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Crise ambiental em Volta Redonda: décadas de leniência de órgãos ambientais prejudicam a saúde da população pelo lucro de poucos

Crise ambiental em Volta Redonda: décadas de leniência de órgãos ambientais prejudicam a saúde da população pelo lucro de poucos

Às vésperas de completar 70 anos, Volta Redonda enfrenta uma crise ambiental alarmante causada pela poluição massiva da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A  audiência pública realizada na última  terça-feira (9/7), na Câmara dos Deputados, em Brasília, trouxe à tona a negligência crônica das autoridades e o impacto destrutivo do lobby empresarial.O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara e contou com mais de 3.500 visualizações.

Diversas entidades e representantes da sociedade civil uniram-se para exigir medidas urgentes contra os danos à saúde dos moradores e ao meio ambiente de Volta Redonda. O Instituto Internacional Arayara e o Observatório do Carvão Mineral marcaram presença na audiência, apresentando estudos alarmantes sobre os impactos de décadas de poluição industrial sem controle efetivo.

Presidida pelo Deputado Glauber Braga (Psol/RJ), a audiência contou ainda com a presença de ativistas, acadêmicos e representantes de organizações comunitárias. Esses defensores destacaram como a conivência entre setores governamentais e a CSN tem permitido que a poluição continue a devastar a cidade, transformando um antigo símbolo do progresso industrial em um caso de calamidade ambiental e de saúde pública.

Como o caso de poluição em Volta Redonda ainda existe? Seria a Nova Cubatão?

Juliano Bueno de Araújo, diretor técnico do Instituto Internacional Arayara, comparou Volta Redonda a Cubatão (SP), ambas marcadas por décadas de poluição industrial descontrolada. “Em ambos os casos, a negligência e a omissão permitiram que a poluição atingisse níveis extremos, sem medidas eficazes de controle e monitoramento“, afirmou Araújo. Esta situação alarmante levanta a questão: por que, em pleno século XXI, um caso tão grave de poluição ainda persiste?

Diariamente, representantes locais expõem suas frustrações e angústias, como Maria de Fátima, da Federação de Associação de Moradores de Volta Redonda, que fez um desabafo durante a audiência: “Falo em nome de 82 associações de moradores e é um pedido de socorro. Nossa cidade está adoecendo“. Adriana Bitencourt, do Movimento SF Contra a Poluição, relatou as tentativas da CSN de silenciar críticos, destacando um episódio de revogação de monitoramento de poluentes revertido pela mobilização comunitária, sendo um dos casos marcantes o de Alexandre Fonseca.

O ativista e morador de Volta Redonda, Alexandre Fonseca, enfrenta cinco processos judiciais movidos pela CSN por denunciar os danos à saúde pública e ao meio ambiente. “A CSN continua a operar com base em acordos judiciais, enquanto centenas de inconformidades permanecem sem solução“, criticou Fonseca, que denunciou a tentativa de silenciamento de suas denúncias.

Um dos temas mais marcantes na audiência foi a unanimidade da falta de ação eficaz por parte das autoridades ambientais e regulatórias. Cássia Peres Marcondes, da Secretaria Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, do MMA, explicou que o IBAMA possui um “olhar mais distante“, deixando a ação concreta ao INEA, órgão licenciador que não compareceu à audiência, assim como representantes do MPF, que avalia o Termo de Ajustamento de Conduta, que fecha dia 19 de setembro. Esta ausência reforçou as críticas sobre a falta de engajamento dos órgãos responsáveis.

No encerramento da audiência, o Deputado Lindberg Farias propôs articulação com os Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde. “Vamos reunir um grupo de parlamentares para um encontro com as ministras Marina Silva e NísiaTrindade para debater essa questão localmente“, anunciou. Essa proposta é uma esperança, mas resta saber se será suficiente para romper o ciclo de leniência e inação que tem perpetuado a crise.

Apesar das promessas, são décadas de descaso com a população. A crise ambiental de Volta Redonda é um triste exemplo de como a leniência governamental e o poder do lobby corporativo podem colocar em risco a saúde de uma população inteira. A conivência e a falta de fiscalização eficaz transformam empresas poluidoras em intocáveis, enquanto os cidadãos pagam o preço com suas vidas. É hora de exigir responsabilidade e ação concreta para que cidades como Volta Redonda não se torne a Nova Cubatão.

Observatório do Carvão Mineral

O Instituto Internacional Arayara e o Observatório do Carvão Mineral reúnem representantes da academia, organizações da sociedade civil e ambientalistas. Entre seus objetivos estão o monitoramento da mineração, da queima e da importação deste combustível fóssil, além do fomento à pesquisa, a fim de que o país construa uma saída saudável dos combustíveis fósseis em direção à uma matriz energética 100% limpa.

Arayara e município Baiano com uma das melhores águas do Brasil discutem Fracking em Audiência Pública na Câmara Municipal

Arayara e município Baiano com uma das melhores águas do Brasil discutem Fracking em Audiência Pública na Câmara Municipal

Cidade de Alagoinhas, na Bahia, sedia Audiência Pública para debater com população os riscos do Fracking, método de extração de gás via fraturamento de uma sedimentação rochosa chamada xisto, utilizado pela indústria de Petróleo e Gás (P&G).

