+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Sociedade Civil avalia que a Declaração de Belém decepciona nos pontos mais importantes

Genérico e sem compromissos assumidos de forma eficaz, documento que é resultado da Cúpula da Amazônia não aborda questões voltadas à exploração do petróleo

A Cúpula da Amazônia, que ocorreu nos dias 8 e 9 de agosto, na cidade de Belém, no Pará, reuniu diversos líderes mundiais em prol de discutir o futuro do bioma e a emergência climática. As presenças de maior destaque foram os representantes dos oito países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), os países Pan-Amazônicos. O resultado mais esperado do evento, a Declaração de Belém, deixou a desejar, sendo um documento extenso, porém carente de metas concretas. A reunião gerou expectativas em relação a ações mais decisivas para combater a devastação da Amazônia, mas acabou por se limitar a compromissos genéricos de cooperação.

Dentre as mais de cem decisões anunciadas durante o encontro, os representantes das nações presentes concordaram vagamente em unir esforços para estabelecer uma nova agenda de cooperação na região. No entanto, a ausência de metas claras e medidas tangíveis para reverter a crise ambiental da Amazônia gerou críticas por parte de ativistas e organizações ambientais.

O MapBiomas revelou na última terça-feira (08) que a Amazônia já perdeu 17% de seu território original. Cenário preocupante tendo em vista o ponto de não retorno da floresta, situado entre 20% e 25% de desmatamento. Ao atingir esse limiar, a capacidade da floresta de regular as chuvas em várias partes do Brasil e de capturar carbono é comprometida, o que poderia desencadear um cenário de caos climático.

Um dos principais anseios da sociedade civil e de organizações ambientais era que os oito países da Pan-Amazônia, assinassem um compromisso para zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Contudo, a Declaração de Belém apenas menciona que é “ideal” alcançar o desmatamento zero, sem deixar às claras quais seriam as medidas necessárias para isso. O acordo ainda estabelece a criação de uma aliança amazônica para cooperação entre os países no combate ao desmatamento, mas não oferece garantias sólidas de sua eficácia na implementação das metas nacionais, incluindo as de desmatamento zero.

Os Diálogos Amazônicos, que antecederam a Cúpula da Amazônia e reuniram a sociedade civil por três dias, consolidaram duas demandas: o fim do desmatamento e o abandono da exploração de petróleo na região. Essa segunda exigência foi endossada por mais de 80 organizações pan-americanas, incluindo o Instituto Internacional ARAYARA, em uma carta dirigida aos líderes presentes, e foi um tema recorrente nas manifestações de movimentos sociais e ativistas.

No entanto, a Declaração de Belém não menciona essa segunda demanda de maneira explícita. Diz apenas que é necessário haver diálogo entre os países sobre a sustentabilidade dos setores de minérios e hidrocarbonetos na Amazônia. Esse enfoque levanta preocupações de que o documento não aborda um dos principais pontos das emissões de gases de efeito estufa, que é a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo.

O Instituto Internacional ARAYARA, independentemente do resultado da Declaração de Belém, que decepciona em certos pontos, continua ativamente comprometido em impedir a expansão das fronteiras de petróleo, atuando sempre para uma verdadeira transição energética justa, que seja iniciada o quanto antes.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Especialista ambiental expressa preocupação com “PL da Devastação”

Projeto deve retornar à Câmara para nova votação Por Valentina Rocha O Senado Federal aprovou, na última quarta-feira, 21, com 54 votos favoráveis e 13 contra, o Projeto de Lei (PL) 2.159/2021, que propõe mudanças nas regras do licenciamento ambiental no país. Se aprovado quando retornar à Câmara e for sancionado, a proposta, que ficou popularmente conhecida como “PL da

Leia Mais »

PL da Devastação: governo libera bancada no Senado

Sob a justificativa de simplificar o conjunto de normas ambientais, ontem (21), o Projeto de Lei nº 2.159/2021 foi aprovado nesta noite no Senado Federal, apesar da intensa mobilização entre ambientalistas, especialistas e organizações da sociedade civil. Apelidado de “PL da Devastação” e “mãe de todas as boiadas”, o projeto agora retorna à Câmara para nova votação. Foram 54 votos

Leia Mais »

Energia cara e poluente: o leilão extinto que pode voltar como vetor de emissões

O encerramento do processo do Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência de 2025 (LRCAP), anunciado nesta terça-feira (20) pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), vai além de uma simples decisão técnica. Em um momento crítico para a agenda climática global, a medida expõe uma ameaça estrutural à transição energética brasileira e levanta questionamentos sobre

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: O que está em jogo no projeto da usina termelétrica no DF

Projeto aguarda aprovação de licenciamento ambiental do Ibama. Movimentos questionam impactos ambientais e sociais sobre área que receberá instalação FOTO: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados Manifestações em seminário sobre a UTE Brasília Está em discussão desde março a aprovação de licença ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para a UTE (usina termelétrica) Brasília, no

Leia Mais »