+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Balsas en contra del fracking

Balsas en contra del fracking

La ciudad fue escenario de una audiencia pública que reunió a representantes de diversas ciudades de la región

 

¿Qué es el fracking?

El fracking, también conocido como fracturamiento hidráulico, es un proceso que implica la inyección a alta presión de grandes volúmenes de agua, productos químicos y arena en capas de roca subterránea para liberar el gas natural atrapado. Aunque es una técnica utilizada en varios países, es controvertida debido a los daños ambientales y ecológicos que causa, incluyendo la contaminación del agua subterránea, la emisión de gases de efecto invernadero, los terremotos inducidos, entre otros.

El 21 de septiembre de 2022, la COESUS – Coalición No Fracking Brasil por el Agua y la Vida, una campaña del Instituto Internacional Arayara, en colaboración con la Unión de Concejos y Cámaras Municipales de Maranhão (UVCM), llevó a cabo una audiencia pública en el concejo municipal de Balsas. El tema central del evento fue “Los riesgos de la explotación de esquisto mediante el método de fracking en los municipios de Maranhão”.

La audiencia reunió a representantes de los municipios de Balsas, São João dos Patos, São Pedro dos Crentes, São Raimundo da Mangabeira y Loreto. Se invitó a diversas autoridades para formar parte de la mesa de honor, entre ellas la técnica de COESUS, Suelita Röcker, el presidente de UVCM, Asaf Pereira Sobrinho, el presidente del concejo municipal de Balsas, Moisés Coelho e Silva Neto, la directora de la UFMA – campus Balsas, Gisélia Brito dos Santos, el representante de SindiBalsas, Daniel Marcos Lech, el gestor de AGERP, Manoel Carvalho Martins, una representante de la Secretaría de Medio Ambiente de Balsas, y el Padre Nadir, en representación del obispo Dom Valentim, de la diócesis de Balsas.

Durante la audiencia, se discutieron los principales impactos que el fracking causa en el agua, la salud, la agricultura y la economía. Se destacó la atención en el municipio de Balsas, cuya economía se basa fuertemente en la agricultura. El concejal Tio Jardel, de São João dos Patos, municipio pionero en la aprobación de una ley municipal que dificulta el ingreso de compañías petroleras para realizar fracking, tuvo la oportunidad de compartir su experiencia al visitar áreas en Argentina donde el fracking ya está presente.

Después de la finalización de las discusiones, la población y los concejales plantearon preguntas que fueron respondidas por el equipo de COESUS. La audiencia pública sirvió como un espacio para informar a la comunidad sobre los peligros del fracking y para aumentar la conciencia sobre la importancia de la protección ambiental y la preservación de la salud pública.

 

Balsas en contra del fracking

Balsas contra o fracking

Cidade foi palco de uma audiência pública que reuniu representantes de diversas cidades da região

 

O que é o fracking?

O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.

 

No dia 21 de setembro de 2022, a COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara, em parceria com a União dos Vereadores e Câmaras Municipais do Maranhão (UVCM), realizou uma audiência pública na câmara municipal de vereadores de Balsas. O tema central do evento foi “Os riscos da exploração de xisto pelo método de fracking nos municípios maranhenses”.

A audiência reuniu representantes dos municípios de Balsas, São João dos Patos, São Pedro dos Crentes, São Raimundo da Mangabeira e Loreto. Diversas autoridades foram convidadas para compor a mesa de honra, entre elas a técnica da COESUS, Suelita Röcker, o presidente da UVCM, Asaf Pereira Sobrinho, o presidente da câmara municipal de Balsas, Moises Coelho e Silva Neto, a diretora da UFMA – campus Balsas, Gisélia Brito dos Santos, o representante do SindiBalsas, Daniel Marcos Lech, o gestor da AGERP, Manoel Carvalho Martins, uma representante da Secretaria de Meio Ambiente de Balsas, e o Padre Nadir, representando o bispo Dom Valentim, da diocese de Balsas.