Audiência acontece nesta segunda-feira, 15 de abril, às 9h, na Câmara Municipal de Vereadores.

Convocada pelo vereador Thor de Ninha (PT), a Audiência Pública em Alagoinhas contará com a participação do Instituto Internacional Arayara que, ao lado da Coalizão Não Fracking Brasil Pela Água e Vida (COESUS), apoia gestores públicos que desejam implementar Projetos de Lei a impedir que a técnica seja utilizada em suas cidades ou estados. Deputado Federal Jorge Solla (PT), também contrário ao Fracking, participa.

Localizada na região de Feira de Santana e a 128km de Salvador, cidade de Alagoinhas é conhecida por abrigar grande quantidade de água (nome da cidade faz referência a lagos, abundantes na região). A água de Alagoinhas já foi considerada a melhor do Brasil e a segunda melhor do mundo para a fabricação de bebidas por possuir um ph perto do neutro, o que seria uma “água pura”.

Por conta de seus recursos hídricos, provenientes do Aquífero de São Sebastião, cidade se consolidou como um importante polo de produção de bebidas. Somente em 2021, mais de 1 bilhão e meio de litros de cervejas, água mineral e refrigerantes foram produzidos pela cidade, que abriga três grandes fábricas de grupos de cerveja.

Além da produção de bebidas, Alagoinhas também é conhecida pela agricultura de frutas cítricas, sendo atualmente a 4a maior cidade produtora de laranjas do estado da Bahia. Toda essa expressiva indústria de alimentos e bebidas, juntamente com o turismo, estariam ameaçados se o fraturamento hidráulico, ou Fracking, for implementado pela indústria de Petróleo e Gás na região.

Fracking – um risco à saúde e ao meio ambiente

O Fracking é um método não convencional de liberar óleo e gás de formações rochosas. Nesse processo, milhões de litros de água potável e mais de 600 produtos químicos são injetados no subsolo, causando uma grande pressão nas rochas para provocar fraturas e permitir a extração do gás de xisto (sendo “xisto” o nome desse tipo poroso de rocha sedimentar).

Estudos sobre a técnica apontam que as substâncias utilizadas nesse processo, tais como o benzeno (substância cancerígena), tolueno, etilbenzeno, xileno, ozônio, hidrocarbonetos, dentre outros, são perigosas ao meio ambiente e à saúde humana. Locais onde a técnica foi implementada, como os Estados Unidos e a Argentina, demonstraram:

  • grave contaminação do solo e das águas subterrâneas, comprometendo as atividade do agronegócio e da pecuária;
  • maiores taxas de câncer, asma, complicações cardíacas, má-formação de fetos, abortos e mortes em comunidades próximas a poços de extração que utilizam a técnica;
  • além de maiores chances de submeter a região ao entorno do poço à falta d’água, devido à grande demanda por água para execução da técnica.

 

Campanha Anti-Fracking na Bahia

Além da Audiência Pública em Alagoinhas, Instituto Internacional Arayara, representando a Coalizão Não Fracking Brasil Pela Água e Vida (COESUS), passará por outras 58 cidades da Bahia, falando à população sobre os riscos da técnica e a importância de se construírem medidas de proteção contra a exploração de gás de xisto.

Momentos antes da Audiência Pública em Alagoinhas, diretor-presidente do Instituto Internacional Arayara, Juliano Bueno de Araújo, falou aos ouvintes da Rádio Digital FM, de Alagoinhas, ao lado do vereador Thor de Ninha (PT), sobre o tema e convidou a população à participação na Audiência Pública na Câmara Municipal.

Ao longo de 10 anos de campanha, Arayara e COESUS conseguiram mobilizar centenas de cidades do Brasil a proibir ou coibir o Fracking. Atualmente, dois estados (Paraná e Santa Catarina) e 391 municípios possuem leis específicas anti-Fracking.

 

Fracking affects the beverage industry

Fracking affects the beverage industry

Excessive water consumption by the method and soil contamination are among the causes

What is fracking?

Fracking – also called hydraulic fracturing – is a process that involves injecting large volumes of water, chemicals and sand at high pressure into underground rock layers to release trapped natural gas. Despite being a technique already used in several countries, it is controversial because it causes environmental and ecological damage, including contamination of groundwater, release of greenhouse gases, induced earthquakes, etc.

 

The oil industry is one of the greatest threats to the health of our planet. According to the UN, the oil sector is the main contributor to the worsening climate change. In addition, this industry depends on a resource that is the most valuable for life: water. In the case of fracking, millions of liters of potable water are used, which competes directly with other industries, agribusiness and the general population.

One of the sectors strongly affected by fracking is the production of beverages, such as cachaça and beer. Soil contamination – where barley and the grains used to produce the drink are grown – and the quality of water from aquifers are factors of great concern for production.

The team from COESUS – Coalition No Fracking Brazil for Water and Life, a campaign by the Arayara International Institute, visited, on September 13, 2022, the Baixão do Cosmo brandy factory, where they could observe all the cachaça production and talk to the owner about the impacts that fracking could generate in his sector. The group highlighted to the owner of the Baixão do Cosmo brandy factory the risks that fracking represents for his business and also for the environment.

