+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Transição energética justa: protagonismo das comunidades marca painel na 10ª Semana da Energia OLADE

Seguindo a programação da Missão “Transição Energética Justa e Sustentável Chile-Brasil ARAYARA 2025”, o gerente de Transição Energética, John Wurdig, e o analista técnico e climático Joubert Marques, participaram do painel “Desafíos socioterritoriales de la transición en ALC”, realizado durante a 10ª Semana da Energia da OLADE, em Santiago.

 

O debate colocou em evidência um ponto central: a transição energética só será possível se as comunidades forem protagonistas. “Não se trata apenas de instalar linhas de transmissão ou parques solares. Precisamos garantir que as comunidades compartilhem os benefícios e que os territórios afetados pelo carvão recebam um fechamento justo”, destacou uma das exposições iniciais.

A ausência de ordenamento territorial e a falta de consulta prévia adequada foram apontadas como fatores que alimentam conflitos locais. Para a pesquisadora Alicia Williner (CEPAL), o desafio está em “compatibilizar desenvolvimento sustentável, justiça social e sustentabilidade ambiental, sem perder de vista que os territórios são diversos e as comunidades precisam ser fortalecidas”.

Outro ponto debatido foi a necessidade de repartir os frutos da transição. Juan Fernando Patiño (ISA) lembrou que o setor privado precisa superar relações puramente transacionais com os territórios. “Não basta apenas mitigar impactos. As comunidades devem ser parceiras, com modelos produtivos e de governança que lhes deem autonomia e benefícios duradouros“, afirmou.

As falas também chamaram atenção para as dívidas históricas do Estado com regiões marcadas por exploração de carvão. Segundo Jessica Arias-Gaviria (Polen Transiciones Justas), é fundamental chegar a esses lugares com humildade: “São territórios onde o abandono foi estrutural. Qualquer tentativa de diálogo precisa reconhecer esse histórico e construir presença real, não apenas pesquisas ou visitas pontuais.”

A diretora do Chile Sustentável, Sara Larraín, alertou ainda para a legitimidade da transição: “Não podemos falar em energia limpa quando as comunidades seguem convivendo com cinzas e passivos tóxicos deixados por centrais a carvão. Sem reparar o passado, o Estado e as empresas perdem credibilidade para propor o futuro.”

O gerente de Transição Energética da ARAYARA destaca que a aceleração da transição energética só será possível mediante a combinação equilibrada de tecnologia, política e confiança. “ Esse caminho exige a garantia de consulta prévia efetiva, o fortalecimento do planejamento participativo e a implementação de mecanismos institucionais que assegurem que os benefícios cheguem, de forma justa e concreta, às comunidades locais“.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

POSICIONAMENTO: TFFF, uma das iniciativas mais ambiciosas e controversas no financiamento climático global

Proposto pelo Brasil e lançado oficialmente durante a COP 30 em Belém. Este mecanismo busca mobilizar recursos permanentes para conservação de florestas tropicais através de um modelo financeiro que combina capital público e privado. O atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou essa iniciativa pela primeira vez durante a COP 28 em Dubai (2023). Liderado pelo Brasil

Leia Mais »

Especialistas discutem o avanço da litigância climática na  defesa povos e meio ambiente

A independência do judiciário e o livre exercício da profissão jurídica continuam sob ameaça em muitos países. Juízes, promotores e advogados enfrentam ataques, intimidações, detenções arbitrárias e até assassinatos. A declaração de Margaret Satterthwaite, Relatora Especial da ONU, abriu a “Oficina de Litigância Climática: da Investigação aos Casos Práticos”, realizada nesta terça-feira (18/11) no Amazon Climate Hub, marcando um debate

Leia Mais »

Quem Paga a Conta da Crise Climática? pesquisa evidencia peso da crise climática sobre mulheres

Para revelar o trabalho feito pelas mulheres e traduzir em números e propostas de políticas públicas, a Hivos, em parceria com o WRI e com pesquisadores da Rede Vozes pela Ação Climática (VAC), lançou os resultados da pesquisa “Custos Sociais e Econômicos da Mudança do Clima sobre Domicílios liderados por mulheres: Evidências do Brasil e da Zâmbia (2022–2025)”. A apresentação

Leia Mais »

Além da Impunidade: COP30 Debate Responsabilidade Estatal e Reparação Climática na Amazônia

A crise climática na Amazônia não é apenas uma questão de desmatamento, mas um resultado direto da impunidade empresarial e da omissão estatal frente à expansão extrativista. O evento “Responsabilidades de los Estados frente a la impunidad de las empresas para garantizar un clima seguro y una transición justa fuera de fósiles y con justas reparaciones para países amazónicos”, realizado

Leia Mais »