Durante a audiência, foram discutidos os principais impactos que o fracking causa na água, saúde, agricultura e economia. Foi chamada a atenção para o município de Balsas, cuja economia é fortemente baseada na agricultura. O vereador Tio Jardel, de São João dos Patos, município pioneiro na aprovação de uma lei municipal que dificulta a entrada de petrolíferas para realizar o fracking, teve a oportunidade de compartilhar sua experiência ao visitar áreas na Argentina onde o fracking já está presente.

Após o término das discussões, a população e os vereadores levantaram questionamentos que foram respondidos pela equipe da COESUS. A audiência pública serviu como um espaço para informar a comunidade sobre os perigos do fracking e para ampliar a conscientização sobre a importância da proteção ambiental e da preservação da saúde pública.

 

Balsas en contra del fracking

Balsas against fracking

The city was the stage for a public hearing that brought together representatives from several cities in the region

 

What is fracking?

Fracking – also called hydraulic fracturing – is a process that involves injecting large volumes of water, chemicals and sand at high pressure into underground rock layers to release trapped natural gas. Despite being a technique already used in several countries, it is controversial because it causes environmental and ecological damage, including contamination of groundwater, release of greenhouse gases, induced earthquakes, etc.

 

On September 21, 2022, COESUS – Coalition No Fracking Brazil for Water and Life, a campaign by the Arayara International Institute, in partnership with the Union of Councilors and Municipal Chambers of Maranhão (UVCM), held a public hearing at the city hall of councilors from Balsas. The central theme of the event was “The risks of shale exploration using the fracking method in the municipalities of Maranhão”.

The audience brought together representatives of the municipalities of Balsas, São João dos Patos, São Pedro dos Crentes, São Raimundo da Mangabeira and Loreto. Several authorities were invited to compose the table of honor, among them the technician from COESUS, Suelita Röcker, the president of UVCM, Asaf Pereira Sobrinho, the mayor of Balsas, Moises Coelho e Silva Neto, the director of UFMA – campus Balsas, Gisélia Brito dos Santos, the representative of SindiBalsas, Daniel Marcos Lech, the manager of AGERP, Manoel Carvalho Martins, a representative of the Secretary of Environment of Balsas, and Father Nadir, representing Bishop Dom Valentim, of the diocese of Balsas .

During the hearing, the main impacts that fracking causes on water, health, agriculture and economy were discussed. Attention was drawn to the municipality of Balsas, whose economy is strongly based on agriculture. Councilor Tio Jardel, from São João dos Patos, a pioneer municipality in the approval of a municipal law that makes it difficult for oil companies to enter fracking, had the opportunity to share his experience when visiting areas in Argentina where fracking is already present.

After the end of the discussions, the population and councilors raised questions that were answered by the COESUS team. The public hearing served as a space to inform the community about the dangers of fracking and to raise awareness of the importance of protecting the environment and preserving public health.

 

A crise das cidades e o fim da independência do Brasil

Sem resolução das crises urbanas, sem adaptação da gestão urbana às novas condições ambientais planetárias, não sobreviverá a soberania nacional. Estamos vivendo um constante estado urbano de emergência.

Tanto se esfacelam as qualidades “abstratas” da vida brasileira — liberdade, democracia, diálogo, racionalidade — como destróem-se as condições físicas para que tais princípios possam se desenvolver e ampliarem-se, criando ciclos de prosperidade duradoura.

Àquilo falado e expressado corresponde um modo de vida e de convivência.

A forma territorial brasileira está se deteriorando velozmente. Abandonamos o ciclo da industrialização, entramos na era dos serviços, sem contudo produzir cidades eficientes o suficiente para assegurar o pleno desenvolvimento do capital humano, condição sine qua non para existir com autonomia na era da informação.

Não haverá soberania brasileira sem cidades boas.

