+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Moradores do Vale do Paraíba dizem ‘xô termelétrica’ e garantem recuo da Natural Energia

Moradores do Vale do Paraíba dizem ‘xô termelétrica’ e garantem recuo da Natural Energia

Audiência pública em Caçapava é suspensa após mobilização conjunta entre entidades de proteção e população, mesmo após erro em divulgação sobre o local do evento. Arayara alertou para a troca de informações que prejudicou o acesso da população ao evento.

Aos gritos de “xô, termelétricas”, a população de Caçapava (SP) deu início ontem às mobilizações contra o licenciamento da Usina Termelétrica São Paulo durante a Audiência Pública que seria realizada no município. Cerca de 250 pessoas lotaram o espaço reivindicando a proteção do solo, do ar e das águas da região do Vale do Paraíba. A manifestação garantiu que a Audiência fosse suspensa, uma vez que a população não permitiu que as discussões fossem iniciadas.

Mesmo tendo sido contestada pelo Ministério Público Federal (MPF), por especialistas e pela sociedade civil, a 3ª Vara Federal de São José dos Campos decidiu manter as Audiências Públicas para discutir o Projeto UTE São Paulo. A próxima Audiência Pública com o mesmo tema está agendada para 4/7, em São José dos Campos.

O projeto prevê a construção de uma termelétrica movida a gás natural, com uma potência instalada de 1,74 gigawatts (GW). Os efeitos de um empreendimento com esta potência podem ser devastadores para a região, incluindo o uso intensivo de recursos hídricos e os impactos na saúde pública devido à emissão de poluentes, além dos impactos ambientais e sociais na região.

O engenheiro e diretor do Instituto Arayara, Juliano Bueno de Araújo, acredita que a segurança hídrica da cidade de São Paulo será diretamente prejudicada pela implementação da mega usina. “A criação de uma termelétrica dessa proporção coloca em risco os recursos hídricos da capital paulistana, uma vez que exige o uso excessivo de água para o funcionamento da termelétrica”, defende Juliano.

Para operar, a usina vai consumir até 1,56 milhões de litros de água por dia, entre captações subterrâneas e de um córrego local – isso em uma região onde as bacias hidrográficas já estão sobrecarregadas e pequenos produtores rurais relatam enfrentar falta de água.

“Quando falamos da poluição atmosférica e como ela afetará o ar e a saúde das pessoas, o problema se torna ainda maior”, complementa o diretor da Arayara. Caso seja instalada e entre em operação total, a usina emitirá até 6 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que aumentaria as emissões da matriz elétrica brasileira num momento em que se discute crise climática, catástrofes ambientais e a necessidade de se diminuir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Esse montante é 2.000 vezes maior do que todas as emissões da cidade de Caçapava entre 2000 e 2022.

Os dados citados fazem parte do relatório “Regressão energética: como a expansão do gás fóssil atrapalha a transição elétrica brasileira rumo à justiça climática”, lançado pela Coalizão Energia Limpa neste ano, como caso emblemático de empreendimento com “graves falhas no licenciamento e alto impacto socioambiental”.

Atrasos e erros

Ao longo da semana, a população foi impactada com informações equivocadas sobre o local onde seria realizada a Audiência Pública, que foi modificado dias antes da Audiência Pública para discutir sobre o pré-licenciamento da Usina Termelétrica São Paulo.

A confusão foi, inclusive, noticiada em veículos de comunicação nacionais e da região, causando sério prejuízo para a participação da sociedade civil no evento. Em seu canal nas redes sociais, o Instituto Arayara alertou para o erro e publicou vídeo onde pode-se confirmar que pessoas foram direcionadas para a localização errada, momentos antes da Audiência Pública ser iniciada.

Mobilização

ONGs, grupos, associações e pesquisadores têm organizado ações para alertar sobre os impactos que o empreendimento provocará ao meio ambiente, além de consequências devastadoras para as comunidades locais.

O Instituto ARAYARA, maior ONG de litigância técnica ambiental do Brasil e defensor de uma Transição Energética Justa, apresentou uma série de argumentos, incluindo um agravo de instrumento contestando a decisão de manter as audiências públicas. Diversas cidades do Vale do Paraíba também já aprovaram moções de repúdio à instalação da usina; inclusive, já houve outras 5 tentativas de instalação de usinas termelétricas nessa região, porém sem sucesso.

Na Ata da Audiência Pública, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama publicou que “houve forte reação contraria da população local, impedindo a realização da audiência pública”.

 

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

El municipio de Maranhão participó en una conferencia sobre la técnica de Fracking, a cargo de Esmeralda Gusmão

 

¿Qué es el fracking?

