+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Organização denuncia irregularidades na mineração durante reunião do GTA da ACP do Carvão em Criciúma

Instituto Internacional ARAYARA alertou sobre os passivos ambientais da Região Carbonífera de SC e cobrou transparência nos relatórios de indicadores ambientais

 

Nos dias 24 e 25 de setembro, o Instituto Internacional ARAYARA participou da reunião mensal do Grupo Técnico de Assessoramento à Execução da Sentença (GTA) da Ação Civil Pública (ACP) do Carvão, realizada em Criciúma (SC). O encontro, conduzido pela juíza federal Camila Lapolli de Moraes, da 4ª Vara da Justiça Federal de Criciúma, reuniu representantes técnicos, jurídicos e ambientais envolvidos na execução da sentença que trata dos impactos socioambientais da mineração de carvão na região.

A nova Procuradora Federal da ACP, Dra. Jerusa Burmann Viecili, foi apresentada durante o evento. Burmann assume o posto anteriormente ocupado pelo procurador da República Demerval Ribeiro Vianna, do Ministério Público Federal (MPF). Cada membro do grupo fez uma breve apresentação de suas atuações dentro do colegiado.

Durante sua apresentação, o engenheiro ambiental John Wurdig, gerente de Transição Energética da ARAYARA, ressaltou a relevância da organização, considerada a principal ONG de litigância climática e ambiental América Latina, com forte atuação contra os impactos socioambientais dos combustíveis fósseis, em especial a mineração e a queima de carvão mineral para fins energéticos. Wurdig apresentou as ações da ARAYARA relacionadas à Região Carbonífera de Santa Catarina, incluindo uma missão recente de vistoria em áreas impactadas, como a Mina Santana.

Estudo e denúncias sobre a contaminação da região

Wurdig também mencionou o estudo “O Legado Tóxico da ENGIE – FRAM Capital – Diamante no Brasil”, que detalha a contaminação provocada pelo Complexo Termelétrico Jorge Lacerda e pelas minas de carvão que o abastecem.

Além disso, o representante da ARAYARA relembrou as denúncias levadas à audiência pública da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, realizadas em conjunto com o Observatório do Carvão Mineral. Na ocasião, a organização defendeu o fim dos subsídios públicos à geração de energia a carvão e denunciou o caso da Ação Civil Pública Nº 5006590-35.2024.4.04.7204/SC, envolvendo a Carbonífera Siderópolis Ltda., acusada de extração e comercialização ilegal de carvão, com envio do material para a Usina Jorge Lacerda.

Experiências internacionais e pautas técnicas

Durante o evento, também foi apresentado um relato de uma missão técnica realizada por membros do grupo ao norte da Pensilvânia (EUA), onde visitaram uma área de mineração recuperada, com uso de rejeitos de carvão para fins energéticos. A experiência buscou contribuir com soluções para os desafios enfrentados na recuperação das áreas degradadas em Santa Catarina.

Entre as pautas debatidas no colegiado, destacou-se a questão do uso antecipado de imóveis localizados em áreas com passivos ambientais identificados pela ACP do Carvão. A discussão girou em torno da necessidade de comprovação científica sobre os riscos à saúde humana antes de qualquer ocupação ou uso, o que gerou intenso debate entre os membros.

Transparência e atualização dos dados ambientais

A ARAYARA também cobrou a atualização do site oficial da ACP do Carvão (acpcarvao.com.br) com os Relatórios de Indicadores Ambientais do processo de cumprimento da sentença n º 2000.72.04.002543-9 (Ação Civil Pública n°.93.8000.533-4), elaborados no âmbito do GTA. O último relatório publicado data de 2018, apresentando informações consolidadas apenas até 2017.

Apesar de a juíza Camila Lapolli ter informado que os documentos mais recentes estão disponíveis no processo judicial – e acessíveis à ARAYARA por ser amicus curiae na ação –, a organização defendeu que os dados sejam divulgados amplamente à sociedade para garantir a devida transparência e fiscalização pública.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

LAE: Congresso enterra licenciamento ambiental brasileiro

POSICIONAMENTO – INSTITUTO INTERNACIONAL ARAYARA Hoje (2), o Congresso Nacional deve decidir um tema que afeta diretamente a vida de todas as brasileiras e brasileiros: preservar o pouco que ainda resta do licenciamento ambiental — já enfraquecido pela derrubada, em 27 de novembro, de 52 dos 63 vetos do presidente Lula à nova Lei Geral do Licenciamento — ou abrir

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Arayara: liderazgo ambiental e innovación en la COP30

Arayara presentó en Belém el Monitor de Energía, una herramienta que promete revolucionar la transparencia en el sector energético brasileño. Durante la COP30, busqué temas y debates sobre la transición energética. Fue en Arayara donde encontré discusiones de alto nivel sobre los océanos, el tratamiento de residuos, el derecho ambiental y la justicia social. Pero lo que más me llenó

Leia Mais »

A crise hídrica e o alto custo da água na exploração e queima de carvão mineral no Brasil

O Instituto Internacional ARAYARA marcou presença de destaque no Workshop Internacional Sustentare & WIPIS 2025, realizado de 24 a 28 de novembro, em Campinas, São Paulo. Representada presencialmente pela engenheira ambiental Daniela Giovana da Cunha Barros, coordenadora de Projetos e Clima, a organização levou ao ambiente acadêmico um debate crucial sobre a insustentabilidade do carvão mineral e a expansão de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Organizações criticam extensão de subsídios a usinas de carvão mineral

Lei que mantém subsídios públicos para as usinas termelétricas a carvão minera foi aprovada no primeiro dia útil depois do final da COP30 Organizações ambientais e associações de consumidores criticaram a manutenção até 2040 de subsídios públicos para as usinas termelétricas a carvão mineral. A decisão consta na Lei 15.269, chamada de Marco Regulatório do Setor Elétrico (2025), aprovada na segunda

Leia Mais »