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Europa cria ‘selo verde’ para priorizar investimento em atividades sustentáveis

Europa cria ‘selo verde’ para priorizar investimento em atividades sustentáveis

O Parlamento Europeu aprovou nesta quinta (18) novas regras para determinar se uma atividade econômica é ambientalmente sustentável. O “selo verde” será atribuído a empresas e projetos, e deve guiar investimentos públicos na União Europeia.

Outro objetivo é que qualquer investidor, pessoa física ou jurídica, saiba se seu dinheiro está sendo aplicado em atividades que colaboram para a preservação do ambiente ou a prejudicam.

A legislação estabelece cinco objetivos ambientais, e a atividade recebe o “selo verde” se contribuir para pelo menos um deles sem prejudicar significativamente nenhum dos outros.

Os objetivos que precisam ser atendidos são 1) redução das mudanças climáticas ou adaptação a elas, 2) uso sustentável e proteção dos recursos hídricos e marinhos, 3) transição para a economia circular (incluindo prevenção de resíduos), 4) prevenção e controle da poluição e 5) proteção e restauração da biodiversidade e dos ecossistemas.

A lei também pretende coibir o chamado “greenwashing”, prática de fornecer informações falsas sobre produtos ou atividades (como, por exemplo, afirmar que usa produtos reciclados, consome menos energia ou promove biodiversidade).

“Todos os produtos financeiros que afirmam ser sustentáveis terão que provar isso seguindo critérios rigorosos”, afirmou o relator do Comitê de Assuntos Econômicos, o eurodeputado pela Holanda Bas Eickhout, do Partido Verde.

Embora a lei entre em vigor assim que publicada, os critérios específicos para o primeiro objetivo devem estar prontos só no final deste ano, e os outros quatro, no final de 2021.

A legislação também vai permitir que a Comissão Europeia (Poder Executivo da UE) defina que atividades são prejudiciais ao ambiente.

“A eliminação de investimentos nessas atividades é tão importante quanto o incentivo às consideradas sustentáveis”, disse Eickhout após a aprovação da lei. Pelo texto, a classificação de atividades daninhas deve ser feita até dezembro de 2021.

Embora as regras tenham sido propostas ao Parlamento em 2018, a pandemia de coronavírus deu impulso à pressão de ambientalistas para que ela se transformasse em lei.

Os eurodeputados aprovaram também uma resolução pedindo que os 560 bilhões de euros (cerca de R$ 3,25 trilhões) previstos para investimento na recuperação da crise do coronavírus tenham como prioridade atividades sustentáveis.

Além disso, a Comissão Europeia estima que o bloco precisa de cerca de 260 bilhões de euros por ano (cerca de R$ 1,51 trilhão anual) em investimentos extras para atingir suas metas climáticas e energéticas para 2030 (o objetivo final é ser neutra na liberação de gás-carbônico para a atmosfera até 2050).

Além da Comissão e do Parlamento, empresas financeiras apoiaram a ideia de priorizar o investimento em atividades ambientalmente responsáveis.

À agência Reuters, a chefe global de administração e políticas do BNP Paribas Asset Management, Helena Viñes Fiestas, disse que a reconstrução pós-pandemia não deve incentivar projetos poluidores.

“Acabará custando aos contribuintes o dobro do valor”, uma vez que eles precisariam ser substituídos no longo prazo, segundo ela.

Para a principal negociadora do Comitê de Meio Ambiente, a eurodeputada finlandesa Sirpa Pietikainen, do bloco de centro-direita liberal PPE, “a taxonomia do investimento sustentável é provavelmente o desenvolvimento mais importante para o setor financeiro desde a contabilidade. Será um divisor de águas na luta contra as mudanças climáticas”.

Atividades consideradas incompatíveis com a neutralidade climática, mas necessárias na transição passarão a receber o rótulo de “facilitadoras”.

A categoria foi criada para acomodar combustíveis como gás e energia nuclear, por exemplo -políticos ambientalistas se opunham a que o selo verde fosse dado à energia nuclear, ainda que ela não gere carbono.

Para receber o rótulo, porém, será preciso atingir o melhor padrão de seu setor de atuação no que se refere à emissão de carbono.

