atingem a região oeste. Os impactos do clima extremo são claros – concessionárias de eletricidade estão pedindo aos consumidores que racionem energia e água, agricultores estão lutando para vender ou economizar seus produtos e as autoridades estão fazendo planos para manter as comunidades seguras. Tudo antes de chegar o verão (que, nos EUA, inicia no final de junho).

Na Europa, a Alemanha enfrenta uma potencial escassez de água potável. Desde 2018, chove muito pouco no país e os períodos persistentes de seca estão tendo consequências de longo alcance.

Somente em agosto do ano passado, várias cidades alemãs foram parar nas manchetes, depois que a água potável tornou-se tão escassa que as autoridades locais tiveram que emitir diretrizes rígidas de economia de água.

Todas as evidências apontam em uma direção: os países devem acelerar urgentemente suas transições para a energia limpa. Isso é fundamental para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas – e para construir um futuro mais saudável, no qual todos tenham acesso a fontes de energia sustentáveis ​​e acessíveis.