+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Luto do movimento ambientalista do Paraná

Luto do movimento ambientalista do Paraná

A companheira que nos deixa, Lídia Lucaski, tem longa trajetória de lutas na defesa do meio ambiente e o mérito incontestável desta premiação no seio da comunidade paranaense, com o reconhecimento de todos e todas que acompanham sua história à frente da Ong AMAR, mantida com independência.

Por Juliano Bueno de Araújo*

A antropóloga e ambientalista Lídia Lucaski dedicou toda a sua vida ao ativismo político, em prol da justiça social e da defesa do meio ambiente. Na juventude, participou ativamente do movimento estudantil paranaense contra a ditadura militar.

Indiciada por atividades subversivas, juntamente com outras lideranças estudantis, em Inquérito Policial Militar instaurado pela 5a. Região Militar do Exército, no início de 1969, refugiou-se no Rio de Janeiro.

Com a ajuda de rede de apoio a perseguidos pela ditadura, liderada por Branca Moreira Alves (mãe do deputado Márcio Moreira Alves, autor do célebre discurso que pregava o boicote ao desfile de 7 de setembro de 1968 e que detonou o Ato Institucional número 5), Lídia fugiu para o Uruguai, e em seguida obteve asilo político no Chile.

Antes do golpe militar que derrubou o presidente chileno Salvador Allende, foi obrigada a fugir, juntamente com outros companheiros, para a Bolívia.

Com o golpe militar na Bolívia, exilou-se no Peru, onde estudou Antropologia (Universidade de Lima). Naquele país, alistou-se como voluntária para ajudar as vítimas do terremoto de Áncash, em 1970, um dos desastres naturais mais devastadores do Peru, que matou cerca de 100 mil pessoas e deixou mais de 3 milhões de feridos.

Foi somente com a anistia no Brasil que Lídia pôde deixar o Peru, mas ao chegar à cidade de Araucária para encontrar seus familiares, viu-se diante de uma situação trágica: os níveis de aplicação de agrotóxicos e da poluição das fábricas recém-instaladas na região eram tão altos e descontrolados que muitas crianças nasciam com anencefalia e hidrocefalia. O grau da contaminação química em Araucária, já naquela época, era pior do que Cubatão, cidade que ficou mundialmente conhecida pela gravidade da poluição causada pelas fábricas.

Lídia juntou-se ao grupo de ambientalistas de Araucária que, em 1983, liderado pelo engenheiro agrônomo Reinaldo Onofre Skalisz, havia fundado a AMAR – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária, e a partir dali tornou-se uma das ambientalistas mais respeitáveis do Brasil. Também participou da fundação do Fórum Verde, em 1990, da FEPAM – Federação Paranaense das Entidades Ambientalistas, em 1992, e mais recentemente do Fórum do Movimento Ambientalista do Paraná, em 2010.

Atuou também defendendo os interesses da sociedade civil em importantes colegiados, câmaras técnicas e conselhos municipais e estaduais de meio ambiente. Lídia presidia a AMAR quando esta foi eleita pelas ONGs da Região Sul do Brasil para o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, para o período de 2011-2012.

Sua dedicação à causa ambiental nunca teve relação com qualquer modismo ecológico. Assim como a AMAR, Lídia sempre se pautou pela questão da sobrevivência humana e pelo respeito aos direitos da Natureza, e foi sempre com esse espírito que seus novos companheiros da AMAR a elegeram presidente daquela instituição que, por si só, é um marco na história paranaense. Combatente ambiental obsessiva, foi sucessivamente reeleita por quase 20 anos.

No comando da Amar, e sempre atuando de forma voluntária, praticamente sem nenhum apoio governamental ou da própria sociedade paranaense, Lídia estendeu a atuação da entidade não só no estado do Paraná, mas ao norte de Santa Catarina e sul de São Paulo, sempre atendendo aos pedidos da população carente atingida pelas terríveis consequências dos danos ambientais denunciados.

A dedicação incansável da presidente Lídia Lucaski fez da AMAR, com quase 36 anos de existência, uma de mais importantes ONGs ativistas do estado do Paraná e da região Sul do Brasil.

A AMAR foi autora de cerca de uma centena de ações civis públicas contra crimes ambientais, impetradas isolada ou conjuntamente com entidades congêneres ou com o Ministério Público, e de mais de três mil denúncias de crimes ambientais encaminhadas ao Ministério Público e a outros órgãos governamentais, sempre fundamentadas tecnicamente após vistoria no local do dano.

Além disso, Lídia Lucaski, juntamente com outros ambientalistas paranaenses como Juliano Bueno de Araújo, Pedro Guimarães, Osvaldo Cardoso, Henrique Schimidlin, Paulo Pizzi, Cloves Borges e Teresa Urban participaram da fundação da UNEAP – União de Entidades Ambientalistas do Paraná.