El fracking, también conocido como fracturamiento hidráulico, es un proceso que implica la inyección de grandes volúmenes de agua, productos químicos y arena a alta presión en capas de roca subterránea para liberar el gas natural atrapado. Aunque es una técnica utilizada en varios países, es controvertida debido a los daños ambientales y ecológicos que causa, como la contaminación de las aguas subterráneas, la liberación de gases de efecto invernadero, los terremotos inducidos, entre otros.

A orillas del gran río Parnaíba, con hermosas plazas y numerosas carnaúbas. La carnaúba, abundante en la región, es una palmera que produce cera, aceite y otros productos valiosos. Esta es una breve descripción del municipio de Parnarama, en Maranhão. La ciudad es famosa por sus fiestas juninas, durante las festividades se realizan bailes típicos, grupos de cuadrillas, puestos de comida y bebida, entre otras actividades.

Riberas del río Parnaíba

 

El equipo de COESUS – Coalición No al Fracking Brasil por el Agua y la Vida, una campaña del Instituto Internacional Arayara, llevó a cabo una capacitación con el sindicato de trabajadores rurales de Parnarama, donde los líderes sindicales escucharon las palabras de la técnica Esmeralda Gusmão sobre los riesgos que el “Gas de la Muerte” (término popular para el gas de esquisto explotado mediante fracking) representa para la agricultura y los impactos socioambientales que afectan a los trabajadores.

El fracking es un gran problema para todos los sectores, pero se presenta en los municipios como una forma de desarrollo. Esta técnica tiene el efecto contrario a lo que las empresas les dicen a las comunidades. Como ejemplo, se puede analizar la situación de la provincia de Neuquén, en Argentina, donde el fracking ha estado presente durante muchos años y ha tenido un impacto negativo en el sector frutícola, en particular en la producción de manzanas.

 

Manzanas chilenas con el sello “Libre de Fracking”

 

El equipo fue recibido en el ayuntamiento por el concejal Miguel, quien discutió con COESUS la planificación de una audiencia pública sobre el fracking. Los principales daños causados por el fracking son:

Contaminación química: el fracking implica el uso de una mezcla de productos químicos, agua y arena que se inyecta a alta presión en el suelo para liberar gas natural. Estos productos químicos pueden contaminar las aguas subterráneas y superficiales, causando daños a la salud humana y al medio ambiente.

Escasez de agua: el proceso de fracking requiere grandes cantidades de agua, lo que puede llevar a la escasez de agua, especialmente en áreas con escasez de recursos hídricos.

Contaminación bacteriana: el aumento de la actividad industrial, incluido el fracking, puede aumentar la concentración de bacterias dañinas en el agua, aumentando el riesgo de enfermedades.

Fugas de gas natural: las fugas de gas natural durante el proceso de extracción pueden contaminar el agua y el aire, además de representar un riesgo de explosiones. Riesgo de terremotos: la inyección de agua y productos químicos a presión en el suelo puede causar terremotos, lo que puede afectar la calidad del agua subterránea.

La industria del fracking consume una gran cantidad de agua, compitiendo directamente con la agricultura, el comercio, la industria y el agua destinada al consumo de la población. Se utilizan millones de litros de agua por cada pozo perforado. El agua que regresa después del fracturamiento, conocida como flowback, se almacena en piscinas al aire libre, donde se evapora debido a la exposición directa a la energía solar, lo que provoca lluvias ácidas que contaminan los cultivos y toda la región circundante.

 

Piscina de flowback al aire libre.

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

City of Parnarama receives the No Fracking Brazil campaign

The municipality in Maranhão participated in a lecture by fracking expert Esmeralda Gusmão

 

What is fracking?

Fracking – also known as hydraulic fracturing – is a process that involves injecting large volumes of water, chemicals, and sand at high pressure into underground rock layers to release trapped natural gas. Although this technique is already used in several countries, it is controversial due to its environmental and ecological damage, including groundwater contamination, greenhouse gas emissions, induced earthquakes, etc.

 

On the banks of the great Parnaíba River, adorned with beautiful squares and various carnauba palm trees. Carnauba palm, abundant in the region, is a palm tree that produces wax, oil, and other valuable products. This is a brief description of the municipality of Parnarama in Maranhão. The city is famous for its June festivals, where typical dances, quadrilles, food and beverage stalls, and other activities are held.

Parnaíba Riverbanks

The COESUS team – No Fracking Brazil Coalition for Water and Life, a campaign by the Arayara International Institute, conducted a training session with the rural workers’ union of Parnarama. The union leaders listened to the words of expert Esmeralda Gusmão about the risks that the “Gas of Death” (the popular term for shale gas extracted through fracking) poses to agriculture and the socio-environmental impacts on workers.

