por Comunicação Arayara | 23, ago, 2024 | Oceanos |
Na Câmara dos Deputados, 35 países participaram de evento do O20. Monitor Oceano foi apresentado como ferramenta para apoiar políticas oceânicas locais.
“Agenda do Brasil ainda está muito aquém no que tange à sustentabilidade do oceano.” Essa foi uma das frases da abertura do evento, feitas pelo Dr. Leopoldo Gerhardinger, representante da Ocean Sustainability Foundation e moderador do evento “G20: Fortalecendo as Interfaces entre Conhecimento e Política Oceânica”.
As interfaces entre conhecimento e política oceânica (OKPIs) podem ser traduzidas como arenas sociopolíticas onde muitos atores sociais interagem, compartilhando evidências para influenciar a tomada de decisões na governança dos oceanos, costeira e marinha.
Drª Tania Rudolph, do Centro para Transições Sustentáveis da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, salientou a importância dessa iniciativa como um exemplo de interface entre conhecimento, política e sociedade, que representaria, também, este novo modelo de se fazer e compartilhar ciência: aliançando-a com a conservação.
Participando do evento, o gerente do Departamento de Oceanos e Clima do Instituto Internacional Arayara, Vinicius Nora, apresentou na ocasião o Monitor Oceano, uma ferramenta que pode contribuir para o Planejamento Espacial Marinho, sendo desenvolvido atualmente pelo Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, com o apoio do BNDES.
Plataforma desenvolvida pela Arayara em conjunto com outras organizações e coletivos sociais mapeia as atividades petrolíferas na zona costeira-marinha do Brasil, alertando para as ameaças da indústria de petróleo e gás sobre áreas de conservação ambiental, como ambientes coralíneos, e atividades econômicas, como a pesca comercial.
Acesse aqui o Monitor Oceano em português, e também em inglês.
IPOS – Painel Intergovernamental para a Sustentabilidade dos Oceanos
Dados compartilhados pela comunidade científica apontam que atuais interfaces em nível global ainda não conseguem promover diálogos que sejam voltados à ação, holísticos e inclusivos no que tange à sustentabilidade. Para sanar essa lacuna, diversos atores internacionais estão unindo esforços para a construção de um Painel Intergovernamental para a Sustentabilidade dos Oceanos (IPOS, em inglês).
Passando atualmente pelo seu processo de consulta, o projeto IPOS nasceu há 3 anos e reúne 27 instituições científicas ao redor do mundo com o objetivo de acelerar a agenda dos oceanos entre as nações.
Estudos de casos: Brasil e África do Sul
Diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas pelos países para produzirem mais conhecimento e compartilharem dados e evidências entre a comunidade internacional, no intuito de aumentar a literatura científica oceânica, um ambiente com menos de 10% de sua área mapeada pela ciência.
Na África do Sul, pesquisadores da Universidade Nelson Mandela compartilharam projetos e esforços para trackear o aumento da temperatura do Oceano Índico, na costa leste da África, onde a maior parte da população do continente se concentra.
No Brasil, pesquisadora Beatrice Padovani, da Universidade de Pernambuco, apresentou a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), que produz regularmente sínteses dos saberes tradicionais e acadêmicos sobre Biodiversidade, Serviços Ecossistêmicos e suas relações com o bem-estar humano.
O Painel Brasileiro para o Futuro do Oceano (PainelMar), um dos co-organizadores do encontro, também apresentou suas frentes de trabalho na interface entre o conhecimento e a tomada de decisões: a plataforma colaborativa subsidia, através dos saberes compilados pela sua rede composta por representantes da academia e de comunidades tradicionais, o GT Mar da Frente Parlamentar Ambientalista, comprometida com a Agenda sustentável dos Oceanos na Câmara e no Senado federal.
Também participaram do evento o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MME); o Conselho Científico Internacional (ISC); a UNESCO, através da sua Comissão Oceanográfica Internacional (IOC); a Parceria Global para a Contabilidade do Oceano (GOAP); a Agenda Internacional de Governança Oceânica da União Europeia; e Craig Foster, criador do Sea Chenge Project e documentarista vencedor do Oscar por “Professor Polvo” (2020), que exibiu, na ocasião, o filme “A mãe está na mesa”.