Por sua coragem e atuação política coerente e obstinada, e por seu trabalho apaixonado e incansável em defesa da justiça ambiental, Lídia Lucaski é, seguramente, uma das mais importantes ambientalistas brasileiras, uma pessoa que incontestavelmente desperta o orgulho das comunidades a quem ela sempre atendeu nas horas mais difíceis, que traz inspiração a todos os ambientalistas deste estado e para com quem a sociedade paranaense tem uma grande dívida de gratidão.

*Juliano Bueno de Araújo é diretor-presidente do Instituto Internacional Arayara, secretário do Fórum do Movimento Ambientalista do Paraná, e conselheiro do CMMA – Conselho municipal de Meio Ambiente de Curitiba e do CEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente do Paraná.

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

El municipio de Maranhão participó en una conferencia sobre la técnica de Fracking, a cargo de Esmeralda Gusmão

 

¿Qué es el fracking?

El fracking, también conocido como fracturamiento hidráulico, es un proceso que implica la inyección de grandes volúmenes de agua, productos químicos y arena a alta presión en capas de roca subterránea para liberar el gas natural atrapado. Aunque es una técnica utilizada en varios países, es controvertida debido a los daños ambientales y ecológicos que causa, como la contaminación de las aguas subterráneas, la liberación de gases de efecto invernadero, los terremotos inducidos, entre otros.

A orillas del gran río Parnaíba, con hermosas plazas y numerosas carnaúbas. La carnaúba, abundante en la región, es una palmera que produce cera, aceite y otros productos valiosos. Esta es una breve descripción del municipio de Parnarama, en Maranhão. La ciudad es famosa por sus fiestas juninas, durante las festividades se realizan bailes típicos, grupos de cuadrillas, puestos de comida y bebida, entre otras actividades.

Riberas del río Parnaíba

 

El equipo de COESUS – Coalición No al Fracking Brasil por el Agua y la Vida, una campaña del Instituto Internacional Arayara, llevó a cabo una capacitación con el sindicato de trabajadores rurales de Parnarama, donde los líderes sindicales escucharon las palabras de la técnica Esmeralda Gusmão sobre los riesgos que el “Gas de la Muerte” (término popular para el gas de esquisto explotado mediante fracking) representa para la agricultura y los impactos socioambientales que afectan a los trabajadores.

El fracking es un gran problema para todos los sectores, pero se presenta en los municipios como una forma de desarrollo. Esta técnica tiene el efecto contrario a lo que las empresas les dicen a las comunidades. Como ejemplo, se puede analizar la situación de la provincia de Neuquén, en Argentina, donde el fracking ha estado presente durante muchos años y ha tenido un impacto negativo en el sector frutícola, en particular en la producción de manzanas.

 

Manzanas chilenas con el sello “Libre de Fracking”

 

El equipo fue recibido en el ayuntamiento por el concejal Miguel, quien discutió con COESUS la planificación de una audiencia pública sobre el fracking. Los principales daños causados por el fracking son:

Contaminación química: el fracking implica el uso de una mezcla de productos químicos, agua y arena que se inyecta a alta presión en el suelo para liberar gas natural. Estos productos químicos pueden contaminar las aguas subterráneas y superficiales, causando daños a la salud humana y al medio ambiente.

Escasez de agua: el proceso de fracking requiere grandes cantidades de agua, lo que puede llevar a la escasez de agua, especialmente en áreas con escasez de recursos hídricos.

Contaminación bacteriana: el aumento de la actividad industrial, incluido el fracking, puede aumentar la concentración de bacterias dañinas en el agua, aumentando el riesgo de enfermedades.

Fugas de gas natural: las fugas de gas natural durante el proceso de extracción pueden contaminar el agua y el aire, además de representar un riesgo de explosiones. Riesgo de terremotos: la inyección de agua y productos químicos a presión en el suelo puede causar terremotos, lo que puede afectar la calidad del agua subterránea.

La industria del fracking consume una gran cantidad de agua, compitiendo directamente con la agricultura, el comercio, la industria y el agua destinada al consumo de la población. Se utilizan millones de litros de agua por cada pozo perforado. El agua que regresa después del fracturamiento, conocida como flowback, se almacena en piscinas al aire libre, donde se evapora debido a la exposición directa a la energía solar, lo que provoca lluvias ácidas que contaminan los cultivos y toda la región circundante.

 

Piscina de flowback al aire libre.

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

City of Parnarama receives the No Fracking Brazil campaign

The municipality in Maranhão participated in a lecture by fracking expert Esmeralda Gusmão

 

What is fracking?

Fracking – also known as hydraulic fracturing – is a process that involves injecting large volumes of water, chemicals, and sand at high pressure into underground rock layers to release trapped natural gas. Although this technique is already used in several countries, it is controversial due to its environmental and ecological damage, including groundwater contamination, greenhouse gas emissions, induced earthquakes, etc.

 

On the banks of the great Parnaíba River, adorned with beautiful squares and various carnauba palm trees. Carnauba palm, abundant in the region, is a palm tree that produces wax, oil, and other valuable products. This is a brief description of the municipality of Parnarama in Maranhão. The city is famous for its June festivals, where typical dances, quadrilles, food and beverage stalls, and other activities are held.