Segundo o comissário europeu responsável pelo sistema financeiro, Valdis Dombrovskis, o regulamento aprovado nesta quinta é o primeiro sistema de classificação de atividades econômicas ambientalmente sustentáveis no mundo e deve dar impulso a investimentos verdes.

A consultora e co-presidente do International Resource Panel (ligado à ONU) Izabella Teixeira acredita que a legislação europeia deve canalizar para atividades sustentáveis o dinheiro de grandes fundos interessados em associar sua atuação ao combate das alterações climáticas.

A ex-ministra do Meio Ambiente considera que a União Europeia foi ousada e deve, no médio prazo, influenciar outros países e blocos econômicos com os quais tem parceria comercial ou de investimentos.

O detalhamento dos critérios para obter o “selo verde” será feito por até 57 especialistas do setor público e privado, incluindo representantes da sociedade civil, universidades, institutos de pesquisa e associações empresariais. Farão parte também a Agência Europeia do Ambiente e o Banco Europeu de Investimento.

Fonte: Folha Press

Mudanças climáticas geraram mais de 510.000 mortes na América Latina

Mudanças climáticas geraram mais de 510.000 mortes na América Latina

Mais de 510.000 mortes foram registradas nos últimos 50 anos por desastres naturais relacionados às mudanças climáticas na América Latina. A região é extremamente vulnerável a esse tipo de fenômeno, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que divulgou um relatório nesta quinta-feira (18)

Entre 1979 e 2019, houve 2.309 desastres naturais nessa região, que causaram 510.204 mortes e afetaram um total de 297 milhões de pessoas, além de causar danos de US$ 437 bilhões, de acordo com a Cepal.

Os dados integram o livro “A emergência das mudanças climáticas na América Latina e no Caribe: seguimos aguardando a catástrofe ou agimos?”, apresentado nesta quinta-feira em uma videoconferência na sede da Comissão, em Santiago.

A publicação descreve a América Latina e o Caribe como “uma região extremamente vulnerável às mudanças climáticas, devido à dependência de atividades altamente sensíveis ao clima, à sua baixa capacidade de adaptação e à sua exposição a vários fenômenos hidrometeorológicos extremos”.

A crise climática e também a atual emergência de saúde devido ao coronavírus, que está avançando na América Latina com mais de 87.000 mortes e 1,8 milhão de casos, fazem parte de um modelo de desenvolvimento “insustentável e desigual”, com predominância das elites e a cultura de privilégios que levaram a efeitos negativos para a região, acrescenta o documento da Cepal.

Este modelo, segundo o relatório, foi baseado “em grandes externalidades negativas, como as emissões associadas às mudanças climáticas, que excedem os limites ambientais globais e as vulnerabilidades sistêmicas evidenciadas pela Covid-19”. Segundo Alicia Bárcena, secretária-geral da Cepal, “o horizonte é a igualdade, a mudança estrutural progressiva é o caminho, e a política, o instrumento”.

Fonte: UOL

Estudo americano mostra que mudanças climáticas e poluição estão ligadas a complicações na gravidez

Estudo americano mostra que mudanças climáticas e poluição estão ligadas a complicações na gravidez

Mães negras sofrem maior risco; consequências são bebês prematuros, com baixo peso ou natimortos, aponta análise de 32 milhões de nascimentos do Journal of American Medical Association

As mulheres grávidas expostas a altas temperaturas ou poluição do ar têm maior probabilidade de ter filhos prematuros, com baixo peso ou natimortos, e mães e bebês negros são os mais afetados, de acordo com pesquisa publicada esta quinta-feira na JAMA Network Open, parte do Journal of American Medical Association. O estudo analisou dados de mais de 32 milhões de nascimentos nos Estados Unidos.

A pesquisa apresenta algumas das evidências mais abrangentes até agora vinculando aspectos da mudança climática a danos a recém-nascidos. E aumenta as evidências de que as minorias estão mais sujeitas aos riscos da poluição e do aquecimento global.

“Já sabemos que essas consequências da gravidez são piores para as mulheres negras”, disse Rupa Basu, chefe da seção epidemiológica do ar e do clima do Escritório de Avaliação de Perigos em Saúde Ambiental da Califórnia e um dos autores do artigo. “E isso é ainda mais exacerbado por essas exposições.”

