+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Projeto de lei visa proibir expansão de petróleo e gás na Amazônia

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou na manhã desta quarta-feira (16) um projeto de lei (PL) na Câmara dos Deputados que visa proibir a criação de novos projetos de exploração de petróleo e gás na Amazônia. A proposta surge como reação direta aos recentes esforços do governo federal para liberar a exploração na chamada Margem Equatorial, região conhecida como Foz do Amazonas.

Embora o nome remeta apenas à Foz do Rio Amazonas, a Margem Equatorial abrange toda a faixa litorânea ao norte do país, desde a Guiana até o Rio Grande do Norte. A área é considerada uma das últimas fronteiras petrolíferas ainda não exploradas no Brasil.

O projeto de lei 1725/2025 propõe alterações na Lei nº 9.478/1997, que regula a política energética nacional. Entre os principais pontos estão o veto à oferta de novos blocos de exploração na Amazônia, a recuperação ambiental obrigatória nas áreas já em produção, e a criação de um Plano de Transição Energética Justa, com prazos definidos para o encerramento das atividades atuais, requalificação profissional e incentivo à economia sustentável e às energias renováveis.

Emergência global

O deputado defende que em um cenário de emergência climática global, ampliar a fronteira de exploração petrolífera representa um grave retrocesso, além de comprometer os compromissos do Brasil com a neutralidade de carbono.

A proposta conta com o apoio de diversas organizações socioambientais, entre elas: Greenpeace, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Observatório do Clima, WWF, Painel Mar e o próprio Instituto ARAYARA, que colaborou com a delimitação das bacias que compõem o bioma amazônico e levantamentos técnicos sobre os riscos da exploração na região.

Segundo dados do Monitor Amazônia Livre de Petróleo, os blocos ofertados pelo governo incidem sobre áreas prioritárias para conservação de corais (PAN corais), além de zonas costeiras com territórios indígenas, unidades de conservação e comunidades tradicionais que subsistem da pesca artesanal.

Para a diretora executiva da ARAYARA, Nicole Figueiredo de Oliveira, o avanço desses projetos ignora os riscos ambientais e climáticos em nome dos interesses da indústria do petróleo. “A pressão para licenciar o bloco FZA-M-59, no litoral do Amapá, é apenas o começo. Estamos diante de uma ofensiva para promover a exploração em larga escala da costa amazônica. Isso perpetua o uso de combustíveis fósseis, os maiores responsáveis pelo aquecimento global”, alerta.

O tema ganha ainda mais relevância diante da realização, em 17 de junho, do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão da ANP, que prevê a licitação de 47 blocos exploratórios na Foz do Amazonas. Atualmente, cerca de 230 territórios tradicionais estão sob impacto direto de empreendimentos ligados à cadeia do petróleo e gás.

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Denúncia na CPI Rio Melchior revela graves impactos ambientais e sociais da UTE Brasília

Na véspera da oitava reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Rio Melchior, marcada para esta quinta-feira (26/06) na Câmara Legislativa do Distrito Federal, o Instituto Internacional ARAYARA protocolou um ofício à presidência da comissão solicitando a inclusão, no inquérito, da Ação Civil Pública e da liminar que suspenderam as outorgas de uso de recursos hídricos — nº 337/2023

Leia Mais »

Sociedade civil brasileira denuncia riscos da indústria fóssil durante a UNOC

A participação da sociedade civil brasileira na 3ª Conferência da ONU sobre o Oceano (UNOC3) contou com a presença marcante do Instituto Internacional ARAYARA, que levou pautas urgentes sobre justiça climática, transição energética e o protagonismo das comunidades tradicionais na proteção dos oceanos. Com atividades realizadas entre os dias 7 e 12 de junho, em Nice, na França, a organização

Leia Mais »

Brasil leiloa 78,5 milhões de barris de petróleo às vésperas da COP30

Leilão do Pré-Sal: A empresa pública Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA) ofertará 78,5 mi de barris de petróleo na quarta-feira. Especialistas alertam para as contradições do governo brasileiro em meio à emergência climática.   Na próxima quinta-feira, 26 de junho, às 9h, o governo federal, por meio da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), realizará o 5º Leilão de Petróleo da União, o

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Os impactos da instalação da Usina Termelétrica em Brasília

No encontro “Diálogos ADUnB”, realizado na última segunda-feira (23), foram debatidos os potenciais impactos da instalação de uma usina termelétrica em Brasília. O projeto, de responsabilidade da empresa Termo Norte Energia Ltda, prevê a construção de uma usina movida a gás natural e água nas proximidades do Rio Melchior, entre as regiões administrativas do Recanto das Emas e Samambaia. O

Leia Mais »