Um urbanismo de base universal é necessário: habitação, saneamento, segurança, mobilidade, espaço público. Ou seja, direito à cidade, conceito presente em toda a legislação nacional e repetido à exaustão inclusive em documentos internacionais onde o Brasil é sempre signatário e líder.

Por que não implementamos o que pregamos?

A perda de independência futura da sociedade brasileira deveria preocupar nossos representantes e líderes, mas negar a realidade e prometer mundos irreais é a prática comum entre fundamentalistas à esquerda e à direita.

A crise climática impõe desafios cada vez maiores a todos e custos inviáveis para uma sociedade que não consegue enriquecer com tecnologia, ou inovação, ou serviços. Nem a informalidade econômica consegue ser vencida para pelo menos contarmos com impostos, uma invenção da era moderna. Pior, o porto seguro aparente das commodities será tanto destruído por catástrofes ambientais, como Brumadinho prova; cada vez mais produtos sem origem sustentável serão boicotados por compradores, como respondeu o mercado europeu aos incêndios na Amazonia; e novos competidores surgirão, como revela a construção de uma nova rede logística pela China, conectando-a mais eficientemente ao continente africano, futuro celeiro do mundo. Mas em Davos, o inteligente Ministro da Economia diz que o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza. Não, é a ignorância.

Enquanto o novo ano anuncia o retorno da corrida espacial, o Rio tem água podre saindo das torneiras, Belo Horizonte enfrenta inundações e a pequena Iconha, no estado do Espirito Santo, é arrasada por enxurrada de lama.

Nem o ciclo da água, conteúdo no ensino fundamental, parece fazer sentido para lideranças políticas cada vez mais abraçadas ao messianismo ideológico e analfabetos das leis da física que regem o universo.

A gravidade não tem ideologia.

Ela acelerará a massa dos corpos de famílias encosta abaixo em direção à morte, uma condição natural relativa, pois até cadáveres adubam a terra, e metafisicamente absoluta, seja qual for a sua crença religiosa. Contudo os corpos pobres e pretos são os preferidos da gravidade. E a repetição da história escravista parece ser uma constante universal no Brasil.

O eterno urbanismo em estado de emergência vigente no país inviabilizará nossa democracia.

Corpos hídricos são ocupados por assentamentos informais pois a gestão da terra urbana é feita de modo medíocre pelos municípios, onde técnicos não podem se opor aos conluios que elegem vereadores e prefeitos. Leis e planos são feitos mas não executados. Obras de mobilidade para a Copa de 2014 baterão recorde de abandono na Copa do Qatar. Habitação social é ignorada por políticos progressistas ou autoritários. Único tema onde os radicais do espectro político concordam: favela é solução. O “slogan” mais conveniente para a omissão pública.

País tropical, abundante em águas e matas, o Brasil insiste no asfaltamento de ruas como realização de prefeitos medíocres. Rios convertidos em canais de concreto, lagoas em latrinas de bairros ricos e baías em paisagens fétidas. Árvores caem e nunca são plantadas. Arborização urbana inexiste e ilhas de calor transformam as cidades em fritadeiras humanas.

As rotineiras imagens de carros afundando em enchentes são como carrascos atacados pelas vítimas no cadafalso de concreto armado.

No Brasil, com a maior taxa de urbanização do mundo e com uma sociedade que acredita na positividade da vida urbana, nem pequenas cidades oferecem mais o bucólico como podem nos dizer os 13.860 iconhenses.

Enquanto cariocas com diarréia sofriam o governador Witzel celebrava o rato Mickey. Poderia ter aproveitado para estudar como Walt Disney fez o planejamento urbano dos seus parques preocupado com o futuro e inspirado por cidades projetadas utópicas como Brasilia. Poderia até se lembrar do Plano Metropolitano do Rio, abandonado.