Fracking is a major problem for all sectors but is presented to municipalities as a form of development. This technique has the opposite effect of what companies claim in communities. For example, one can analyze the situation in the province of Neuquén, Argentina, where fracking has been in place for many years and observe the decline in the fruit-growing sector, particularly apple cultivation.

 

Maçãs chilenas com o selo “Frack Free” (Livre de Fracking)

 

The team was received at the city council by Councilor Miguel, who discussed with COESUS the planning of a public hearing on fracking. The main damages caused by fracking include:

 

  • Chemical contamination: Fracking involves the use of a mixture of chemicals, water, and sand injected under high pressure into the ground to release natural gas. These chemicals can contaminate groundwater and surface water, causing harm to human health and the environment.
  • Water scarcity: The fracking process requires large amounts of water, which can lead to water scarcity, especially in areas with limited water resources.
  • Bacterial contamination: Increased industrial activity, including fracking, can increase the concentration of harmful bacteria in water, raising the risk of diseases.
  • Natural gas leaks: Natural gas leaks during the injection process can contaminate water and air and pose a risk of explosions.
  • Earthquake risk: The injection of water and chemicals under pressure into the ground can cause earthquakes, which can affect the quality of groundwater.

 

The fracking industry is a major water consumer, directly competing with agriculture, commerce, industry, and water for public consumption. Millions of liters of water are used for each drilled well. The water that returns from fracking is known as flowback, and after separating the gas, it is stored in open-air ponds where it evaporates, receiving direct solar energy and causing acid rain that contaminates crops and the entire surrounding region.

Open-air flowback pond

La ciudad de Parnarama recibe la campaña No al Fracking Brasil

Cidade de Parnarama recebe a campanha Não Fracking Brasil

O município do maranhão participou de uma palestra da técnica em Fracking, Esmeralda Gusmão

 

O que é o fracking?

O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.

 

A beira do grande rio Parnaíba, dona de belas praças e de várias carnaúbas. A carnaúba, abundante na região, é uma palmeira que produz cera, óleo e outros produtos valiosos. Essa é uma breve descrição do que é o município de Parnarama, no Maranhão. A cidade é famosa por suas festas juninas, durante as festividades, há apresentações de danças típicas, quadrilhas, barracas de comidas e bebidas, além de outras atividades.

Margens do rio Parnaíba

A equipe da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara, realizou uma capacitação com o sindicato de trabalhadores rurais de Parnarama, que, com seus dirigentes presentes, escutaram as falas da técnica Esmeralda Gusmão sobre os riscos que o “Gás da Morte” (o termo popular para o gás de xisto explorado pelo fracking) causa na agricultura e os impactos socioambientais oferecidos aos trabalhadores.

O fracking é um grande problema para todos os setores, mas é trazido para os municípios como uma forma de desenvolvimento. Essa técnica tem efeito oposto do que é dito nas comunidades pelas empresas. A exemplo, pode-se analisar a situação da província de Neuquén, na Argentina, onde o fracking já está instalado a muito anos e ver o efeito de declinação no setor de fruticultura, em específico o da maçã.

 

Maçãs chilenas com o selo “Frack Free” (Livre de Fracking)

A equipe foi recebida na câmara municipal pelo vereador Miguel, que conversou com a COESUS para o planejamento de uma audiência pública sobre o fracking. Os principais danos causados pelo fracking são:

Contaminação química: o fracking envolve o uso de uma mistura de produtos químicos, água e areia injetada sob alta pressão no solo para liberar gás natural. Esses produtos químicos podem contaminar a água subterrânea e superficial, causando danos à saúde humana e ao meio ambiente.

Escassez de água: o processo de fracking requer grandes quantidades de água, o que pode levar à escassez de água, principalmente em áreas com escassez de recursos hídricos.

Contaminação bacteriana: o aumento da atividade industrial, incluindo o fracking, pode aumentar a concentração de bactérias nocivas na água, aumentando o risco de doenças.

Vazamentos de gás natural: os vazamentos de gás natural durante o processo de ingestão podem contaminar a água e o ar, além de representar um risco de explosões.

Risco de terremotos: a injeção de água e produtos químicos sob pressão no solo pode causar terremotos, o que pode afetar a qualidade da água subterrânea.

A indústria do fracking é uma grande consumidora de água, concorrendo diretamente com a agricultura, comércio, indústria e com a água destinada para o consumo da população. São milhões de litros de água para cada poço perfurado. A água que retorna do fraturamento é conhecida como flowback, após a separação do gás o flowback é armazenado em piscinas a céu-aberto onde sua evaporação é realizada por estar diretamente recebendo a energia solar e ocasionando chuvas ácidas que contaminam plantações e contaminação de toda a região que se arrastar.

Piscina de flowback a céu aberto