“Black moms matter (mães negras importam)”, acrescentou Bruce Bekkar, ginecologista e obstetra aposentado e outro autor, além de membro do conselho do grupo de ação sobre o clima de San Diego Climate Action Campaign. “É hora de realmente prestar atenção aos grupos que são especialmente vulneráveis.”
Os autores analisaram 57 estudos, publicados desde 2007, que encontraram uma relação entre poluição do ar ou aquecimento e os impactos nos nascimentos nos Estados Unidos. Juntos, os estudos analisaram 32,8 milhões de casos.

As descobertas acumuladas dos estudos oferecem motivos para se preocupar com o aumento das consequências na saúde dos bebês à medida que a mudança climática piore. Temperaturas mais altas (uma preocupação crescente, uma vez que as mudanças climáticas causam ondas de calor mais frequentes e intensas) foram associadas a mais partos prematuros. Quatro estudos descobriram que altas temperaturas estavam associadas a um risco aumentado de 8,6 a 21%. Os problema do baixo peso ao nascer também foi mais comum à medida que as temperaturas aumentaram.

Os autores analisaram dois estudos que examinaram a ligação entre temperaturas mais altas e natimortos. Constatou-se que todo aumento de temperatura de 1 grau Celsius na semana anterior ao parto correspondia a uma probabilidade 6% maior de natimortos entre maio e setembro. Ambos os estudos encontraram disparidades raciais nesses números.

O artigo também procurou pesquisas que examinassem os efeitos na gravidez de uma maior exposição a poluição atmosférica e a pequenas partículas chamadas PM 2,5. Os dois tipos de poluição estão se tornando mais comuns à medida que a mudança climática avança, disseram os autores.

A grande maioria das pesquisas revisadas no artigo concluiu que a poluição atmosférica e o PM 2.5 estão associados a nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer e natimortos. Um estudo descobriu que a alta exposição à poluição do ar durante o último trimestre da gravidez estava ligada a um aumento de 42% no risco de natimortos. A maioria das pesquisas que examinou a ligação entre poluição do ar e nascimento prematuro ou baixo peso ao nascer descobriu que os riscos eram maiores para as mães negras.

O nascimento prematuro e o baixo peso ao nascer podem ter consequências que duram a vida inteira, afetando aspectos como desenvolvimento cerebral e vulnerabilidade a doenças, de acordo com Nathaniel DeNicola, outro dos autores do artigo e professor assistente de obstetrícia e ginecologia na Escola de Medicina da Universidade George Washington. Medicina e Ciências da Saúde. “Isso realmente prepara o cenário para uma geração inteira”, disse DeNicola.

Menos acesso ao seguro-saúde

Catherine Garcia Flowers, integrante do grupo de Houston Moms Clean Air Force, disse que o documento é uma evidência de que o governo federal precisa reforçar as regulamentações contra a poluição do ar. “Este é um momento de avaliação de injustiça racial e disparidades de saúde”, disse Flowers. “Não fazer nada sobre a poluição do ar, que claramente tem um impacto maior sobre os negros americanos, é o racismo em ação”.

O problema vai além da política ambiental ou dos cuidados com a saúde, de acordo com Adrienne Hollis, cientista sênior de justiça climática e saúde da Union of Concerned Scientists. Os afro-americanos são menos propensos a ter seguro-saúde, menos chances de ter acesso a alimentos saudáveis, menos chances de ter acesso a espaços verdes para protegê-los das ondas de calor e têm maior probabilidade de viverem perto de fontes de poluição. Esses problemas não podem ser enfrentados isoladamente, disse Hollis.

“Precisamos examinar políticas que ofereçam oportunidades equitativas para comunidades negras”, disse ela. “Se você abordar o racismo estrutural, acho que começará a abordar algumas dessas questões”.

Fonte: O Globo

Por que as crianças devem emitir oito vezes menos CO2 que seus avós

Por que as crianças devem emitir oito vezes menos CO2 que seus avós

As emissões globais de CO2 precisam cair vertiginosamente nas próximas décadas para que o mundo atenda às metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a “bem abaixo de 2° C” e, idealmente, abaixo de 1,5° C.