O20 Dialogues – Nota política para o G20
No intuito de subsidiar as tomadas de decisões do G20, o evento do O20 “Fortalecendo as Interfaces entre Conhecimento e Política Oceânica” irá produzir uma nota política reunindo 4 pontos principais sobre a sustentabilidade do oceano:
-a possibilidade de se criar uma nova plataforma intergovernamental, o IPOS;
-a importância da biodiversidade oceânica e os marcos críticos que estamos enfrentando, como a ameaça aos ecossistemas de corais em todo o mundo;
-um novo paradigma para as finanças: a contabilidade oceânica;
-e o fortalecimento da pesquisa interdisciplinar para conectar a ciência com os problemas reais da sociedade.
por Comunicação Arayara | 20, ago, 2024 | Oceanos |
Durante evento que será transmitido ao vivo, Instituto Internacional Arayara apresentará o Monitor Oceano, ferramenta de monitoramento dos projetos de petróleo e gás na zona costeira e marinha do Brasil.
No próximo dia 22/8, o Instituto Internacional Arayara participará de importante painel no Ocean Dialogues, do Oceans 20 no Brasil – série de eventos junto à sociedade civil para debater o futuro sustentável dos oceanos. Na ocasião, o Instituto Internacional Arayara apresentará o Monitor Oceano, ferramenta criada junto a organizações parceiras que auxilia no monitoramento dos projetos de petróleo e gás na zona costeira e marinha do Brasil.
Com o tema G20: Fortalecendo interfaces entre conhecimento e política oceânica, o encontro é uma co-organização do Painel Mar e do GT-Mar e propõe a construção de um Policy Brief sobre os desafios e oportunidades para fortalecer as interações ciência-política-sociedade. Assim, a potência da produção científica e os tomadores de decisão se conectam, viabilizando a construção de políticas públicas baseadas em dados e experiências comprovadas. Essa união teórico-prática capacita a construção de melhores decisões.
O Monitor Oceano será apresentado no evento como um exemplo de um instrumento capaz de engajar diferentes setores da sociedade que trabalham em prol da agenda oceânica, como órgãos públicos, comunidade científica e organizações sociais, para co-atuarem em uma gestão participativa do oceano, garantindo que todos os fatores indispensáveis à sua sustentabilidade sejam observados.
Evento acontece em Brasília, na Câmara dos Deputados, e será aberto ao público-geral. Haverá também transmissão ao vivo, via cadastramento prévio e com tradução simultânea, visando a participação dos sul-africanos, futuros co-anfitriões do Oceans 20. Link de transmissão ficará disponível via inscrição. Faça o seu registro de presença aqui, até 21/08.
Monitor Oceano: debate sobre a exploração de petróleo e gás offshore
Criado com o objetivo de destacar as áreas marinhas mais sensíveis, contrastando-as com as zonas de exploração e produção da indústria petrolífera, o Monitor Oceano permite uma visualização clara dos impactos potenciais na costa brasileira. Além disso, desempenha um papel fundamental ao apoiar campanhas como #MarSemPetroleo, #SalveACostaAmazonica e #SalveNoronha, fortalecendo a luta por uma transição energética justa e sustentável.
O Monitor Oceano foi criado pelo Instituto Internacional Arayara em parceria com o GT Clima e Oceano do Observatório do Clima, Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (CONFREM Brasil), Rede de Mulheres Pescadoras da Costa dos Corais, Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Painel Brasileiro para o Futuro do Oceano (PainelMar) e Instituto Linha D’água.
O monitor Oceano pode ser acessado em www.monitoroceano.org
Sobre os “Ocean Dialogues” – Diálogos Oceânicos do O20
Criado sob a presidência brasileira do G20, o Oceans 20 é o grupo de engajamento da sociedade civil para debater o desenvolvimento sustentável dos Oceanos. No Brasil, o O20 é coordenado pela Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, em colaboração com o Pacto Global da ONU, o Fórum Econômico Mundial, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO).
