+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Ibama nega licença para usina a gás de Suarez e sobrinho de Kassab no DF

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente decidiu indeferir o pedido de licença ambiental prévia da Usina
Termelétrica Brasília. O projeto a gás na capital federal tem como sócios indiretos os empresários Carlos Suarez e Pedro Grunauer Kassab (sobrinho de Gilberto Kassab, presidente do PSD).

O despacho final de indeferimento foi assinado no final da tarde de quarta-feira (15) por Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, que acompanhou o entendimento da área técnica. O parecer da equipe considerou o projeto inviável mencionando potenciais impactos sobre a fauna e o rio Melchior –que passa próximo ao local em que seria erguida a usina. Além disso, apontou pendências legais e documentais.

Os técnicos do instituto citaram especificamente “pressão sobre habitats relevantes para espécies migratórias”, além de ameaça à “fauna em diferentes graus de vulnerabilidade”. “Além disso, há outros pontos de extrema relevâncias, tais como o comprometimento do rio Melchior, […] com parâmetros de contaminação incompatíveis com novas cargas poluidoras”, escreve o órgão em parecer. A decisão também cita potenciais efeitos sobre a escola pública Guariroba, que teria que ser removida para dar lugar ao empreendimento. Para os técnicos do Ibama, o impacto para 560 estudantes, em situação de vulnerabilidade social, “implicaria prejuízos pedagógicos, culturais e sociais inaceitáveis frente ao interesse público primário”.

A Usina Termoelétrica Brasília (ou UTE Brasília, nome abreviado do empreendimento) tem na sociedade tanto a Termo Norte, uma empresa da CS Energia (de Carlos Suarez), como a Diamante —que tem Grünauer Kassab como acionista. A intenção deles era participar do leilão de reserva de capacidade sob forma de energia, no regime de inflexibilidade de 70% (quando ficam ligadas 70% do tempo).

Há consenso no setor de energia que alguma contratação de termelétricas é saudável para o sistema elétrico brasileiro, já que o crescimento das fontes
renováveis e intermitentes (eólicas e solares) demanda um respaldo das usinas a gás –pois, com a grande variação das primeiras, as segundas podem ser rapidamente acionadas por terem um estoque assegurado de matéria-prima. A contestação entre especialistas está no uso do regime inflexível (quando as usinas operam constantemente mesmo quando não é preciso, sendo remuneradas por isso). Procuradas, as empresas não comentaram o assunto até a publicação deste texto.

As empresas discutiram pessoalmente o processo de licenciamento em conversas com o Ibama. Em uma das reuniões, a Diamante escalou o CEO Paulo Litsek para falar com os técnicos da autarquia, além de outros dois representantes.

O plano dos empresários seria erguer a usina na região administrativa de Samambaia, no Distrito Federal –a 33 km da Esplanada dos Ministérios. A unidade teria 1.470 MW de capacidade instalada e seria composta de três turbinas a gás e uma a vapor.

A Folha revelou há cerca de dois meses que o
projeto tem como sócio indireto o sobrinho de Kassab, padrinho político do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), e que o empreendimento pode ser beneficiado porprojetos em discussão no Congresso. Na ocasião, a reportagem procurou os diferentes citados. A Termo Norte confirmou que a viabilidade financeira do projeto depende de modificações legais. A Diamante preferiu não se manifestar. Gilberto Kassab afirmou que “nunca atuou em assuntos relacionados ao tema ou à empresa e desconhece completamente as informações apresentadas pela reportagem, não tendo, portanto, condições de se manifestar”. John Wurdig, gerente de Transição Energética da Arayara, instituto ambiental, atribui o indeferimento à mobilização popular e à pressão das comunidades locais do Distrito Federal. A entidade afirma que, sem a licença prévia ambiental, o empreendimento está automaticamente impedido de participar do próximo leilão de energia do governo.

A Arayara afirma ainda que o empreendimento geraria supressão de mais de 30 hectares de vegetação nativa do cerrado, lançamento de 104 m³/h de efluentes no rio Melchior e 4,7 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Foto: Reprodução – Folha /AFP

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: STJ:audiência pública discute fracking e impactos ambientais na exploração de gás de xisto

Por Gabriela da Cunha Rio, 8/12/2025 – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisará nesta quinta-feira, 11, a possibilidade de uso do fraturamento hidráulico (fracking) na exploração de óleo e gás de xisto, durante audiência pública convocada pela Primeira Seção sob relatoria do ministro Afrânio Vilela. No primeiro bloco, apresentarão argumentos o Ministério Público Federal, a Agência Nacional do Petróleo,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: After COP30, Brazilian oil continues its rush towards the global market

A decision to drill at the mouth of the Amazon drew criticism at the UN summit. But Brazil’s oil production still soars, as it hopes to consolidate its role as an exporter decision to approve oil exploration off the coast of Brazil weeks before the country hosted the COP30 climate conference signals the country’s intention to increasingly target the international market, despite

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasil escolhe trilhar o mapa do caminho do carvão mineral

Enquanto defende no plano internacional a transição para longe dos combustíveis, o Brasil segue aprovando medidas que dão sobrevida à indústria do carvão mineral Segunda-feira, 24 de novembro, primeiro dia útil após o fim da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas. Dois dias depois de lançar ao mundo o mapa do caminho para longe dos combustíveis fósseis, o Brasil sancionou a Medida

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão expõe contradição da política energética e afasta Petrobras da transição justa

Oferta de áreas do pré-sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do pré-sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais e estrangeiras. Enquanto o mundo se prepara para

Leia Mais »