+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Vazamento massivo de metano em plataformas de petróleo é detectado do espaço

Metano vazado no Golfo do México entre 8 e 27 de dezembro de 2021 chegou a quase 40 mil toneladas e pôde ser identificado do espaço

Gás de efeito estufa, o metano é um dos principais responsáveis pela crise climática.

Um grupo de cientistas da Universidade Politécnica de Valência descobriu recentemente que a empresa petrolífera mexicana Pemex liberou cerca de 40.000 toneladas de metano entre 8 e 27 de dezembro de 2021. As plumas foram detectadas na plataforma “Zaap-C” de produção de petróleo e gás, perto da costa de Campeche, no sul do México.

A identificação de um grande vazamento de metano foi possível pela primeira vez a partir do espaço, procedente de uma instalação em alto-mar (off-shore). A descoberta, divulgada em um estudo recente publicado na revista “Environmental Science and Technology Letters” é mais um avanço tecnológico que permite comprovar o estrago que a indústria de combustíveis fósseis está gerando no mundo.

“Nossos resultados mostram como os satélites podem detectar as trilhas de metano das infraestruturas offshore”, afirmou um dos autores, Luis Guanter, da Universidade Politécnica de Valência (Espanha), em um comunicado.

 

Foto: Dados do Copernicus Sentinel (2021), processados via ESA

 

O metano é o segundo gás estufa mais concentrado na atmosfera, depois do dióxido de carbono. Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), os vazamentos de instalações em alto-mar representam quase 30% da produção mundial do metano. Embora fique na atmosfera por menos tempo que o gás carbônico, tem um poder de aquecimento 80 vezes maior em um período de 20 anos.

A Pemex já havia sido denunciada em 2019 por queimar grandes quantidades de gás natural para as quais não tem capacidade de processamento (Infobae, 9/6), e tem falhado em cumprir seus compromissos de reduzir os efeitos negativos sobre o meio ambiente gerados por sua produção.

O estudo observa que a liberação do poluente no Golfo do México foi possivelmente devido a “condições anormais de processo no local”, como mau funcionamento ou problemas de equipamentos. “Sem a abordagem de monitorização descrita no documento, eventos semelhantes permaneceriam invisíveis e inexplicáveis ”.

Até agora, nem a Pemex nem o Ministério da Energia se pronunciaram aos jornalistas.

Vazamentos visíveis e invisíveis também ameaçam o Brasil. O avanço do petróleo e gás no país é cada vez mais agressivo e descuidado. O governo federal, via órgãos e agências nacionais que deveriam regular e proteger o meio ambiente na elaboração dos seus planos energéticos, participam da liberação da destruição. A crise climática se agrava e a transição justa tão falada, fica apenas no discurso.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Impactos ambientais e sociais: licenciamento de mina de carvão que abastece a Braskem no Polo Petroquímico de Triunfo é questionado

Na última quinta-feira, a audiência pública sobre o licenciamento da Mina do Cerro, em Cachoeira do Sul (RS), trouxe à tona uma série de questionamentos sobre os potenciais impactos ambientais e sociais deste projeto de mineração de carvão. O processo administrativo, identificado pelo nº 22-0567/21-2, foi aberto junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (FEPAM-RS) e trata

Leia Mais »

Técnicos do Ibama rejeitam licença de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, mas presidente do órgão mantém discussão

Em uma decisão que reflete o impasse entre as áreas técnica e administrativa, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) analisou a concessão de licença para exploração de petróleo pela Petrobras no bloco 59 da Bacia da Foz do Amazonas A nota técnica, assinada por 26 técnicos do órgão, recomendou o arquivamento do pedido da

Leia Mais »

Biodiversidade em perigo: aquecimento dos oceanos e branqueamento dos corais

Entrevistada pelo Instituto Internacional Arayara, a bióloga responsável Biofábrica de Corais, Maria Gabriela Moreno Ávila, explica fenômeno que ameaça a vida marinha na costa brasileira A Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB) ocorre a cada dois anos, constituindo o principal fórum internacional para promover a cooperação em prol da conservação e do uso

Leia Mais »