Os Ocean Dialogues são os encontros periódicos com os atores globais que trabalham com a agenda dos oceanos. Os Diálogos fornecem os conhecimentos que irão nortear o relatório que será apresentado pelo O20 ao G20, em novembro.
Organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o painel G20: Fortalecendo interfaces entre conhecimento e política oceânica é uma co-organização de diversas entidades nacionais e internacionais, entre elas a Direção-Geral dos Assuntos Marítimos e da Pesca da União Europeia; a Fundação para a Sustentabilidade do Oceano (Ocean Sustainability Foundation); o Painel Brasileiro para o Futuro do Oceano (PainelMar); e o Grupo de Trabalho para Uso e Conservação Marinha da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara dos Deputados (GT-Mar).
SERVIÇO
Ocean Dialogues – O20
Evento: “G20: Fortalecendo as interfaces entre Conhecimento e Políticas Oceânicas”
Data: 22 de agosto, às 10h, horário de Brasília.
Local: Auditório Freitas Nobre – Câmara dos Deputados, Anexo IV
Inscrição: Link para inscrição aqui.
por Comunicação Arayara | 12, ago, 2024 | Mar Sem Petróleo |
Representantes do Departamento de Oceanos e Clima do Instituto Internacional Arayara participaram, na última quinta-feira (8), de dois painéis do Ocean 20 no Brasil, em série de eventos junto à sociedade civil para debater o futuro sustentável dos oceanos.
O Instituto Internacional Arayara teve a oportunidade de participar de duas importantes agendas do Ocean Dialogues (Diálogos Oceânicos), série de encontros do grupo Ocean 20 no Brasil. Os eventos, realizados na última quinta-feira (8/8), debateram a energia eólica offshore e a importância do fator “justo” na transição energética, reunindo especialistas, cientistas e lideranças jovens em torno das agendas globais de clima, energia e meio ambiente.
O dia de ativismo começou no Rio de Janeiro, durante o painel Oceans Dialogues: Agentes transformadores da Economia Azul, no Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). O encontro reuniu atores-chave da sociedade para discutir o desenvolvimento sustentável aliado à conservação dos oceanos.
Neste evento, o painel Mar sustentável – Transição energética Justa contou com a fala do gerente de Oceanos e Clima do Instituto Internacional Arayara, Vinicius Nora, e debateu a importância da perspectiva socioambiental no desenvolvimento das novas indústrias de energias renováveis, especialmente a eólica offshore.
A mesa foi organizada pela Global Wind Energy Coalition (GWEC), coalizão global de organizações em prol da energia eólica, e contou com as participações da Ocean Energy Pathway (OEP), Corio Generation, WWF-Brasil, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e Instituto Internacional Arayara.
Em suas falas, painelistas pontuaram as oportunidades da “economia azul” em âmbito econômico e climático, reforçando, porém, que novas indústrias devem respeitar salvaguardas socioambientais a fim de protegerem o mar, as zonas costeiras e os serviços ecossistêmicos desenvolvidos nessas esferas.
Vinícius Nora, gerente de Oceanos e Clima do Instituto Arayara, relembrou que a pesca na costa brasileira é uma indústria já estabelecida e lucrativa, capaz de movimentar bilhões de reais em apenas um ano. “O desenvolvimento da ‘blue economy’ deve impulsionar projetos que não estejam apenas preocupados em compensar danos, mas em deixar um impacto positivo, em advogar por melhorias nos territórios”, pontuou.
Oceans Dialogues Youth: Transição para uma Energia Limpa e Acessível
Organizado pela Aliança Jovem da Sustainable Ocean Alliance Brasil (SOA Brasil), o evento Energia Justa: Transição para uma Energia Limpa e Acessível reuniu jovens líderes globais envolvidos em agendas de expansão da energia limpa com justiça social.
A oceanógrafa do Instituto Internacional Arayara, Kerlem Carvalho, apresentou as contribuições da Arayara à sociedade brasileira na produção de conhecimento e de instrumentos que qualificam a gestão dos territórios em relação aos impactos de atividades econômicas de alto custo ambiental para os ecossistemas marinhos, como a indústria de petróleo e gás – que vem impedindo, sistematicamente, o avanço da transição energética justa no Brasil.