Para que esses objetivos sejam alcançados, os jovens teriam que viver a maior parte de suas vidas sem contribuir significativamente para as emissões globais. Essencialmente, eles teriam menos emissões de CO2 “permitidas” durante a vida útil, em comparação com as gerações mais antigas.

Para determinar quão menores seriam seus limites pessoais de CO2, o Carbon Brief combinou dados históricos sobre emissões e população com projeções para o futuro. Em um mundo onde o aquecimento é limitado a 1,5 ° C, a pessoa média nascida hoje pode emitir apenas um oitavo das emissões vitalícias de alguém nascido em 1950.

A ferramenta interativa desenvolvida pelo Carbon Brief mostra o tamanho do “orçamento de carbono” de cada pessoa durante a vida – com base em quando e onde elas nasceram.

Ele analisa dois cenários diferentes: um em que o mundo limita o aquecimento a bem abaixo de 2 ° C acima dos níveis pré-industriais até 2100; e um aquecimento foi limitado a 1.5C.

Também considera duas maneiras diferentes de compartilhar futuras emissões permitidas: uma onde cada país rastreia caminhos “ótimos” retirados de modelos; e outra, focada na igualdade, onde cada pessoa pode usar a mesma porção de emissões futuras, não importa onde moram.

Em todos os casos, as gerações mais jovens terão que se contentar com orçamentos de carbono vitalícios substancialmente menores do que as gerações mais velhas, se os limites de Paris forem respeitados. Isso ocorre porque a maioria das emissões permitidas já foi consumida, o que significa que os jovens não terão o luxo de emissões não mitigadas desfrutadas pelas gerações mais velhas.

A imagem global
As emissões globais devem atingir o pico na próxima década e diminuir rapidamente para o mundo ficar abaixo dos limites do Acordo de Paris, de acordo com a ONU. Nos cenários examinados neste artigo (consulte a metodologia no final para obter detalhes), as emissões globais atingem o pico por volta de 2020, declinam em torno de 50% até 2045 e depois caem abaixo de zero em 2075, a fim de manter o aquecimento global abaixo de 2° C.

As emissões precisam cair ainda mais rapidamente para que o aquecimento seja mantido abaixo de 1,5 ° C – caindo em torno de 50% em 2030 e abaixo de zero em 2055. Nos cenários de 1,5 ° C examinados aqui, grandes quantidades de emissões negativas são implantadas até o final do século, remover carbono da atmosfera equivalente a cerca de um terço das emissões atuais.

Essas vias de emissão podem ser divididas em “orçamentos de carbono vitalícios” médios que dependem do ano de nascimento de um indivíduo. Essa alocação é baseada na mudança da população global e das emissões durante a vida de cada indivíduo.

Se o aquecimento for limitado a bem abaixo de 2° C, o orçamento global médio de vida útil de carbono para alguém nascido em 2017 é de 122 toneladas de CO2, apenas cerca de um terço do orçamento de alguém nascido em 1950. Se o aquecimento for limitado a 1,5° C, o orçamento restante é de apenas 43 toneladas de CO2 e a diferença é oito vezes maior.

As atuais emissões globais per capita são de cerca de 4,9 toneladas por pessoa por ano. Isso significa que o orçamento de carbono vitalício de alguém nascido hoje é igual a 25 anos de emissões atuais se o aquecimento for limitado a bem abaixo de 2° C – e apenas nove anos de emissões atuais se o aquecimento for limitado a 1,5° C.

Dividir as emissões
Em geral, as reduções de emissões precisarão ser proporcionalmente maiores em países mais ricos e desenvolvidos, como os EUA, onde as emissões per capita são muito altas. Países em desenvolvimento, como a Índia, já têm emissões per capita muito mais baixas.

Para colocar a diferença em perspectiva, o indiano médio teve emissões de 1,9 toneladas de CO2 em 2017, enquanto o número nos EUA foi de 16,9 toneladas de CO2.

Além disso, as emissões históricas variam muito entre os países, sendo que países como EUA e Reino Unido são responsáveis ​​por uma parcela muito maior de emissões acumuladas desde a revolução industrial. Isso coloca uma questão em aberto sobre como os orçamentos globais fixos de carbono estabelecidos pelo Acordo de Paris devem ser divididos entre diferentes países.

Leia o estudo completo aqui.