Parnaíba Riverbanks

The COESUS team – No Fracking Brazil Coalition for Water and Life, a campaign by the Arayara International Institute, conducted a training session with the rural workers’ union of Parnarama. The union leaders listened to the words of expert Esmeralda Gusmão about the risks that the “Gas of Death” (the popular term for shale gas extracted through fracking) poses to agriculture and the socio-environmental impacts on workers.

Fracking is a major problem for all sectors but is presented to municipalities as a form of development. This technique has the opposite effect of what companies claim in communities. For example, one can analyze the situation in the province of Neuquén, Argentina, where fracking has been in place for many years and observe the decline in the fruit-growing sector, particularly apple cultivation.

 

Maçãs chilenas com o selo “Frack Free” (Livre de Fracking)

 

The team was received at the city council by Councilor Miguel, who discussed with COESUS the planning of a public hearing on fracking. The main damages caused by fracking include:

 

  • Chemical contamination: Fracking involves the use of a mixture of chemicals, water, and sand injected under high pressure into the ground to release natural gas. These chemicals can contaminate groundwater and surface water, causing harm to human health and the environment.
  • Water scarcity: The fracking process requires large amounts of water, which can lead to water scarcity, especially in areas with limited water resources.
  • Bacterial contamination: Increased industrial activity, including fracking, can increase the concentration of harmful bacteria in water, raising the risk of diseases.
  • Natural gas leaks: Natural gas leaks during the injection process can contaminate water and air and pose a risk of explosions.
  • Earthquake risk: The injection of water and chemicals under pressure into the ground can cause earthquakes, which can affect the quality of groundwater.

 

The fracking industry is a major water consumer, directly competing with agriculture, commerce, industry, and water for public consumption. Millions of liters of water are used for each drilled well. The water that returns from fracking is known as flowback, and after separating the gas, it is stored in open-air ponds where it evaporates, receiving direct solar energy and causing acid rain that contaminates crops and the entire surrounding region.

Open-air flowback pond

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

Cidade de Parnarama recebe a campanha Não Fracking Brasil

O município do maranhão participou de uma palestra da técnica em Fracking, Esmeralda Gusmão

 

O que é o fracking?

O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.

 

A beira do grande rio Parnaíba, dona de belas praças e de várias carnaúbas. A carnaúba, abundante na região, é uma palmeira que produz cera, óleo e outros produtos valiosos. Essa é uma breve descrição do que é o município de Parnarama, no Maranhão. A cidade é famosa por suas festas juninas, durante as festividades, há apresentações de danças típicas, quadrilhas, barracas de comidas e bebidas, além de outras atividades.

Margens do rio Parnaíba

A equipe da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara, realizou uma capacitação com o sindicato de trabalhadores rurais de Parnarama, que, com seus dirigentes presentes, escutaram as falas da técnica Esmeralda Gusmão sobre os riscos que o “Gás da Morte” (o termo popular para o gás de xisto explorado pelo fracking) causa na agricultura e os impactos socioambientais oferecidos aos trabalhadores.

O fracking é um grande problema para todos os setores, mas é trazido para os municípios como uma forma de desenvolvimento. Essa técnica tem efeito oposto do que é dito nas comunidades pelas empresas. A exemplo, pode-se analisar a situação da província de Neuquén, na Argentina, onde o fracking já está instalado a muito anos e ver o efeito de declinação no setor de fruticultura, em específico o da maçã.

 

Maçãs chilenas com o selo “Frack Free” (Livre de Fracking)

A equipe foi recebida na câmara municipal pelo vereador Miguel, que conversou com a COESUS para o planejamento de uma audiência pública sobre o fracking. Os principais danos causados pelo fracking são:

Contaminação química: o fracking envolve o uso de uma mistura de produtos químicos, água e areia injetada sob alta pressão no solo para liberar gás natural. Esses produtos químicos podem contaminar a água subterrânea e superficial, causando danos à saúde humana e ao meio ambiente.

Escassez de água: o processo de fracking requer grandes quantidades de água, o que pode levar à escassez de água, principalmente em áreas com escassez de recursos hídricos.

Contaminação bacteriana: o aumento da atividade industrial, incluindo o fracking, pode aumentar a concentração de bactérias nocivas na água, aumentando o risco de doenças.

Vazamentos de gás natural: os vazamentos de gás natural durante o processo de ingestão podem contaminar a água e o ar, além de representar um risco de explosões.

Risco de terremotos: a injeção de água e produtos químicos sob pressão no solo pode causar terremotos, o que pode afetar a qualidade da água subterrânea.

A indústria do fracking é uma grande consumidora de água, concorrendo diretamente com a agricultura, comércio, indústria e com a água destinada para o consumo da população. São milhões de litros de água para cada poço perfurado. A água que retorna do fraturamento é conhecida como flowback, após a separação do gás o flowback é armazenado em piscinas a céu-aberto onde sua evaporação é realizada por estar diretamente recebendo a energia solar e ocasionando chuvas ácidas que contaminam plantações e contaminação de toda a região que se arrastar.

Piscina de flowback a céu aberto