Na oportunidade, também foi apresentado em primeira mão os primeiros insights do Monitor Oceano, nova ferramenta de monitoramento criada pelo Instituto Arayara que será lançada em 14 de agosto para o público geral. “Acredito que o anúncio de uma nova ferramenta trouxe muita curiosidade aos participantes. Alguns já conheciam e faziam uso das nossas plataformas, outros terão a chance com o novo Monitor e isso é positivo”, avaliou a oceanógrafa.
Integrando a mesa, a líder indígena Luene Karipuna, da Terra Indígena Uaça e coordenadora-executiva da Articulação dos Povos e das Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (APOIANP) falou sobre um crescimento na mobilização dos povos indígenas para frear a abertura de novas fronteiras de petróleo, em especial na costa brasileira. “Isso se deve muito aos monitores e às análises que a Arayara vem desenvolvendo, diagnosticando os impactos para as comunidades”, pontuou.
Oceans Dialogues – Diálogos Oceânicos do O20
O Oceans 20 é o grupo de engajamento para o tema dos Oceanos do G20. Os encontros Oceans Dialogues fornecerão insumos que farão parte da construção do relatório que será apresentado ao G20 em novembro.
por Nicole Oliveira | 10, jul, 2020 | Economia Verde, Energia limpa |
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta quinta-feira, 9, aos líderes mundiais para escolherem “o caminho das energias limpas” nos respectivos planos de recuperação econômica pós-pandemia, exortando a comunidade internacional a proibir o carvão e os apoios aos combustíveis fósseis.
“Vamos assumir hoje o compromisso de que não existirá um novo recurso ao carvão e de que iremos acabar com todo o financiamento externo do carvão nos países em desenvolvimento”, afirmou o representante da ONU, numa mensagem de vídeo dirigida aos representantes de vários países reunidos esta quinta-feira num encontro online promovido pela Agência Internacional de Energia (AIE) sobre a transição para as energias limpas.
Na intervenção, António Guterres frisou: “O carvão não tem lugar nos planos de recuperação económica pós-covid-19”. “Gostaria hoje de apelar a todos os líderes para que escolham o caminho das energias limpas, por três razões vitais: saúde, ciência e economia”, argumentou.
Para o secretário-geral da ONU, “o apoio dirigido à recuperação de setores como a indústria, a aviação e os transportes deve estar condicionado e alinhado com os objetivos do Acordo de Paris”, que assentam numa redução das emissões de gases de efeito estufa, para que o aumento médio da temperatura no planeta seja inferior a dois graus em comparação aos níveis pré-industriais e, tanto quanto possível, abaixo de 1,5 graus até final do século XXI.
“Devemos parar de desperdiçar fundos com subsídios aos combustíveis fósseis e colocar um preço no carbono. Precisamos de ter em conta o risco climático nas nossas decisões”, nomeadamente nas decisões financeiras, declarou ainda Guterres.
O carvão, petróleo ou gás, os combustíveis fósseis, são responsáveis por cerca de 80% das emissões que provocam as alterações climáticas.
Realçando que as energias renováveis e limpas oferecem três vezes mais empregos do que as indústrias relacionadas com os combustíveis fósseis, o líder das Nações Unidas destacou os exemplos positivos dos planos desenvolvidos nesta matéria pela União Europeia (UE) e pela Coréia do Sul.
Na mensagem por vídeo António Guterres destacou a escolha da Nigéria, país que decidiu reformar o plano de subsídios aos combustíveis fósseis.
“Mas muitos ainda não receberam a mensagem”, lamentou ainda o antigo primeiro-ministro português, numa referência a um relatório sobre os planos de recuperação económica previstos no seio do G20 (o grupo dos 20 países mais industrializados do mundo), que “mostra que o dobro do dinheiro – dinheiro dos contribuintes – foi gasto em combustíveis fósseis do que em energias limpas”.
Fonte: Público