Seu correspondente paulista faz propaganda que São Paulo é um “Estado Nação” mas parece ignorar o alto percentual de favelas daquela unidade da federação, ou a desigualdade de oportunidades da capital como mostra o estudo recente do IPEA, fruto de planejamento urbano tacanho e investimentos em mobilidade piores ainda. Mas ele pode contar com helicópteros e jatinhos, como mostrou recentemente a Folha de São Paulo.

Nitidamente a anemia urbana pós redemocratização do Brasil pariu uma geração disfuncional de políticos, que circulam em espaços privados com desenvoltura, mas ignoram a realidade comum do povo no espaço público.

Por que não melhoraram as cidades brasileiras depois de boas leis urbanas?

Porque fazer leis perfeitas é manifestação de uma democracia abstrata, enquanto melhorar a realidade urbana é a marca de sociedades concretas.

Lideranças oriundas de partidos comprometidos historicamente com a Reforma Urbana, como o PT, ignoraram o tema quando no poder por quase 15 anos. O Minha Casa Minha Vida não apenas torrou uma fortuna de mais de 400 bilhões de reais — são necessários 508 bilhões para universalizar os serviços essenciais de saneamento, segundo o instituo Trata Brasil — como aumentou a expansão das cidades e por consequência da necessidade de infraestrutura e de mobilidade. Os repetidos casos de controle de conjuntos habitacionais por bandidos ou milicianos, pelo país inteiro, mostra a decadência urbana em sua forma mais aguda. O programa federal entretanto foi muito bom para a construtora MRV cujo dono que investe agora no mais novo canal de notícias, o CNN Brasil.

O espraiamento urbano financiado pelo Estado tem como consequência indireta um veículo de mídia que noticiará a violência social das periferias produzidas pelo Estado. É muita pós-modernidade.

Este é um mistério brasileiro que precisa mais atenção e dedicação, de todos. Especialmente de quem se sente responsável pelos rumos do país.

A dissolução das cidades em terrores de existência urbana está alimentando práticas políticas nefastas no momento, como o discurso nazista do secretário nacional de cultura, mas em breve implicará no esfacelamento dos fundamentos da vida em comum, onde ataques com coquetel molotov serão apenas uma memória pequena diante de brutalidades maiores.

Uma sociedade independente e autônoma precisa de uma forma urbana correspondente.

Conservar e melhorar as cidades brasileiras é uma agenda nacional crítica e estratégica.

Uma política habitacional de médio e longo prazo, a ampliação dos espaços públicos, a reabilitação dos centros históricos brasileiros com moradias, o equacionamento dos desafios de mobilidade metropolitana, a universalização do saneamento e a conservação dos recursos naturais, com manejo coerente e inovador das águas e matas tropicais, podem se converter em uma agenda econômica abrangente, atraindo capitalistas brasileiros, acolhendo talentos técnicos experientes e jovens, empregando operários, criando novos negócios, com prosperidade inclusiva e diversa. Permitiria a adoção de tecnologias novas, mesmo que primeiro por importação, mas depois por pesquisa e desenvolvimento local, se os centros de conhecimento olharem também para a vida prática nacional com atenção, produzindo mais fatos e dados quantitativos.

Ou seja, consertar a experiência urbana do Brasil, uma das mais antigas das Américas, pode também corrigir a qualidade da nossa democracia, aumentando a nossa soberania e, quem sabe, fazendo um jardim na Terra, enquanto outras sociedades buscam respostas no espaço sideral.

Precisamos de vontade genuína para renovar as cidades brasileiras, unindo-as à natureza, com a sabedoria dos povos originais, integrando e criando oportunidades para todos, evitando a ruína de um povo por uma urbanização insensível e destruidora da vida humana e da natureza.

A democracia é um lugar real. Sem lugares bons e justos é só um sonho. Ou pesadelo.

Washington Fajardo
Harvard GSD Loeb Fellow’19
DRCLAS Visiting Researcher