Soil and groundwater contamination can compromise the quality of the inputs used in the manufacture of the drink, directly affecting the taste and safety of the final product. Furthermore, the scarcity of potable water, caused by the excessive use of this resource in fracking, can impact the entire production chain.

Faced with the challenges faced by the beverage industry and other activities that depend on water as an essential resource, it is necessary to stop the shale gas exploration model and seek more sustainable alternatives that are less harmful to the environment. The preservation of water and the promotion of renewable energies are essential ways to guarantee a future for society.

 

Fracking affects the beverage industry

Fracking afeta indústria de bebidas

Consumo excessivo de água pelo método e a contaminação do solo estão entre as causas

O que é o fracking?

O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.

 

A indústria petrolífera se configura como uma das maiores ameaças à saúde do nosso planeta. Segundo a ONU, o setor do petróleo é o principal contribuinte para o agravamento das mudanças climáticas. Além disso, essa indústria depende de um recurso que é o mais valioso para a vida: a água. Tratando-se do fracking, milhões de litros de água potável são utilizadas, o que compete diretamente com outras indústrias, o agronegócio e a população em geral. 

Um dos setores fortemente afetados pelo fracking é o da produção de bebidas, como a cachaça e a cerveja. A contaminação do solo – onde são cultivados a cevada e os grãos utilizados na produção da bebida – e a qualidade da água proveniente de aquíferos são fatores de grande preocupação para a produção.

A equipe da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara, visitou, em 13 de setembro de 2022, a fábrica de aguardente Baixão do Cosmo, onde puderam observar toda a produção da cachaça e conversar com o proprietário sobre os impactos que o fracking poderia gerar em seu setor. O grupo destacou ao proprietário da fábrica de aguardente Baixão do Cosmo os riscos que o fracking representa para o seu negócio e também para o meio ambiente. 

A contaminação do solo e das águas subterrâneas pode comprometer a qualidade dos insumos utilizados na fabricação da bebida, afetando diretamente o sabor e a segurança do produto final. Além disso, a escassez de água potável, causada pela utilização excessiva desse recurso no fracking, pode impactar toda a cadeia de produção.

Diante dos desafios enfrentados pela indústria de bebidas e por outras atividades que dependem da água como recurso essencial, é necessário impedir o modelo de exploração do gás de xisto e buscar alternativas mais sustentáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente. A preservação da água e a promoção de energias renováveis são caminhos indispensáveis para garantir um futuro à sociedade.

Fracking affects the beverage industry

El Fracking afecta a la industria de bebidas

El consumo excesivo de agua por este método y la contaminación del suelo están entre las causas

¿Qué es el fracking?

El fracking, también conocido como fracturamiento hidráulico, es un proceso que implica la inyección de grandes volúmenes de agua, productos químicos y arena a alta presión en capas de roca subterránea para liberar el gas natural atrapado. Aunque es una técnica utilizada en varios países, es controvertida debido a los daños ambientales y ecológicos que causa, como la contaminación de las aguas subterráneas, la liberación de gases de efecto invernadero, los terremotos inducidos, entre otros.

 

La industria petrolera se configura como una de las mayores amenazas para la salud de nuestro planeta. Según la ONU, el sector del petróleo es el principal contribuyente al empeoramiento del cambio climático. Además, esta industria depende de un recurso que es el más valioso para la vida: el agua. En el caso del fracking, se utilizan millones de litros de agua potable, lo que compite directamente con otras industrias, la agroindustria y la población en general.

Uno de los sectores fuertemente afectados por el fracking es el de la producción de bebidas, como la cachaça y la cerveza. La contaminación del suelo, donde se cultiva la cebada y los granos utilizados en la producción de la bebida, y la calidad del agua proveniente de acuíferos son factores de gran preocupación para la producción.

El equipo de No al Fracking Brasil, a través de la Coalición No al Fracking Brasil por el Agua y la Vida, una campaña del Instituto Internacional Arayara, visitó el 13 de septiembre de 2022 la destilería de cachaça Baixão do Cosmo, donde pudieron observar todo el proceso de producción de la cachaça y conversar con el propietario sobre los impactos que el fracking podría generar en su sector. El grupo resaltó al propietario de la destilería de cachaça Baixão do Cosmo los riesgos que el fracking representa para su negocio y también para el medio ambiente.

La contaminación del suelo y de las aguas subterráneas puede comprometer la calidad de los insumos utilizados en la fabricación de la bebida, afectando directamente el sabor y la seguridad del producto final. Además, la escasez de agua potable, causada por el uso excesivo de este recurso en el fracking, puede afectar toda la cadena de producción. Ante los desafíos enfrentados por la industria de bebidas y por otras actividades que dependen del agua como recurso esencial, es necesario detener el modelo de explotación del gas de esquisto y buscar alternativas más sostenibles y menos perjudiciales para el medio ambiente. La preservación del agua y la promoción de energías renovables son caminos indispensables para garantizar un futuro a la sociedad.